O Olhanense é por natureza uma pessoa rude, distante, de certa forma conflituoso e pouco dado a gestos de simpatia ou mesmo simples educação. É vulgar verificar a surpresa com que as pessoas nesta cidade encaram os gestos de boa vontade e mera simpatia educada, expressos na simples cedência do lugar na fila de uma caixa de supermercado, a alguém com mobilidade reduzida ou com crianças. É também normal constatar que as pessoas capazes de tais actos beneméritos são estrangeiros ou portugueses naturais de outras cidades. É público o estatuto negativo do olhanense face a cidades vizinhas. É normal ouvir, quando revelamos que somos habitantes de Olhão, o comentário malicioso " ah, és de Olhão...".
Dizem que Olhão, fruto de políticas autárquicas difíceis de compreender, recebeu ao longo de muitos anos os "indesejados" provenientes de outras regiões e cidades algarvias. Famílias inteiras, cujos membros, na sua maioria, não fazem parte da população activa, pelo menos oficialmente, deslocaram e fixaram-se em Olhão, apoiadas pela autarquia. Estabeleceram-se em bairros sociais e acampamentos sem as minimas condições. Tal é assumido pela actual equipa camarária quando o actual Presidente afirma em entrevista ao jornal " O Olhanense" o seguinte:
"Quanto aos tendeiros, pretendo alterar a situação porque, de facto, reconheço que não é uma realidade agradável à vista. O difícil é conjugar esta situação com um hábito de mais de 20 anos"
Podiamos estar aqui mais tempo a "bater no ceguinho" mas não vale a pena. Não se pretende ofender ninguém e se alguém se sentir ofendido é porque a carapuça lhe serve. Para além disso o verdadeiro olhanense tem também pontos a seu favor: Amigo do seu Amigo, a quem defende contra tudo e contra todos, fruto de uma teimosia que pode ser heróica, capaz de tudo para atingir o objectivo a que se propõe e perseverante no cumprir de missões que outros julgariam impossíveis. Recorde-se os episódios do "Natália Rosa" e do Caíque "Bom Sucesso", entre outros, reveladores da coragem louca que o verdadeiro olhanense é capaz de revelar.
Afinal, não há ninguém perfeito...
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