Uns são filhos e outros enteados...

Quando alguém morre ou está  às portas da morte é,  regra geral, alvo de rasgados elogios e considerado personalidade ímpar e  única. Diz-se mesmo,  com ironia,  que é preciso morrer para ser bom. 

O comatoso e ex-presidente Mário Soares tem sido muito elogiado,  agora que parece aproximar-se  o momento da sua partida para o outro Mundo. Diversas personalidades,  cuja credibilidade é no mínimo duvidosa (como é o caso do arguido em múltiplos processos  de corrupção José Sócrates, ou do próprio  filho,  João Soares,  cujo maior  feito na vida foi ter escapado ileso quando a avioneta onde contrabandeava marfim se despenhou em Angola,  vítima do excesso de carga, resultado da muita ganancia)   têm vindo a elogiar as qualidades do moribundo político.  Parece toda esta gente esquecer-se da responsabilidade do referido Senhor  no processo de "exemplar descolonização",  o qual deixou de  mãos a abanar  milhares de Portugueses  que viviam nas Colónias e que,  de um dia para o  outro,  se  viram despojados de património e poupanças,  fruto de uma vida de honrado trabalho,  coisa de que este Senhor e filho parecem estar desprovidos.

A curta memória parece também ter esquecido actos infames,  como o pisar  da Bandeira Nacional  e afirmações flamejantes,  em que condenava os retornados a serem,  nas próprias palavras,  lançados "aos tubarões".  Essa mesma memória parece ter olvidado polémicas recentes  envolvendo a Fundação Mário Soares,  uma entre muitas fundações que foram identificadas pelo próprio Estado  como não sendo mais do que  uma fachada com vista a deduzir impostos e receber,  ainda por cima, apoios financeiros pagos por todos  Nós.

Por último,  não querendo criticar o esforço  da Equipa Médica que acompanha Mário Soares,  não posso deixar de pensar: E se fosse um qualquer outro Idoso com noventa e dois anos,  será que receberia o mesmo merecido tratamento ? Diria que até  na Morte há uns mais importantes que outros...

Tá?!...