Não sei se é por estar a ficar velho e rabugento, mas a verdade é que desconfio sempre de que alguma coisa errada se poderá estar a passar. Depois de quatro anos de governo do PSD, invariavelmente repleto de apelos à contenção e à compreensão dos portugueses para a necessidade de uma política austera, com inúmeros cortes orçamentais, chegou agora o PS ao Governo e em pouco mais de três meses revogou uma série de medidas de austeridade e implementou outras que representam, apesar de elogiadas pela populaça, gastos assinaláveis para o orçamento do Estado.
Primeiro foi a reposição dos salários da função pública, com a suspensão dos cortes impostos pelo governo PSD, seguido mais recentemente da possibilidade renovada de receber os subsídios de férias e Natal por inteiro, acabando com a obrigatoriedade dos duodécimos.
Entretanto, o Ministério da Educação já veio publicar uma Lei que institui os manuais escolares gratuitos para o primeiro ano, antevendo a possibilidade de que o mesmo aconteça em todos os anos de escolaridade obrigatória, ou seja, até ao décimo segundo ano.
Relativamente ao ensino superior, o aumento das propinas (que seria de apenas cinco Euros anuais) foi também suspenso. Ouvi um qualquer representante das Universidades afirmar, com toda a propriedade, que tal suspensão é uma medida puramente demagógica, uma vez que o aumento de cinco Euros não seria impossível de suportar pelos alunos e famílias (se dividirmos os cinco Euros pelos trezentos e sessenta e cinco dias do ano, de facto assim é), mas que para as Universidades este congelamento das propinas representa uma perda importante das receitas.
Todo este palavreado apenas para perguntar o seguinte: se antes não havia dinheiro para nada, como é que, de repente parece já haver dinheiro para tudo?
Comparando os dois governos, é óbvio que alguém está a mentir aos portugueses. Resta saber se foi o PSD, que nos submeteu a uma austeridade desnecessária, ou o PS, que está a gastar dinheiro que não existe, apenas para cair nas boas graças do povo ignorante da verdadeira realidade ?
Quem souber a resposta ganha um doce.
Tá?!...
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