Ao considerar que a caução tinha sido prestada, o juiz Carlos Alexandre considerou hoje cumprido o requisito que tinha imposto em novembro para que fosse revogada a obrigação de permanência na habitação. Daí a libertação de Ricardo Salgado de prisão domiciliária.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu hoje um comunicado onde afirma que Ricardo Salgado encontra-se ainda “sujeito às medidas de coação de apresentações periódicas no órgão de polícia criminal mais próximo da residência, de proibição de contactos, designadamente com os restantes arguidos no processo, e à proibição de se ausentar para o estrangeiro sem prévia autorização”.
Estou, como certamente qualquer outro ser humano sensível e preocupado com o próximo, totalmente solidário com o conhecido DDT. Não devem ter sido fáceis estes últimos meses fechado na sua humildemente luxuosa residência, protegido de olhares indiscretos, com tempo e paz de espírito suficientes para meditar em todas as engenharias financeiras que levaram o BES para o abismo, sem que ele, coitado, se apercebesse de nada...
Entretanto, um Senhor Chinês com interesses em Portugal e não só, nomeadamente na Companhia de Seguros Fidelidade, foi preso. O Mundo é mesmo assim, uns entram, outros saem, para manter o equilíbrio universal. O motivo da prisão não é claro mas suspeita de corrupção têm sido avançadas. Nada de surpreendente para alguém que tem como modus operandi comprar empresas com dinheiro emprestado pelas mesmas. Diz-se que começou com seis mil Euros. Hoje vale milhares de milhões.
Entretanto o Mundo continua a rodar, o Sol a brilhar, a chuva a cair, os bebés a nascerem, outros, chegada a sua hora, a partirem para o seu cantinho do Céu ou do inferno, indiferente a todas estas loucuras. Indiferentes a tudo, continuamos as nossas compras de Natal, em busca da prenda perfeita que nunca encontramos. Chego a perguntar a mim mesmo se tudo isto é real ou se, por outro lado, não passa de um daqueles sonhos absurdos em que tudo acontece à nossa volta, enquanto assistimos impotentes.
A banalização da corrupção, da qual ouvimos notícias diárias mas em que, salvo muito, muito, mas mesmo muito raras excepções, nada parece acontecer realmente, torna-nos insensíveis. Já nem ligamos, é só mais um. Qualquer dia deixa de ser notícia, e aí temos o caldo entornado. Temo, qual "Velho do Restelo Grisalho", Senhor das Profecias, por esse dia que chegará breve mas sem se fazer anunciar...
Tá?!...
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