Sei que esta época é muito complicada para Ti, certamente atarefadíssimo a atender os incontáveis pedidos que foste recebendo ao longo do ano. Calculo que não seja nada fácil ler todas as cartas que Te enviam, separá-las por categoria, classificar as mais urgentes e, finalmente, distribuir as ordens à Tua competente equipa de Duendes e proceder depois à entrega, em mão, dos respectivos presentes. Assim, é com expectativas reduzidas que Te escrevo esta humilde carta tão em cima da hora. Com tantos telemóveis que dizem ser espertos, computadores, jóias, carros e carretas para entregar, compreendo que Tenhas pouco tempo para mim.
Este Natal não quero receber nada que possa segurar com as mãos. Assim, como recompensa do meu bom comportamento ao longo de mais um ano de vida, gostaria de receber o seguinte
- Paz na Terra, que todas as guerras, motivadas pela sede de poder e ganância, terminem de uma vez por todas, pondo fim à morte sem sentido de homens, mulheres e, principalmente, crianças inocentes.
- Comida na mesa para todos, que não morra nem mais uma pessoa de fome enquanto outras morrem por comerem demasiado.
- Uma casa para todos, pois é um direito universal que todo e cada ser humano tenha sobre a sua cabeça um tecto protector.
- Fim da intolerância, política, religiosa ou qualquer outra.
- Que o AMOR, AMIZADE, FRATERNIDADE sejam os sentimentos permitidos e que o ódio, inveja, avareza, gula e outros pecados mortais sejam banidos para sempre.
- Finalmente, Paz e Descanso eternos para todos aqueles que, não estando fisicamente entre nós, nos acompanham com os seus espíritos sempre vivos, especialmente aquela de quem tenho mais saudade, minha Esposa, Alvarina.
- Não Te incomodo mais, pois sei o quanto ocupado Estás e agradeço a atenção que dignaste dar a este "Velho do Restelo Grisalho". Saudações natalícias
- Armando Baptista.
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