Família - note de Natal. |
Eis o Livro que me saiu na "rifa", e, que por força "divinal", fez-me vir à memória um acontecimento, curioso, que passo a relatar,, ocorrido há já muitos anos. O titulo que me despertou a atenção, vem na página 59, em que a Autora dera nome de " Prenda", que foi um bairro onde residi, com a Família, longo tempo, e onde se passara o seguinte:
Estávamos numa época em que Salazar lançara um alerta... "PARA ANGOLA E EM FORÇA.. que motivou a guerra do ultramar, e, como consequência disso, passamos a viver, um clima, em que, diariamente, surgiam coisas "do arco da velha".. e muitas vezes horrendas... ,
Certa noite, em que temíamos a aproximação de uma trovoada, tipo africana, estando já em casa, perto da hora de irmos para a mesa, a fim de jantarmos, minha saudosa Mulher, e os meus dois filhotes (ainda pequenotes), assim como eu, sentíamos já o vento, acalorado, soprando do lado do distante mar.. A casa onde vivíamos, distanciava cerca de mil e muitos metros de um recinto onde só haviam cubatas, habitadas por maioria negros, às centenas, trabalhadores. Possuo filmagens dessa área...
Como ia dizendo, era já noite,e preparávamos para atender as suplicas do filhote mais velho, quando lhe deu vontade de ir fazer o seu xixi, pelo que o colocámos sobre o bacio infantil, quando, repentinamente, surgiu de um canto da sala, um pequenino ratinho, que o amedrontou assustando-o de imediato..
Sucede que, nesse preciso momento, começamos a ouvir um barulho infernal, vindo do lado das cubatas, onde residiam os negros, e, fomos tomando conta que um volumoso grupo de negros, estava aproximando-se da área residencial, onde vivíamos, sendo a maioria residentes, de tez branca, que trabalhava na cidade, de Luanda..
A certa altura, notou-se que eram revolucionários, de cor negra, que em alto som e berros apregoavam... MATA BRANCO ... MATA BRANCO....
E foi nesse momento, que pegámos no filhote, ainda sentado no bacio, envolvemo-lo em cobertores e saímos porta fora, fugindo aos "criminosos", e, providencialmente, quando já nos metíamos no carro, para fugirmos aos massacres, cruzámo-nos com uma equipe de policias, que certamente alertada a tempo, se deslocou ao nosso recinto, protegeu-nos e conduziu-nos para o centro da cidade e colocou-nos num hotel residencial, de cujo nome, neste momento, não me recordo..
Claro que as coisas começaram depois a ser "recompostas , e o sossego regressou mais tarde.
E querem sabor a razão desta minha " historieta", que vos conto, já com perto de noventa anos de idade?
É tão simples.... o meu filhote, que na altura ainda era bebézito, um dia, mais tarde, ao passarmos junto ao tal hotel, para onde tínhamos sido "acoitados"... faz-me a seguinte pergunta...
Papá, foi para aqui que fugimos, naquela noite, com medo do ratinho quando eu estava a fazer o meu xixi ?
Que inocência.... Para ele, a nossa fuga... foi por causa do inocente ratinho.
Tá?!......
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