quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ensaio sobre a estupidez...

Contou-me um Amigo que uma Amiga desse Amigo,  professora, estaria a ser alvo de críticas e até de alguma pressão por parte da Direcção da Escola onde trabalha em virtude de,  alegadamente, estar a prejudicar os seus alunos por fazer testes de avaliação demasiado grandes e difíceis. Outra das alegações que os alunos fizeram,  via encarregados de educação,  é de que a senhora professora teria incluído no último teste matéria leccionada  apenas (??!!) quatro dias antes do teste.

Logo se levantou a multidão de paizinhos aflitos porque as criancinhas estariam em processo de desmotivação,  com possibilidade de trauma  psicológico permanente. "A culpa é da professora ! As crianças não têm culpa de nada ! Não podemos permitir que uma professora exija tanto aos nossos filhos ! Como podem ter tempo para estudar e andar em múltiplas actividades e ainda passear no facebook ?"

Noutros  tempos os pais,  face a resultados escolares menos bons diziam para os filhos: "Tens más notas? Estuda e trabalha mais em vez de andares aí na boa vai ela...".  Os filhos eram responsabilizados pela sua prestação escolar e forçados a melhorar os seus resultados por via do esforço individual e do trabalho mais ou menos árduo. Hoje, pelo contrário, a culpa é sempre dos outros, neste caso, dos professores.

A criancinha não gosta da escola ? O menino anda triste ? A menina está desmotivada ? Tudo isto pode acontecer. Mas em vez de se procurar compreender as verdadeiras razões para tal, culpa-se o professor e o sistema em geral. Em vez de apoiar,  demitem-se e libertam esse fardo nas costas de quem já muito faz com o pouco que tem (leia-se, os docentes).

O que se faz então ? Criam-se " currículos  alternativos " e programas de ensino profissional que tratam os jovens  como  pessoas com as suas capacidades mentais diminuidas e que, na verdade, pouco ensinam e profissionalmente pouco formam.

Esta cultura de desresponsabilização está a criar uma geração incapaz de lidar com as adversidades e com as dificuldades inerentes à vida,  habituados que estão a que alguém lhes arranje qualquer coisinha que lhes permita fugir ao esforço e ao trabalho, sempre necessários para conseguir atingir verdadeiros objectivos.

A vida é feita de contrariedades. A felicidade permanente é uma utopia, por definição, inalcançável. É preciso resiliência e fibra  para alcançar os fugazes momentos de felicidade que, por norma, povoam uma vida globalmente complicada e com momentos difíceis. E duma utopia de felicidade permanente  podemos passar a uma distopia em que todos são o resultado de uma política de  desresponsabilização,  em que,  por falta de formação de um carácter persistente,  resultam seres humanos estúpidos, incapazes de pensar por si próprios e de lutar na procura dos sonhos.

Claro que há  miúdos com problemas. Mas isso requer apoio e uma análise quase caso a caso e não uma fuga para a frente. Será outra utopia ? Talvez, mas porque não fazer um esforço e procurar produzir cidadãos fortes de carácter, saudáveis nas suas aspirações e tão felizes quanto possível ?

Albert Einstein  dizia:


P.S.- Publicação redigida graças à inspiração do meu amigo e "mentor digital", Sr. Luís Ribeiro, que tem sido um apoio presente, não só fisicamente mas também através do mundo electrónico, via e-mail, google e similares. Claro que a transpiração deste texto foi minha, o Luandense preservador deste cantinho da Internet...

Tá??!!...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quem não deve, não teme...

O jornal "Expresso" noticiou a investigação por parte do DCIAP (Departamento  Central de Investigação  e Acção Penal) relativamente a movimentos suspeitos de dinheiros, via contas off  shore, efectuados pelo Procurador Geral da República de Angola. O esquema, envolvendo empresas angolanas e portuguesas, poderá configurar um processo de lavagem de dinheiro, desvio de fundos e fuga aos impostos.Citando a notícia do "Expresso":

João Maria de Sousa, que não foi constituído arguido nem foi ouvido formalmente e goza da presunção de inocência, terá transferido para uma conta do Santander Totta em Portugal um depósito de 93 mil dólares (70,3 mil euros de uma empresa offshore, a Spiral Enterprises. O pagamento terá sido feito através de uma conta do Banco Comercial Português de Cayman, com sede no paraíso fiscal das ilhas Caimão.

O depósito foi feito em dezembro de 2011 e comunicado às autoridades, via alerta bancário, pelo Banco Santander.
Pode ler a notícia veiculada  pelo "Expresso" AQUI.

O PGR angolano já reagiu,  lamentando a fuga de informação (todos lamentamos mas infelizmente já estamos habituados a estas fugas de informação, quase cirúrgicas) e mostrando-se disponível para prestar todos os esclarecimentos.

O  comunicado à imprensa pode ser consultado AQUI.

Entretanto o mítico jornal de Angola,  folha jornalística mais ou menos oficial do Governo de José Eduardo dos Santos decidiu intervir,  via artigo de opinião do seu iluminado Director José Ribeiro. Numa prosa um pouco,  como direi,  na onda da velha " teoria da conspiração",  o Senhor Director dispara mísseis de cruzeiro em direcção ao meio jornalístico português, acusando-o de estar  a soldo desse  "... traidor da pátria angolana até ao fim dos seus dias..." que foi Jonas Savimbi.  Este teria  pago propaganda desinformativa contra o MPLA  nos jornais portugueses,  com a  colaboração do Governo Português e dos seus Dirigentes,  nomeadamente Mário Soares e até o actual ministro dos negócios   estrangeiros,  Paulo Portas.  Tece ainda considerações relativamente à colaboração entre Savimbi, Portugal e o Regime de Apartheid da  África do Sul, com vista à prisão de Nelson Mandela e ao derrube da   Família Santos.

A palavra do Director pode ser lida AQUI.

Parece-me que este Senhor Director do Jornal de Angola anda a ver demasiados filmes... Lamentamos todos a fuga de informação, mas a verdade é soberana e deve ser apurada. Claro que  quando ricos e poderosos estão envolvidos, a verdade é sempre um conceito relativo, dependente de interesses políticos e económicos. O que não vale a pena é, com discursos mais ou menos fantasiosos, carecendo de factos concretos, vir instigar a opinião pública de ambos os países para  um sentimento de mau estar e desconfiança mútua. Claro que o mais certo, nisto tudo, é que nada aconteça e que Portugal vergue,  mais uma vez, aos kwanzas que vão, ainda assim, entrando no nosso País. Portugal vai "...meter o rabinho entre as pernas e sair de mansinho...".  Isto não sou eu que o digo,  apenas repito o que um passarinho, que por aqui passou, me disse  ao ouvido...

Tá?!...

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Universalidades memoráveis...

O popular jornal "Correio da Manhã", anexou  à edição de Domingo, 24/02/2013, a revista "Domingo"   cuja capa vem ilustrada, conforme a foto seguinte:


Na página 26, de referida revista, lê-se o seguinte, que se transcreve, com  a devida vénia:

tema de capa
Mimado, mulherengo e socialista
A NOVA BIOGRAFIA DE MÁRIO SOARES,  ESCRITA POR JOAQUIM VIEIRA, REVELA O "MENINO A QUEM A VIDA SATISFEZ TODOS OS CAPRICHOS".

Do texto com que se inicia a programação  publicada, seguidamente transcreve-se o seu teor jornalístico, como segue:

A biografia "Mário Soares -Uma Vida; obra de Joaquim Vieira editada pela Esfera dos Livros,  não é autorizada, mas uma página de entre as 762 (excluindo índicese anexos) será decerto mais desautorizada do que as outras.
"Isso lixa o livro", Foi com indignação que Mário Soares reagiu quando Vieira, a quem deu respostas cândidas sobre outros temas potencionalmente embaraçosos, o confrontou com a informação, obtida junto de "uma fonte envolvida no processo,  sob condição de anonimato" de que o então Presidente da República chantageou Jorge Sampaio encarregando o sobrinho Alfredo Barrroso delhe comunicar que só seriam desbloqueadas verbas para os "depauperados cofres" do Largo do Rato se aceitasse ter João Soares como número dois na Câmara de Lisboa e "o substituto nas suas ausências".

Segue-se uma extensa descrição, nas páginas seguintes, da dita revista, que poderá ser consultada com  a aquisição do referido suplemento, acima mencionado.

Não tenho conhecimentos profundos, nem matéria de ordem politoco-partidária, necessária para tecer juízos de valor, em confrontos, que neste capitulo, se desenvolvem em situações  de adversidades de conceitos.

No entanto, suponho ser um tanto extemporânea a forma como está visualizada, na capa, uma Figura, que no final, quer queiramos ou não, chegou a ser o símbolo escolhido popularmente que representou a Presidência da  nossa Pátria, em determinado período, e que sob uma respeitável bandeira, aglutinava um Povo Sério e Respeitador - o Português de  Camões:

                                                                          PORTUGAL.

Tá?!

P.S. - Comentário do revisor. Está muito bem. Só falta dizer que foi este mesmo senhor que espezinhou a bandeira de Portugal e sugeriu que se atirassem os retornados aos tubarões. Foi este senhor que governou Portugal, que no fim de contas nos trouxe à encruzilhada de maus caminhos em que hoje nos encontramos: Foi este senhor que, segundo ouvi dizer, negociou uma descolonização desastrosa, tanto para os portugueses como para os naturais das colónias, leia-se "povo", pois os seus amigalhaços e os amigalhaços dos amigalhaços, esses ficaram bem tratados. Mas, enfim, são páginas da história que se calhar não vale a pena agora repisar. Mas que muitos parecem não querer lembrar.... Só um desabafo

Monangambééééé.........


Naquela roça grande não tem chuva
é o suor do meu rosto que rega as plantações:

Naquela roca grande tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue feitas seiva.

O café vai ser torrado
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado.

Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:

Quem se levanta cedo? quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa
a tipóia ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinqüenta angolares
"porrada se refilares"?

Quem?

Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem?

Quem dá dinheiro para o patrão comprar
maquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?

Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem?

E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:

- "Monangambééé..."

Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído nas minhas bebedeiras

- "Monangambééé..."

JBS

A palavra Monangambé tem origem no povo banto com sotaque francês e sem uma tradução para o português. Em 1970 quando criou-se o movimento pró-independência, os bantos eram avisados que iria haver Monangambé, que significava chamamento ou reunião. Esta palavra pode ter um sentido positivo,  significando "trabalho",  mas tambem pode significar escravidão.

Eu prefiro o trabalho. A escravidão, essa, já foi abolida....

Em busca da felicidade...

Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade....


Ontem vi a minha atenção desperta por um filme. O título,  sugestivo,  era "Em busca da felicidade" (The Pursuit  of Happyness,  titulo original. Esta obra cinematográfica relata a vida incrível de Chris Gardner,  um bom vendedor de um artigo invendável mas  a quem a vida prega partidas em dias seguidos.

Devido à dificuldade em vender um aparelho de raios x portátil, começa a acumular dividas, o que faz com que a mulher o abandone,  deixando com um filho de seis anos. Fascinado pelo brilho e felicidade aparente da comunidade de corretores financeiros,  entra num programa de estágio com vista a ser,  também ele,  um corretor de sucesso.


As dificuldades são enormes: chega a dormir com o filho na casa de banho de uma estação de Metro e  em albergues para sem abrigos.

Nunca se deixou abater. Inspirado pelas palavras de Thomas Jefferson, perseguiu de forma inabalável a felicidade a que,  acreditava, ter direito, consciente de que essa procura poderia não passar disso mesmo.

Estimulado por uma possível miragem, acabou por fundar a sua própria empresa que vendeu mais tarde por milhões de dólares.

Uma lição: se todos perseverassem,  alheios às maiores dificuldades,  a possibilidade de atingirmos uma felicidade,  seja ela qual for,  aumenta. Desistindo,  temos a garantia de que nada alcançaremos.


Deixo esta mensagem para as gerações mais novas,  que tão descrentes parecem não vislumbrar qualquer possibilidade de felicidade,  num futuro mais ou menos próximo.  Por isso,  acreditem !... e façam por isso !...

Tá?!...

PS - Fica acima o filme completo para perceberem melhor aquilo de que falo.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

...Do berço à cova...

Publiquei num recente "blog", a fotografia de um envelhecido TESOURO "arquivo" (tipo Livro) muito antigo, onde preservo folhetos já amarelecidos com o rolar dos tempos, que espelham, contudo, acontecimentos ocorridos em distantes épocas, configurando, de um modo geral, acções desenvolvidas no campo não só político, como no de desbravar ideias, no sentido de "suavizar" tudo quanto possa ter contribuído para um  "acerto de agulhas" e com a finalidade de se adquirir... UM TOTAL BEM-ESTAR COLECTIVO !...

Serão excertos de alguma correspondência postal ENVELHECIDA com o tempo, assim como de fontes dignas de acções a serem preservadas em nossas memórias, enquanto não ceifadas pelas intempéries que assolam este rodopiante hemisfério...

Neste "tesouro  doméstico" estão guardadas muitas cartas que me foram dirigidas em resposta a variadíssimos assuntos que expus a Entidades Oficiais e Particulares, que sempre me atendiam com particular atenção e "carinho" , com  uma subtileza, não rara vezes, até, comovente e aliciante.

Da maioria da documentação, aqui religiosamente guardada, não reproduzo, por inteiro, o que nela está escrito, dada a extensão colaborante dos seus textos, subscritos por Entidades de Elevada Grau de Dignidade e Respeitabilidade.
.


Os textos  são reproduzidos (parcialmente) dos originais da documentação arquivada, e assentam nas questões e assuntos especificamente definidos pela sua intrínseca natureza exponente..

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Carta de EPPE - Deputado do Parlamento Europeu, José Barros Moura, de 19 de Abril de 1991:

"...quero, em primeiro lugar manifestar-lhe a nossa solidariedade com a justíssima luta dos "Reformados da zona Norte" de que se ponha termo à  discriminação que os desfavorece quanto ao número e ao cálculo das mensalidade das pensões de reforma e às diuturnidades,
Não estando em causa um acto de uma instituição da CEE, nem um acto do Estado português  infringindo normas comunitárias, não se afigura possível tratar a questão através de uma iniciativa no Parlamento Europeu."

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Carta do PSD, Partido Social Democrata , do Gabinete do Secretário Geral.Adjunto, subscrita  pelo Secretário-Geral,  adjunto, Amândio Oliveira, em 91.05.23:

..."Com efeito, o 14º mês apenas se aplica aos reformados da Segurança Social. Os bancários têm um regime próprio e especifico de reformas. "

Real destaque para a seguinte carta, que reflecte a resposta a uma extensa exposição defensiva do direito ao 13º mês, para os Bancários, que directa e pessoalmente dirigi à Assembleia da Republica, e que, felizmente, produziu um resultado muito satisfatório pois, a partir de certa data, foi-lhes concedido esse direito, o 13º mês:

"Assembleia da República
Grupo Parlamentar do Partido Socialista.
0360  21.JN. 1991  (pouco legível).

"Relativamente à exposição que remeteu para este Grupo Parlamentar Socialista, tendo a honra de informar o seguinte:
1. A situação descrita decorre do facto de não ter sido acordada na negociação da convenção colectiva de trabalho que regula o sector bancário, contratada entre a entidade patronal e o Sindicato dos Bancários do Norte.

2. Como a situação  referida é INJUSTA  e por que a solução só poderá ser encontrada no âmbito do regime da Contratação Colectiva, este Grupo Parlamentar encetou já o estudo da revisão de tal regime de forma a que, independentemente de qualquer negociação, seja obrigatoriamente extensivo a todos os reformados bancários a prestação  adicional à pensão (14º. mês), bem como o princípio da igualdade das pensões, em casos idênticos de direito, em todo o território nacional.
Com os melhores cumprimentos, 
O  CHEFE DE GABINETE - ( Luís Manuel Patrão)"

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  NOTA:
Acrescento que, efectivamente,  a partir de determinada altura, passaram a ser creditados  nas  contas bancárias, dos Reformados do Norte, os valores correspondente ao 13º mês.

Adianto ainda, que tornei extensiva a minha reclamação  pessoal, sobre a mesma matéria, junto de todos os Grupos Parlamentares da Assembleia da Republica Portuguesa, cujas respostas estão arquivadas neste "meu Livrinho".

Para análise e apreciação do descontentamento que reinava junto dos chamando "Bancários Retornados", a certa altura, nas minhas exposições, alinhava o seguinte:

"...Ao longo dos anos várias medidas foram projectadas pelos sucessivos Governos para regularização das situações de correntes do Processo de Descolonização. Efectivamente vieram decretos que reconheceram o período contributivo à Prev. Do Pessoal dos Caminho de Ferro de Benguela, e foi esta instituição a única em Angola contemplada na Portaria nº 52/91 de Janeiro."

Esta prosa foi inserida numa das minhas exposições à data de 27 de Outubro de 2005..

 Nem sempre a minha correspondência alinhava no dramatismo consequente da dura vivência que a "descolonização" originara a muita boa e inocente gente.

Entre a papelada que repousa "eternamente" no meu dossier, consta a seguinte correspondência:

"Gabinete do Presidente da República
Encarrega-me Sua Excelência o Presidente  da República de transmitir os seus mais sinceros agradecimentos  pela amável mensagem que lhe foi dirigida por V.Exa., por ocasião da sua tomada de posse, em 9 de Março último .
Com os melhores cumprimentos
Ana Maria de Castro Palha
(Assessora Pessoal de Sua Excelência o Presidente da República) 29 03 06"

Transcrição da carta que dirigi a Sua  Excelência, O Presidente da República Portuguesa, Professor Aníbal Cavaco Silva:

Olhão, 9 de Março de 2006

(...................)

Com a devida vénia, ouso dirigir a Vossa Excelência a presente carta no sentido de prestar as minhas sinceras homenagens e felicitações por nesta data assumir a Presidência   da Republica, e faço-o com a mesma convicção com que escrevi a  carta que lhe dirigi em Outubro de 2005, de que junto uma fotoópia:

QUE  DEUS  O  AJUDE  !

Com os meus maiores respeitos, sou
Atentamente,

 ( Assinado o original ).

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"  BOLETIM OFICIAL  de Angola
Segunda-feira 30 de Junho de 1975 - I Série - numero 150
GOVERNO DE TRANSIÇÃO DE ANGOLA 
Colé3gio Presidencial
LEI FUNDAMENTAL.
Dos cidadãos angolano
Artigo 9º - 1 -  São cidadãos angolanos todos os indivíduos nascidos em Angola bem como os não naturais de Angola filhos de mãe ou de pai angolano..
3.  Os indivíduos nascidos em Angola  que não queiram manter a nacionalidade angolana deverão declarar através  de documento escrito a sua renúncia. Essa declaração deverá ser feita até um ano após a proclamação da independência "

**************************************************

"MINISTÉRIO DAS FINANÇAS
Gabinete do Ministro

DESPACHO

Determino que vos retornados,  bancários das ex-colónias possam ter prioridade na acesso a vagas da banca, nos termos e limites a precisar, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros, de concursos já efectuados ou de outras situações eventualmente merecedoras de análoga protecção. 
Nestes termos, delego na  Secretaria do Estado do Tesouro a execução das diligências necessárias para a respectiva regulamentação, bem como as consultas ou contactos que forem julgados adequados.
Lisboa, 27 de Março de 1976.

O MINISTRO DAS FINANÇAS
(Francisco Salgado Zenha)
--------------------

PREÂMBULO
ADMISSÕES
Ficou determinado que, para efeitos de admissões, "retornado bancário" será o trabalhador que desempenhando "funções especificamente bancárias, em Angola, em 31 de Janeiro de 1975 (acordos de Alvor), e, em Moçambique em 7 de Setembro de 1974 (acordos de Lusaka), regressaram após essas datas, a Portugal, mantendo a sua qualificação profissional de bancários, em consequência das vicissitudes ligadas nos respectivos processos de descolonização.

... Tendo, no entanto, em conta os conhecimentos e experiências profissionais dos retornados,  bancários, impõe-se com legitimidade certas adaptações.

PELA SECRETARIA DO ESTADO DO TESOURO.
PELA COMISSÃO DE RETORNADOS DA BANCA COMERCIAL.
PELA COMISSÃO DE RETORNADOS DO BANCO DE ANGOLA,
(assinaturas ilegíveis)

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Carta recebida e arquivada.: Da Presidência do Conselho de Ministros - Gabinete do Primeiro Ministro- com data de 18-05-2007,  subscrita pelo Assesor Administrativo, Fernando Soto Almeida, por Chefe de Gabinete, Pedro Lourtie:

.." Encarrega-me no Senhor   Primeiro Ministro de acusar a recepção da carta  de V.Exa., de 7 de Maio, sobre contagem de tempo de serviço prestado em Angola e de informar que lhe foi prestada a devida atenção.
Com os melhores cumprimentos ".

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Argumentação:

O objectivo deste "blog" apenas tem  uma ligeira finalidade (como curiosidade):
 Conhecer como foi o "engrossar" de  umas simples capas de cartão, que servem  de armazenamento a  papeis "velhos", que estiveram na base de justas reclamações  que o destino cimentou ao longo do percurso  de uma vida de trabalho.

Felizmente, sempre houve uma total compreensão, por parte de todos os destinatários a quem eram dirigidas as minhas "reclamações" e que sempre me honraram com total cortesia e cooperação  nas soluções de problemas regidos pelas Leis, então, vigentes.
  .
É, no entanto, relevante a seguinte curiosidade: Estas capas. acastanhadas, foram-me oferecidas por um grupo de tipógrafos, em Angola (Luanda), trabalhadores do Jornal "O Comércio", como reconhecimento da grande estima e dedicação que sempre lhes dediquei, enquanto Companheiro de Trabalho, na área  tecnico-administrativa !...

  Admirem-se ...

JÁ  SÃO  DECORRIDOS  ... SETENTA ANOS !!!...

UMA VIDA ...

Tá !?...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A anedota do porco...


Um agricultor deixa três notas de quinhentos euros em cima de uma mesa e, enquanto está distraído, o porco come-lhe as notas.
A mulher sugere ao homem que dê bagaço ao porco para ele arrotar, de forma a que as notas voltem cá para fora.
Como não tem bagaço em casa, o homem leva o porco à taberna e pede dois bagaços, um para ele e um para o porco.
Dali a pouco, o homem dá um pontapé no rabo do porco e ele arrota uma nota.
Mais um pouco, mais um pontapé, mais uma nota.
Um outro agricultor aproxima-se e pergunta:
- Eu vi bem?
Sem mais, o homem dá novo pontapé ao porco, há um novo arroto e surge uma nova nota.
Diz novamente o segundo agricultor, tirando um molho de notas do bolso:
- Dou-lhe 50,000 euros por esse porco.
- Vendido!
O homem pega no dinheiro, deixa o porco com o outro e vai-se embora.
Jornal do dia seguinte: "Agricultor mata porco a pontapé."


Serve a presente anedota para ilustrar de forma bem disposta o estado de coisas a que o comum cidadão se sujeita, sendo muitas vezes  enganado por estes "agricultores" da política e finanças que nos vendem os  seus "porcos",  prometendo um chorrilho de riquezas que depois, nem a pontapé nem a murro,  logramos encontrar.

Estes senhores vendem os "porcos" e enchem os bolsos à custa do ingénuo cidadão obrigado a engolir as suas patranhas, mesmo depois de, comprovadamente, terem exibido uma manifesta incompetência e burrice no desempenho de instituições financeiras de âmbito nacional, as quais se mostraram incapazes de exercer convenientemente a sua acção fiscalizadora em bancos nacionais. Por tudo isto,  foram promovidos,  louvados e todos os anos principescamente pagos e aumentados nos seus rendimentos...

Uma Bíblia pessoal... de memórias

 Este  volumoso "Livrinho", desde há cerca de  sessenta anos, que tem vindo a ser enriquecido com o "acolhimento" de mais de uma centena de  documentos, que comprovam uma vida de um dedicado Chefe de Família e honesto Trabalhador, teve que Suportar enquanto no desempenho das suas obrigações laborais, familiares e cumpridor nato de  bom contribuinte para a edificação de um  país da sua  naturalidade (Angola) e de um outro encantador Torrão, à beira mar plantado, para onde acabou por ser "catapultado", para residir, por questões pacíficas (e inesperadas, resultantes da descolonização) ... até ao final da sua vida  !....

Portugal.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Mudam-se os tempos...

O antes... a propaganda politica era feita com base em factos, ainda que questionáveis, pois era, ainda assim, propaganda...


O depois...uma carinha "laroca" e umas palavras mais ou menos vazias de conteúdo real...




Quando, há muito tempo,  no século passado, se produzia nos campos de Portugal



 Quando os amigos eram verdadeiros e os sentimentos reais e palpáveis...


...e quando a irrealidade e a irracionalidade se sobrepuseram ao que é verdadeiro.


 No tempo em que as escolas formavam homens e mulheres... (reparemos na inusitada atenção e respeito com que as crianças fitam o mestre...)

... e esses homens e mulheres de valor faziam algo de tangível pela sociedade que os acolhera.


O século XX foi um século intenso, de muitas mudanças e acontecimentos extraordinários , para o bem e para o mal. O século XXI promete coisas fascinantes. Mas há que ter cuidado e não nos deixarmos inebriar pela luz ofuscante da virtualidade que o excesso de tecnologia transporta consigo. Não podemos esquecer o que é realmente importante: as Pessoas. Einstein afirmou um dia:

"Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo terá uma geração de idiotas."
Terá esse dia chegado ?

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Emocionante estratégia naval, que paralisou o mundo

Couraçado "DKM Bismarck" (alemão)


Dois "inolvidáveis guerreiros marítimos" que, se "degladiaram"  heroicamente, em pleno oceano e que, agora, repousam nas profundezas oceânicas, por defenderem e honrarem  as bandeiras das suas próprias e dignas pátrias.

Estes colossos gigantes, que se confrontaram com poderosas armas de fogo, em tempos idos, sob o comando, respectivamente, da marinha de guerra alemã, ("Bismarck") o comandante Ernst Lindemann, e da marinha de guerra inglesa, ("Hood"), o almirante Holland, (e segundo alvitra-se, ja  falecidos), são aqui lembrados  porque foram o "cerne", naquela já distante época, do principal assunto e concentração que invadiu e assolou o Globo inteiro, em  todas as suas  latitudes.

Um pouco de história, vivida emocionalmente tanto nas Americas, como nas Índias, Europa, Ásia, África, Oceanias e nos Pólos (norte e sul)...
Couraçado "HMS Hood" (inglês)

Extractos obtidos com base em literatura veiculada pela Internet bem como de outras publicações, que, eventualmente, poderão estar sujeitas  e conter algumas correcções interpretativas.

Começo por adiantar que uma das salvas do "Bismarck", num duelo de Gigantes, atingiu o "Hood", afundando-o, à custa do seu explosivo e amplo poder de fogo.


O navio de guerra "Bismarck", sob a bandeira alemã,  teria sido considerado o mais poderoso do mundo, ou seja, tinha 42.500 toneladas de deslocamento, 28 nós, 8 peças de 15 polegadas e entre outras.

O HMS Hood afunda-se com o DKM Bismarck a observar (reconstituição)
 As 8 poderosas peças do navio de guerra "Hood" abriam fogo que fazia explodir e provocar terríveis ruídos com o troar dos seus canhões, provocando, assim, danos sérios ao adversário.

Segundo reza a história, às 05:53 do dia 24 de Maio de 1941, o Almirante Holland deu ordem de fogo para que o "Hood" começasse a disparar as suas 8 peças sobre o inimigo, convencidos que estavam a atirar  sobre o adversário certo. Interpreta-se que a distância de 24.115 metros, possa ter originado algo de errado, dentro das suas manobras de ataque.


Reconstituição da batalha entre o Hood e o Bismarck

Extraído de textos tornados públicos, conta-se que, dois minutos depois, o "Bismark" abriu fogo provocando explosões e aparentemente algumas granadas terão penetrado no convés e explodido no interior do navio. Poucos segundos depois, um tripulante do "Prince of  Wales", relatou que viu por baixo da nuvem de fumo a proa e a popa do gigantesco "Hood" vertical a afundarem-se. O couraçado explodiu a partir das suas entranhas, partindo-se em dois e foi para o fundo em minutos, deixando apenas três sobreviventes da sua desditosa guarnição de 1.419 homens.

Dentre os 1.324 homens da tripulação  e os 95 oficiais do "Hood", apenas o aspirante W.J. Douglas, o timoneiro A.E.Birggs e o marinheiro R.E. Tilburn sãos e salvos das águas geladas

Muitas manobras navais foram concebidas pelos Aliados, até que, por meios aéreos, o "Bismark acabou  por ser reencontrado. Pensavam que o navio estava em algum lugar sob o círculo polar, quando ele na verdade se achava a 690 milhas a oeste de Brest.

Das manobras que se seguiram, segundo os relatos oficiais, descoberto o paradeiro do "Bismarck", os aviões atacaram isoladamente o grande couraçado e, das manobras envolventes, um torpedo atinge as hélices e arranca o leme da belonave alemã. O "Bismarck" encontra-se, agora, desamparado.

Comparativo DKM Bismarck vs HMS Hood
Começa a sua noite de agonia, à 1 h. e 20 minutos, uma divisão de 5 contratorpedeiros, conduzidos pelo capitão Vian, entra em cena, imobilizando por completo o potente navio de guerra.

Às 10 h e 15 minutos, o couraçado estava tomado por chamas com todos os canhões mudos..

Há uma ordem dada aos cruzadores que acabam de destruir o inimigo vencido.

O "Bismarck" desapareceu  às 10 h e 36 minutos, pelo que se deduz, vitima, e atingido, pelo elevado poder de fogo do seu inimigo. Apesar do mau  tempo, foram salvos 110 de seus marinheiros.

O potente vaso de guerra "Bismarck", foi afundado pelos britânicos, após uma feroz "caçada", que, por meios muito sofisticados, nas  mãos dos ingleses, descobriram que o alvo a atingir, o"Bismarck", ainda se encontrava a flutuar no Atlântico.

Adianta o autor de uma das publicações  relatadas sobre este conflito naval, que os sobreviventes alemães discutem que os seus próprios oficiais afundaram o grande vaso de guerra alemão.

O Bismarck no seu leito no fundo do Oceano Atlântico

E assim vão surgindo histórias de Grandes Vasos da Marinha, que empolgaram todo o ser humano existente naquela data, e que se presume, haver ainda quem retenha na sua memoria, factos heróicos assumidos pelos beligerantes, em dramáticos confrontos bélicos.

Algumas fotos colhidas de Livros, Revistas e Internet.

O Hood em acção



Náufragos do couraçado "Bismarck" afundado pelos britânicos, após caçada feroz no Atlântico (foto obtida da Internet)













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A salva do "Bismarck" que afundou o "Hood" (Foto obtida da Internet)


Tá?!...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

E depois do Adeus....

A série que a RTP tem vindo a transmitir, "Depois do Adeus", a qual retrata a questão dos retornados de Angola e os problemas por eles enfrentados, é, de facto, de enorme qualidade.

Desde os cenários, passando pelas roupas e comportamentos até toda a envolvente geográfica, tudo é retratado fielmente. De tal forma, que momentos há em que penso estar, de novo, em 1975, há quase 40 anos, tal a forma como identifico as situações retratadas...

Serei o único ?!?!


domingo, 17 de fevereiro de 2013

História Universal - A batalha do Graf Spee...


Graf  Spee, couraçado alemão de onze mil toneladas, na arte bélica do mar, em 1939, operava do Atlantico Norte até ao Índico, cuja unidade de guerra  naval fora construída, pelos germânicos, pouco antes da II guerra mundial ter sido declarada, assim como outros "couraçados de bolso", rápidos como cascáveis, pesadamente armados e capazes de despejar, com canhões de onze polegadas, 500 quilos de explosivos de dez em dez segundos, constituindo assim um grupo de três corsários alemães chamados "Deutschland", "Admiral Scheer" e "Admiral Graf Spee".

Segundo informações obtidas  dentro do circuito da Internet, " eram "monstros" na sua categoria, até então jamais vistos na arte bélica do mar, que em 1939, em somente dois meses e meio, afundaram dos ingleses mais de 50 mil toneladas  de importantes navios, sempre sumindo-se sem deixar pistas.

O Almirante Hans Langsdorff
Segundo os historiadores, de cujos relatos este programa se  alicerçou,  "Os britânicos destacaram três pequenos navios: o H.M.S.  Exeter, de8.400 toneladas, o HMS, de 6.200, e o HMS Achilles, de 5.600, para atacarem o perigoso Graf Spee, comandado pelo Almirante Hans Langsdorff.

Por dias seguidos, os três navios de Sua  Majestade, procuraram um sinal diferente no horizonte, até que, às 5 horas da manhã de 13 de Dezembro de 1939, dia claro e sem vento, foi avistada uma fimbria de fumaça, ao longe, que marcaria o início da primeira  grande batalha naval da Segunda Guerra , no Estuário do Rio da Prata, que separa o Uruguai da Argentina.

Após o grito de "Inimigo à vista" do oficial Britânico, houve um acerto de plano de combate: em vez de manterem os navios juntos, atacariam em duas frentes, para que o inimigo dividisse o seu poder de fogo.

O  vaso de guerra "Exeter" acabou por ficar isolado dos outros, tática estabelecida pelos comandos britânicos, que resultou que após uma troca de salvas entre os navios adversários, quando avançaram um para o outro, a toda a força, uma granada do Graf Spee matou a maioria do pessoal dos torpedos de estibordo, cobrindo o Exeter com uma chuva de estilhaços. Mais salvas foram disparadas pelo Spee, tendo uma granada atingido o meio da torre, borrifando o passadiço com outra  chuva de estilhaços afiados como navalhas mortíferas.

Sucedeu-se que se operou uma batalha naval, entre os beligerantes, e, que segundo os osbservadores, esta durara menos de hora e meia, e que o navio Exeter ardia adornado em chamas..

Consequente de disparos produzidos pelos navios de guerra britânicos, o Graf Spee fora também atingido no seu casco, e encostou em Montevidéu, pedindo permissão para "reparar os danos e ficar em condições de navegar". Acabou por ser imobilizado pelo notável Serviço de Informações Navais dos  ingleses, que espalhou uma complexa combinação de boatos e enganosas  mensagens telegráficas, para que caíssem nas mãos de espiões alemães que pululavam  no porto de Montevidéu, naquele dia.

O Almirante Langsdorff acreditou, pelo que se passava, estar sendo aguardado em águas internacionais para ser destruído ou aprisionado. O golpe que assegurou esse temor deu-se quando os oficiais alemães perceberam, com os seus binóculos, outro navio inglês, o Cuberland, gémeo do Exeter, juntando-se ao Achilles e ao Ajax. O Almirante perdeu então todas as esperanças vitoriosas, pelo que reuniu a oficialidade e disse: "O Graf Spee tem de ser afundado".

Logo que o Spee saiu para águas internacionais, fundeou, e embarcou toda sua tripulação nos rebocadores para a Argentina, sob o olhar vigilante e distante dos ingleses.


Assim que o sol  mergulhou no horizonte, houve uma labareda, um enorme estrondo, e o Graf Spee explodiu. Horas depois, enrolado na bandeira da velha Marinha Imperial Alemã - e não na suástica Nazi -  Langsdorff suicidou-se.

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No nossa HISTÓRIA DE PORTUGAL também  houve quem se tenha imolado, envolto com a Bandeira Portuguesa, por questão de honra e dignidade, por se ter sentido atraiçoado por uns "apátridas" -  o  heróico General Silva Porto, em Angola...

Nota: Alguns excertos foram aqui reproduzidos, com respeito, baseados  nos acontecimentos narrados por Rubens Amador - Internet.

 

Nota adicional: Na altura destes acontecimentos, o autor deste blog teria cerca de onze anos. Recordo os blocos noticiosos transmitidos via rádio (na altura não havia televisão e muito menos Internet...) em que era dado conta do que ia sucedendo por essa Europa e por esse Mundo fora,  fruto do conflito da segunda guerra mundial. Tendo sempre sido um curioso em matérias navais,  ouvia com fascínio e algum temor os relatos dos encarniçados combates que eclodiam em diversos pontos do Globo. Este ficou-me na memória pela complexidade das "negociações" entre alemães e ingleses e pela grande nobreza demonstrada pelo Almirante Langsdorff. É nos momentos difíceis que se vê a nobreza dos grandes homens e dos verdadeiros guerreiros...

Tá?!...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

"História de Portugal " - José Hermano Saraiva

A minha "humilde" biblioteca, acaba de ser enriquecida com mais uma publicação que a revista "Sábado"  pôs à disposição dos seus ilustres  leitores, em que o falecido, e querido, prof. José Hermano Saraiva , aborda episódios sobre acontecimentos históricos, de Portugal.



De um breve episódio extraído sob o título "24-Costumes da nobreza ", com a devida vénia e respeito,  aqui fica uma das "histórias" contidas no dito Livro, que passo a reproduzir:

..." Um último exemplo: a história dos Pereiras, isto é, dos antepassados de Nuno Álvares.
O primeiro que se instalou em Portugal foi Gonçalo Rodrigues. Tomara parte numa expedição contra os Mouros, mas quando chegou a altura de repartir o saque entre os cavaleiros achou que lhe davam menos que o devido e insultou o fidalgo que fazia a divisão: chamou-lhe fantasma, querendo com isso dizer que o via sempre na posição de vencedor, mas nunca na de combatente. Um cavaleiro do injuriado quis desafrontá-lo,  mas Gonçalo Rodriguescom uma espadeirada,  fendeu-o dos ombros à cintura. Isto era punido com pena de morte e o assassino fugiu para Portugal, onde D. Sancho II lhe deu o couto de Palmeira; aí se fixou o solar da família. A geração seguinte é representada por Rodrigo Gonçalves,  que esteve "em muitas fazendas" (combates).

Um dia chegou-lhe a notícia de que a mulher, que estava no Castelo de Lanhoso, o atraiçoava com um frade do Bouro. Correu lá, fechou as portas do castelo e "queimou ela e o frade e homens, mulheres e bestas, e cães e gatos e galinhas e todas coisas vivas, e queimou a câmara (o quarto de dormir) e panos de vestir e camas e não deixou coisa móvel". Perguntaram-lhe porque é que queimara toda a gente e não apenas os adúlteros. É que, explicou ele, aquela maldade durava havia dezassete dias; os outros habitantes do castelo alguma suspeita deviam ter e, apesar disso,  não o preveniram do que se passava". (pag. 84/85)

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As imagens dos livros, fotocopiados, aparecem aqui deitadas, sinal que repousam, serenamente,  nas prateleiras, num "sono virginal desfeito", como reza a história...

Se a moda pega... ai Jesus !!!...

Tá?!...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Volta, Salazar ! Estás perdoado !...

O título desta publicação não é do agrado de muita gente. Muitos chamar-me-ão "reaccionário", seguramente. Sê-lo-ei ?

António de Oliveira Salazar
O regime Salazarento tinha, indubitavelmente, tal como qualquer outro regime  totalitarista, enormes limitações no que à liberdade individual, e colectiva, diz respeito. Do ponto de vista do ditador e do regime que este encabeça esta é uma atitude lógica,  pois visa proteger esse mesmo regime do assalto ao poder  por parte de terceiros. O regime em si terá, no entanto,  a virtude de concentrar num só individuo toda a responsabilidade  da gestão de um país e a tomada de decisões que norteiam a orientação política,interna e externa,  dessa nação.O perigo dessa concentração de poderes reside no potencial abuso decorrente desse controlo absoluto, o que,  convenhamos, é uma enorme tentação... No entanto, um governante inflexível  no rumo a dar ao seu  "barco" pode permitir os  habituais   lobbies e grupos de interesse que orbitam em torno das equipas governativas, a prazo, características de um regime democrático.

No que se refere aos regimes ditos democráticos, em que o cidadão vive na alegre ilusão do poder de escolha de quem o governa  e na ainda maior ilusão de liberdade (já lá vamos...), os sucessivos governantes e governos, eleitos em alternância mais ou menos programada e previsível, vivem as suas legislaturas com a espada de Dâmocles permanentemente suspensa sobre as suas iluminadas (assim o dizem...) cabeças. Este facto torna-os mais permeáveis a pressões dos grandes grupos económicos que controlam o mundo financeiro e,  por arrasto, o mundo da política. Estes governantes veem-se frequentemente obrigados a ceder a esses interesses pois  sentem-se "obrigados" a aproveitar o melhor que podem o poleiro que ocupam por tempo mais ou menos indeterminado...

A liberdade:será que temos ? Hoje, ao contrário do que sucedia no tempo de Salazar podemos escrever e dizer quase tudo. Este "blogue" é disso prova. Noutros tempos já teria, há muito, a famosa PIDE à porta. Mas não será esta liberdade uma "cenoura" com que acenam ao Zé Povinho, como que dizendo "...deixem-nos para lá dizer umas parvoíces, publicar uns textos no  Circo da Internet,  fazer umas manifestaçõezitasenquanto nós controlamos tudo daqui e continuamos a encher os nossos bolsos e os dos nossos amigos,  bolsos esses sem fundo...". Geração após geração, os políticos que nos governam, e não só em Portugal, provêem dos mesmos núcleos de interesse, eventualmente até das mesmas famílias. Não será isto uma ditadura encapotada ?

A ilusão da liberdade de escolha....
A ilusão da escolha: hoje vamos ao supermercado e imaginamos que podemos escolher aquilo que  queremos comprar. A verdade é que as várias marcas,  que julgamos independentes, são na verdade propriedade de dois ou três grandes grupos que controlando o mercado, controlam a economia e, consequentemente, os governos e, em última análise, o cidadão comum.

A evolução da dívida pública portuguesa nos últimos 160 anos
Salazar é frequentemente acusado de ter deixado que Portugal entrasse numa espiral de subdesenvolvimento, fruto de uma política económica demasiado receosa no que ao investimento público diz  respeito. Uma politíca bafienta, diziam...Talvez assim seja. Mas as contas estavam equilibradas. Será o esbanjamento e o gastar o que não existe uma alternativa viável e até admissível ? Do início da década de trinta até 1974 o défice público manteve-se estável. A partir de 1974, disparou descontroladamente. Coincidência ?

NOTA: Ver artigo no"Jornal de Negócios",  sobre  100 anos de finanças públicas em Portugal.

P.S. - Esta publicação contou com a estimada e valorosa colaboração de um amigo, o Sr. Luís Ribeiro, com o qual tenho privado desde há um ano e qualquer coisa, e que é, definitivamente, o responsável por este "benéfico" envenenamento bloguista que me atingiu.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

"... Para Angola, rapidamente e em força"...

 Lembro-me, de, em Angola, em Abril de 1961, ao anoitecer, preparando-me,após um dia de intenso trabalho no escritório, para ir tomar um "duche" porque o calor era imenso, ter ouvido, pela rádio, esta célebre frase, proferida por Salazar. "Para Angola, rapidamente e em força !". Posteriormente,  fui informado que Salazar proferira tal comunicação, por se ter apercebido que o inicio da guerra colonial em Angola, não era apenas uma guerra de catanas, mas por movimentos organizados e apoiados por potências internacionais.


Um facto curioso, que me foi dito ao ouvido, na altura, por um vizinho, que até era jornalista, ligado a um jornal nortenho, de Angola, "Jornal do Congo", transmitiu-me uma versão, relacionada com o acontecimento, ora transmitido e espalhado pelo Mundo, cuja versão não reputo ser verdadeira ou falsa...

Diz-me ele: sabe porque razão Salazar acaba de proferir semelhante comunicação?...

Respondi, "...não sei e desconheço em absoluto o que se teria passado, pois a nossa distância geográfica é abismal ( Portugal/Angola) e, como sabe, o nosso dia-a-dia, aqui em Luanda, é... trabalhar...trabalhar e, à noitinha, um rápido  duche para refrescar-nos..."

Pois fique sabendo, que a minha direcção do Jornal do Congo, encarregara alguém de confiança, para pessoalmente fazer entrega do "Jornal do Congo" directamente às mãos de Salazar, e, este, reparara que, em  primeira página, lia-se o seguinte "Este jornal não  foi visado pela censura".

Salazar perguntara porque razão o jornal não tinha sido visado pela censura, ao que responderam que os Visores tinham sido massacrados e mortos no norte de Angola. Foi, então, que a partir daí, as "coisas" tomaram o rumo que é conhecido por todos....

No meu programa "bloguista", anterior ao presente, reproduzi, na integra, uma carta publicada no Facebook, subscrita por Ana Isabel Oliveira, por cuja leitura se apercebe a amargura e tristeza por ter que abandonar o seu País por razões que se prendem com as graves dificuldades com que se vive, presentemente no País que tanto ama - Portugal !.

Estou em crer, que, se uma carta destas tivesse sido   entregue  no tempo em que o Dr, Oliveira Salazar, comandava os destinos do País, ter-se-iam, pelo menos, face as justas queixas que atormentavam a subscritora da dita carta,  tomado as providencias necessárias  e atempadas como  esta:

Rapidamente e em força. abrir portas que  conduzam  a um bom e feliz Futuro de vida. a todos os Portugueses,  radicados neste encantador País, PORTUGAL, sem que tenham que sentir a necessidade de fugir às intempéries...

Tá?!...