Dos fracos não reza a história ou das fraquezas se fazem forças... |
A história está repleta de exemplos da bravura, sagacidade, esperteza manhosa, coragem louca e sentido de missão, tudo recheado de um espírito apaixonado, com que os homens e as mulheres olhanenses nos têm brindado. A partir de um humilde casario de pescadores, que na realidade não era mais do que um aglomerado de depósitos das artes pesqueiras, ergueu-se a orgulhosa, por vezes até demasiado orgulhosa, cidade de Olhão.
Rezam os livros que, fartos dos ocupantes franceses e dos falsos amigos ingleses, os olhanenses decidiram pôr mãos à obra e conceberam um engenhoso ardil que confundiu tudo e todos. Com a preciosa colaboração das mulheres, as quais, fazendo uso do seu proverbial jeito para lançar boatos e rumor, contaram histórias que colocaram o inimigo francês pensando que o auxílio inglês estava próximo. Depois, com recurso a simples capas vermelhas sobre os ombros, fizeram ainda com que as tropas de Napoleão acreditassem numa ilusão. Confusos, enganados, os franceses foram depois presa fácil para os revoltosos olhanenses. Tudo aconteceu entre o dia 16 e o dia 18 de Junho de 1808. Em apenas dois dias, com pouco mais do que paus e pedras, o povo de Olhão colocou em fuga o poderoso exército francês.
Não satisfeitos, embarcaram num pequeno veleiro em direcção ao Brasil para dar a novidade ao Rei que aí se encontrava exilado. Ao que parece, o Rei, confortavelmente instalado no seu Palácio dos Trópicos, não terá ficado especialmente satisfeito. Mas a história fala por si e tais actos de coragem e valentia só estão ao alcance dos mais bem aventurados.
Hoje, 16 de Junho é feriado municipal e o dia da Cidade de Olhão, agora chamado, e por via dos acontecimentos descritos, da Restauração. Curiosamente assistimos hoje a nova invasão francesa. Milhares de franceses acorrem, depois de reformados, ao nosso Algarve, em busca do Sol, Calor e benefícios fiscais. Em boa hora o Estado se lembrou que atraindo Reformados abastados estes iriam aqui gastar as suas formosas reformas. A história repete-se, agora, para o bem...
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