...A importância atribuída aos Bens materiais prevalece sobre o valor intrínseco do capital humano.
Infelizmente para muitos, o velho é aquela peça de mobiliário que passou de moda, que já não encaixa em nenhuma decoração, por isso é colocado no "depósito".
In Jornal Região Sul, coluna de opinião de Maria José Pacheco
A vida custa. Cada vez mais.
O ritmo a que as pessoas (não) vivem obriga a negligenciar a família. Falo dos mais velhos, muitas vezes abandonados e isolados, mas até das crianças, negligenciadas e deixadas à sua sorte, depositadas em escolas e ATL's, que ficam incumbidos de ensinar o que os pais não podem (ou não querem) transmitir aos seus descendentes.
Voltando aos velhotes. É verdade que o avançar da idade traz problemas de saúde com os quais nem todos estão capacitados para lidar. Aí faz sentido procurar ajuda, eventualmente até, o deslocamento do idoso para uma instituição que o possa apoiar condignamente. Mas nunca, jamais, depositá-lo em caixotes em que se aglomeram velhotes e velhotas, em condições indignas e mesmo sub humanas, como demonstrado em diversas reportagens televisivas sobre lares ilegais para a terceira idade.
Por outro lado há que não desistir do cidadão idoso só porque quando faz anos o bolo fica cheio de velas. A sabedoria inerente à experiência da vida é, em muitas culturas, tidas como inferiores, um tesouro inestimável. Em tribos mais ou menos isoladas o convívio entre os anciãos e os mais jovens é algo vital para a transmissão do conhecimento, dos valores e, em última análise, para a sobrevivência do próprio grupo. Porque teimamos nós, a dita civilização ocidental, digital e digitalizada, em desperdiçar esse conhecimento, essa experiência de valor virtualmente incalculável ?
Confiamos demasiado na tecnologia. Se ela falhar, e vai falhar, como vamos recuperar a informação que decidimos colocar no triturador de idosos ? Iremos voltar à idade da pedra ? Iremos esquecer tudo e começar de novo ?
Tá?!...
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