Mais um Carnaval ! E não, não estou a falar dos debates na Assembleia da República onde os políticos se disfarçam de acordo com os interesses do momento. Estou sim a falar do genuíno, do verdadeiro Carnaval, o qual na região algarvia tem grandes tradições. Os mais conhecidos são os de Loulé, Tavira e Moncarapacho. Este último, ocorrendo na bonita vila algarvia, freguesia do Concelho de Olhão, tem características muito próprias, contando com a participação da população local, nacionais e estrangeiros, mas também despertando a curiosidade e interesse de pessoas de todo o Algarve ou de outras regiões do País.
É uma festa de cariz popular, sem a pompa e espectacularidade de outros carnavais, como Ovar, Estarreja ou Mealhada, em que os tractores habitualmente agrícolas têm, também eles, um dia diferente. Decorados por voluntários, homens, mulheres e muitas crianças, que fazem questão de deixar a sua marca, satirizam de forma ingénua e sem maldade as personalidades políticas, do meio artístico ou até personagens de histórias de fantasia.
Sendo uma festa simples, mas na qual todos se divertem, não tem o destaque televisivo e noticioso de outras festas do género. É prato do dia, por esta altura, em todos os telejornais vermos imagens de carnavais mais luxuosos, como Veneza e, principalmente, o Rio de Janeiro. Aqui, nas quentes terras de Vera Cruz, que os portugueses, noutros tempos, deram a conhecer ao Mundo, é um fartote de mulheres bonitas com muito pouca roupa. Assim, não é difícil entender a desigualdade de tratamento jornalístico face a tão apelativos argumentos. Realmente, umas mamocas ou um rabiosque mobilizam muito mais gente do que a traseira de um velho tractor. Ainda assim prefiro a ingenuidade e a simplicidade das gentes de Moncarapacho.
No Domingo de Carnaval, dia 9 de Fevereiro, tive a felicidade de, graças à amável e sempre bem-vinda companhia da Filha, poder participar na festa carnavalesca de Moncarapacho, a pouco menos de dez quilómetros da minha residência. Equipado com o material de reportagem, câmara de filmar ao ombro, apoiado na sempre presente "muleta", lá fui eu. E que festa foi !... Pessoas simpáticas, crianças sorridentes, foi um momento em que pude, por momentos, esquecer as notícias tristes, as tragédias que teimam em assombrar o dia-a-dia. Durante um hora não morreu nenhuma criança de fome, nenhuma família perdeu a vida nas águas frias do Mediterrâneo e até os políticos pareceram pessoas sérias.
Face à quase ausência de notícias relativamente ao Algarve carnavalesco, decidi substituir os profissionais da televisão e fiz, então, a minha reportagem. Colocando até a minha integridade física em risco, dada a proximidade das enormes rodas dos tractores, consequência do entusiasmo quase juvenil (foram várias as ocasiões em que amáveis desconhecidos, parceiros de festa, me puxaram para evitar males maiores), lá fui recolhendo as imagens que, depois de tratadas, aqui vos deixo, para memória futura. Um dia alguém vai rever estas imagens e dizer:
"Este tipo era mesmo maluco...!"
Espero que gostem...
Tá?!...
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