segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Como os tempos mudaram .......

Antes de  começar a alinhavar este blog, entendo que devo prestar prévio esclarecimento  sobre o motivo ou a razão porque o iniciei, porque  o tema que o preenche,  baseia-se em factos que já ultrapassam  a  média de vida  de  anos normais,   dos tempos  actuais.  Remontam a factos ocorridos , no seio familiar, durante  o   início do século passado.

Meu Avô, que Deus tenha,  Joaquim do Carmo Ferreira,  foi em Angola, um alto Dirigente na cena política  e administrativa que caldeou todo o sistema de governação naquela antiga Colónia, tendo os seus dias finados em Nova Lisboa, onde foi sepultado com honras  e reconhecimento popular, a coberto da bandeira que sempre serviu com dignidade e Justiça - a bandeira portuguesa.

Ao principio desta nubelenta tarde, apoiado na minha "muleta", puz-me a caminho de uma Livraria, inaugurada há já algum tempo, no Ria Shopping,  afim de adquirir uma obra, posta à venda  recentemente,  de que omito o titulo, por uma questão de  respeito para com as centenas de publicações expostas, de autoria de  Escritores e Escritoras   de elevada projecção de dignidade e indiscutivel competência literária.




E de entre  as centenas de  Livros que tive a oportunidade de  obvservar,  houve um titulo que me chamou logo a  atenção por se  relacionar com episódios  ocorridos em Angola, terra onde nasci.

Verifiquei, depois, através do início da leitura do referido livro´, que  numa passagem breve,  havia um trecho em que se fazia uma  ligeira  referência à Esposa desse tal Senhor que foi Administrador de Concelho em Angola,  que se chamava  Dona Helena, que afinal   era  a minha querida e saudosa Avó, que nos educou, - a mim e ao meu irmão-  em Lisboa (Largo da Luz - Carnide), depois do falecimento  da nossa Mãe, ocorrido em Luanda.

A saudosa Avó Helena...

 Após muitas andanças, e trapalhadas ocorridas durante o período em que tanto eu e meu irmão, eramos sustentados pela a nossa Avó, Helena,  que nos educou , em Lisboa, até ao dia em que nos embarcaram a bordo do vapor "Angola", a partir do Cais de  Alcântara, a caminho de Luanda, em  que ocorreu uma situação dramática, que foi,  a de  impedir que a Avó  assistisse à despedida dos  dois Netinhos, pois corria o risco de não aguentar o momento da despedida e falecer.

E foi assim que o navio se afastou do cais,  levando o meu irmão (mais novo) e eu próprio para a companhia do nosso Pai, que exercia o cargo de Director dos CTT, em Luanda. E... Adeus..Avozinha!

Daí em diante o contacto (Avó e Netos)  passou a ser exclusivamente por via postal, e veja-se agora o numero de cartas que a Avozinha nos escrevia,  e note-se, que estavamos no tempo da II guerra mundial, em que a nossa correspondencia postal, antes de ser entregue aos destinatários, tinha  que passar pela Censura, na  África do Sul, e por isso demoraria por vezes quase dois a tres meses.

Há cartas datadas de 17 de Junho de 1955, 8 de Dezembvro de 1954, 28 de Outubro de 1954, 15 de Fevererio de 1952, e mais de duas dezenas datadas do tempo da guerra e telegramas que eram emitidos sob prévia fiscalização.

Curiosamente, ainda se  lê em alguma correspondencia o seguinte carimbo, a vermelho:
"PASSED BY CENSOR -  DEUR DIE SENSOR CDEDKEUR"...

Veja-se agora porque passavamos nos tempos em que quase todo o mundo estava em guerra...





Correspondência guardado no baú de recordações...



Tá?!..


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