Penso ter ouvido qualquer coisa sobre o orçamento do Estado e os planos de contingência para o caso de o orçamento planeado vir a revelar-se um fracasso. Os do Governo defendem o orçamento com unhas e dentes, a Oposição critica o governo, afirmando que o orçamento está fadado a falhar e todos os planos alternativos são inúteis, uma vez que, segundo dizem, nem temos a autonomia para decidirmos sozinhos o nosso futuro financeiro, como País.
Noutros tempos, nos tempos da Outra Senhora, tempos em que a autoridade se fazia sentir de forma autoritária, tempos em que Portugal se dizia "Orgulhosamente Só", tempos em que o Governo era sempre o mesmo, ou melhor, personificado na mesma pessoa, a qual, com punho de ferro, dirigia o destino da Nação, era esse mesmo governo que, sem prestar contas a ninguém, decidia as opções financeiras e económicas, procurando não gastar mais do que, efectivamente, tinha. Foram tempos difíceis, dizem. Mas não são também os tempos actuais de dificuldades ? A diferença é que agora temos uma liberdade de decisão ilusória, sempre à espera da autorização superior, sabe-se lá de quem.
Temos a Democracia, a Liberdade. Ou não ? Será que não passa tudo de uma elaborada farsa, em que um grupo de pequenos Ditadores de trazer por casa, sempre os mesmos, embora em regime de alternância, nos vai entretendo com fados e futeboladas enquanto, à vez, vão enchendo os bolsos, escondendo os sacos azuis em contas secretas no Panamá, Ilhas Caimão e outros paraísos da vigarice financeira. Parece que ficámos a perder. Antes era só um a "mamar", e mesmo esse não deve ter "mamado" muito, pois levou para a cova pouco mais que um par de velhas botas, enquanto agora são muitos a "mamar" muito mais. Até quando ?
Não sou especialista mas isto, um dia, vai ter que dar um estoiro. Tanta vigarice, tanto milhão pago a tão pouco gente, que vai chegar o momento no qual deixa de ser possível alimentar esta voraz máquina de engolir euros e dólares e todo o sistema, corrupto, especulativo, imaterial, colapsará sob o seu próprio peso. Nessa altura, o Mundo terá que se reinventar. Vai ser doloroso, uma vez que àqueles a quem a sorte tem sorrido custará abrir mão da sua fortuna. Antevejo guerras, fome, destruição, para depois renascermos das cinzas. Uma visão apocalíptica deste "Velho do Restelo Grisalho"...
Tá?!...