O REGRESSO, A PORTUGAL"
... historiando ...
Com idas ao IARN .. onde por vezes tinhamos que estar às 4 horas da madrugada, numa bicha, por vezes à chuva, afim de colhermos algum benefício, e com um emprego que o Sr. Bandeira me conseguiu, provisoriamente, na MACORELI, perto da casa que acabamos de habitar, em Benfica, lá fomos compondo o ramalhete financeiro, para termos uma vidinha mais ou menos digna.
Foi neste intervalo, de poder trabalhar, fosse no que fosse, mas sempre com dignidade, que recebi um telegrama para me apresentar no BANCO PINTO & SOTTO MAYOR,, em Lisboa, resultado do extenso e glorioso trabalho de uma Comissão de Realojados, na defesa dos injustiçados Colegas vindos do Ultramar, no qual acabei por ser admitido nos seus quadros, mas como um simples APRENDIZ DA BANCA. Após conversações intensas, e por despacho ministerial, acabei por vir a ser colocado na Agência de Moscavide, onde fui bem aceite e compreendido, sobretudo, por parte do Gerente da Agência, que compreendia o nosso sofrimento de termos sido vitimas forçosamente "exilados" de Angola
Para apreciação. do elevado espírito e da sua capacidade gestora, relato que o Administrador do Banco, Dr. Tavares Moreira, em 20.1.76, dirigiu um oficio a Direcção do Pessoal. e à atenção do
sr. Acácio Modesto, que passo a transcrever uma parte da fotocopia extraída do original-
" Para satisfação de necessidade urgente de apoio à Administração da NACIONAL RÁDIO, SARL, cuja presidencia nos foi confiada, informamos que foi resolvido requisitar os serviços do Sr, Armando Baptista, desalojado de Angola e empregado da classe G 1 na Agência de Moscavide, atendendo às suas particulares aptidões profissionais
Foi assim que fui assumir a responsabilidade nos Serviços Financeiros da N.R substituindo um profissional que saíra e saneado por um conjunto de circunstâncias dificeis de rresumir.
Ao apresentar-me ao serviço da N.R., nessa manhã, conduziram-me a um gabinete cheio de reposteiros e com diversas luzes condicionadas para o atendimento do pessoal, de imediato reuni todos os colaboradores com quem iria começar a trabalhar e anunciei-lhes que sempfre que necessitassem do meu contacto, de futuro, não necessitariam de utilizar luzes previamente e que livremente poderiam falar comigo. a todo o momento.
Para se ter uma idéia da grandeza dos negócios da empresa, por dia, cada camião recolhia às instalações do armazem,, com o produto d venda dos seus artigos que, geralmente ultrapassavam cinco mil contos ( na altura em Escudos) e de um modo geral em dinheiro
É portanto, com grande orgulho que passo a transcrever, uma parte fr um ofício que, em 11/4/77 foi dirigida pela Administração ao conselho de Gestão do Banco, e de que me facultaram uma cópia:
"... Na realidade o colega Sr. Armando Baptista fez um trabalho verdadeiramente excepcional,. É que ficou plenamente demonstrado que, além dos conhecimentos de ordem profissional que o Sr. Baptista demonstrou confirmando tudo aquilo que consta do seu curriculum, as suas altas qualidades de pessoa humana sobrelevante (?) teve, além do mais o benéfico efeito de uma moralização (?) do ambiente de trabalho existente no sector financeiro da N.R.
Que para os devidos efeitos o que precede fique fazendo parte do seu cadastro"
O meu ordenado, porém, não sofreu aumento nenhum !...
Foi-me denunciado, por Colegas da comissão de Trabalhadores, que o que motivou o meu afastamento da N.R., fora a inveja de Alguem com poderes muito elevados, que argumenta ter mais direito do que eu para ocupar oreferido lugar.
Adiantando mais um "problemazinho", com um certo aspecto curioso...
Em 27/12/77, oficialmente acabei por ser colocado no quadro de pessoal da Agência do Banco Pinto & Sotto Mayor... em MATOSINHOS.
Em 13 de Setembro de 1979, subscrito pela esmagadora maioria dos Trabalhadores da Agência, derm-me conhecimento de uma tomada de posição assumida pelos colegas, de que passo a transcrever somente o seguinte:
"... Os abaixo assinados (...) face à tomada de posição do colega ARMANDO BAPTISTA, na última RGT, realizada em 11~09.79, requerend um referendo à sua continuação como membro da comissão Local de Trabalhadores, vêm pelo presente dar-lhe o seu voto de confiança na certeza que continuará a velar pelos interesses dos trabalhadores desta Agência.
Quiz o destino, que vítima de uma feroz perseguição do novo gerente (que também veio de Angola, me movia, acabei por me encontrar na situação de reforma por doença desde 1 de Agosto de 1982.. Consequência por ter denunciado uma secreta vigarice, que o novo gerente estava cometendo. O silêncio dos Bons, Descobri-lhe a careca...
O especialista em psiquiatria pela Ordem dos Médicos, Dr. José António Alves Carneiro dos Santos. atestava que a patologia no âmbito da sua especialidade que me prescrevera, teve graves causas reactivas ligada ao local de trabalho actual, que impedia o normal exercício das minhas funções sob pena de agravamento.
Num certo dia, na cidade do Porto, um grupo de Médicos que se tornaram Bons Amigos, e perante as expectativas que se adivinhavam quanto ao futuro, face ao que se passara com o novo gerente, vindo de Angola, a quem descobri a careca, pois vangloriava-se ter sido um grande Director, quando eu sabia, através de comunicações confidenciais que me vinham ter à mão, que o dito não passra de um empregado Caixa Móvel.
O médicos Amigos chamaram-me à parte e aconselhar-me o seguinte:
"Baptista, se te manténs atrás de um balcão bancário... MORRES !. Mas, se saires detrás do balcão do Banco e vieres para fora, em ....liberdade... VIVES !.
Por isso, escolhi VIVER...
(Brevemente mais notícias...)
Tá?!...
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