A estátua da Moura Floripes, em Olhão. |
Resumindo um pouco, e consultando fontes que deram origem ao imaginário dos olhanenses sobre esta histórica lenda, Floripes podia ser vista, ocasionalmente, nas açoteias das casas de Olhão. A bela e linda jovem, tentava os homens, desafiando-os a atravessar a ria, ou o oceano, caudalosos, com uma candeia acesa entre as mãos. O que conseguisse, seria dono do seu coração e do reino do seu desaparecido pai. Os que falhassem, afogavam-se.
Floripes dizia ser uma moura encantada e quando a sua raça foi expulsa o seu pai viu-se obrigado a partir, sem a poder prevenir. Dizia que tinha um namorado que também fugiu e que a partir daí ficou sozinha.. Esperou a cada momento que o pai a viesse buscar. Diz que numa noite em que esperava, viu ao longe uma luz de uma embarcação.O barco escangalhou-se porque a noite era de tormenta e foi de encontro aos rochedos. A vítima não era o seu pai que ali vinha, mas o seu namorado que foi sugado pelas ondas. Floripes disse que o seu pai teve conhecimento deste funesto acontecimento e vendo que não lhe era possível vir buscá-la, encantou-a de lá.
A um tal Julião, às doze badaladas, surge uma mulher vestida de branco, que aproximando-se com a face envolta num véu e uma flor nos cabelos loiros, e perguntando quem era e donde vinha, Floripes respondeu, numa expressão triste ."Sou a desditosa Floripes" contando toda a história da sua vida.
Julião (assim se chamava o novo amante, mas noivo de outra mulher), penalizado com a triste história ofereceu os seus préstimos para salvar a moura encantada., Esta, respondera que para ser salva pelo novo Libertador, havia uma dificuldade. O homem que a abraçasse e a ferisse teria que a acompanhar até África e atravessar o revoltoso mar com duas velas acesas e casar com ela à chegada.. E Julião quase que se ia esquecendo que já tinha casamento marcado com a Aninhas...
A partir de então, seguiu-se uma longa história que, segundo a lenda (custa-me ultrapassar a ideologia que dizem ter sido verdadeira). Como as chamas das velas não resistiram ao cáustico castigo de se manterem acesas, durante a travessia náutica, Floripes acabou por morder e engolir e comeu o coração do pseudo salvador Julião.
Esta é a versão que me tem sido contada. Algo que tenha sido contado de forma diferente a outros, as minhas desculpas... pois tudo se passara enquanto residente num continente distante!
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