De entre as duas dezenas de fotos que inclui no meu blog que ontem emiti, acerca dos movimentos laborais que fui exercendo ao longo da minha vida, tanto em Angola, como em Portugal Continental, não inclui estas duas transcrições fotográficas, o que vou fazer, para contar mais uma história, que me parece vir a merecer o interesse e curiosidade por parte de alguns dos meus saudáveis Leitores, que neste momento a Net anuncia que já ultrapassa uma centena....
Eis as fotos novas:
Quando vim de Angola, por ter sido forçado a submeter-me a um "exílio", a Família residente em Lisboa, albergou-me, tal como à minha saudosa Esposa (Alvarina Teresa), já falecida, e, no decorrer de certas situações emergentes da procura de uma nova vida perspectivada, para sobrevivência, encaminharam-se-me oportunidades de emprego, por parte de empresas sediadas em Lisboa, e arredores, que fui aceitando, até que me fora surgida uma admissão na Banca, por despacho ministerial, tendo mais tarde sido Reformado, com direito a uma mísera pensão no sector Bancário.
Uma das empresas para a qual fui convidado a vir a ser Chefão Contabilista, foi a Nacional Rádio, na Cruz Quebrada, negociante dos produtos da General Electric, e outro material de constrição civil, que, na altura fora confiada ao Sector Bancário.
Historiando, agora, o que se passou, conforme a leitura dos textos das fotocópias reproduzidas, acabei por ser convidado a prestar trabalho profissional, na actividade financeira, na dita Nacional Rádio, e.... logo ao primeiro dia no inicio do exercício profissional para que fora convidado, ao entrar na sala que me fora confiada, para começar a trabalhar, exigi que retirassem todos os luxuosos apetrechos que enfeitavam o gabinete que me fora confiado, porque todo o luxo que rodeava o salão fora por ordem do Chefe que eu iria substituir, a partir daquele momento. A explicação que me fora dada era a de que o Chefe demitido, e que eu vim a substituir, era muito vaidoso, muito pouco honesto e que fora preso por falsificações que cometera, de elevados valores.
Claro que tudo isso, a partir daquele momento, fora passado a simplicidade. Diziam-me até que para se chegar ate ele, mesmo em matéria serviço, era necessária prévia autorização, algo que comigo `»a frente das tropas ficara facilitado...
Organizei e administrei métodos de trabalho adequados, fui bem recebido pelo Pessoal, e pela a Administração da Banca, que me confiara o exercício administrativo , de harmonia com todos os efeitos legais.
Calculem só, que cheguei a registar, contabilista e financeiramente, chegada de camionistas dos camióes que tinham saído carregados com material para venda, e que, no regresso alguns deles até tinham vendido material até ao montante de cinco mil contos, cada um(ainda o Escudo).
Mas... (há sempre um "mas"...)
Tempos depois, isto é, cerca de poucos anos se passaram, certo dia, recebo a seguinte comunicação:
Senhor Armando Baptista, tem que regressar ao seu antigo posto de trabalho, na filial do Banco, de onde partira, no seu antigo posto, onde exerceu uma actividade bancária, porque..
UM TAL IMPORTANTE DIRECTOR QUE ESTAVA EXERCENDO FUNÇÕES NO MESMO BANCO ONDE EU ESTIVE, ALEGOU QUE ERA ELE QUE TINHA O DIREITO DE VIR A OCUPAR O MESMO LUGAR QUE ME FORA CONFIADO.
PORQUE EU TINHA VINDO DE ÁFRICA... E QUE ELE NUNCA TINHA SAÍDO DE PORTUGAL....
E PRONTO... FUI DE NOVO EMPURRADO, NAQUELA ALTURA, PARA A AGÊNCIA DE MOSCAVIDE, TENDO A COMISSÃO DE TRABALHADORES ACCIONADO UM PROTESTO, QUE RESULTOU EM... NADA !....
(Mais uma acontecida a este Angolano de Portugal) ...
Igualmente quanto ao que vem relatado nos documentos que se seguem, há um pormenor que, se fosse hoje, teria tido uma diferença de decisões, por parte da Entidade Bancária onde acabei por ser admitido, em Lisboa, na altura, e em que as decisões justiceiras foram quase posta de parte...
O Atestado Médico, subscrito pelo Dr. Psiquiatra, José António Alves Carneiro dos Santos, licenciado em Medicina pela Faculdade no Porto, especialista em Psiquiatria Pela pela Ordem dos Médicos, prestando serviço de assistencial Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Norte, tinha declarado, sob palavra de honra que, "...tem vindo a observar regularmente o Sr. Armando José Carmo Ferreira Baptista (que sou eu), apresentando um quadro depressivo ansioso de evolução arrastada e que a referida patologia tem causas reactivas ligadas ao local de trabalho e o impede de normal exercício das suas funções, sob pena de agravamento da sua saúde, e que está sujeito a uma morte instantânea, pelo que uma Reforma imediata seria o aconselhável...". Pela resposta que a Direcção prestara, ao aconselhamento muito grave, do médico... como a pouca importância que foi dada ao meu estado de saúde, agravado, derivado e devido aos maus tratos, e insultos, comprovados, a que estive sujeito, naquela filial do Banco Pinto & Sotto Mayor, em Moscavide, só porque era um Português nascido em Angola..
Resultado...
Hoje estou Reformado, na actividade bancária, com direito a uma misera e simples pensão de reforma.... aos 90 anos de idade... !...
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C'est la vie.... de um honrado passado, que já não volta mais...
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