Parece que foi ontem, mas já passaram mais de três anos desde que o texto abaixo foi publicado sob o título "Movimentos históricos". As circunstâncias nas quais elaborei o texto não recordo exactamente mas a história está bem clara na minha mente, como se fosse hoje. É curioso como posso não me lembrar do que foi o mata-bicho matinal, mas as memórias de há cinquenta ou sessenta anos permanecem intactas. Os neurónios, já cansados, não dão para tudo e parecem, por iniciativa própria seleccionar a informação que mais me toca. Não é que o presente não tenha importância, mas, a bem dizer, os melhores anos já estão um pouco longe.
Na história que recordo hoje, a fazer lembrar um filme de espiões, sem saber muito bem como, vi-me envolvido numa "caça ao homem", em que o "caçado", afinal, era eu. Assim, sem me aperceber, dada a minha ingenuidade, livrei-me de boa, numa época em que as perseguições irracionais ocorriam todos os dias.
Aqui fica então a recordação de um momento pessoal mas, por retratar uma época, é também um momento histórico...
Um apontamento com características curiosas...
Na história que recordo hoje, a fazer lembrar um filme de espiões, sem saber muito bem como, vi-me envolvido numa "caça ao homem", em que o "caçado", afinal, era eu. Assim, sem me aperceber, dada a minha ingenuidade, livrei-me de boa, numa época em que as perseguições irracionais ocorriam todos os dias.
Aqui fica então a recordação de um momento pessoal mas, por retratar uma época, é também um momento histórico...
Num período debilitado
pela insegurança e de ausência de meios hospitalares suficientes para
tratamentos especializados, o corpo Directivo, à data (Agosto de 75),
do Banco onde exercia profissionalmente o cargo de Chefia da
Contabilidade - Banco Totta-Standard de Angola - concedeu-me, a meu
pedido, autorização para me deslocar a Lisboa, por tempo determinado,
para me submeter a tratamentos especializados. A condição imposta
pelo Banco era que seriam de minha conta, todos os custos inerentes a
essa deslocação, inclusive até que o bilhete de passagem aérea,
Luanda/Lisboa/Luanda seria na totalidade suportado por mim , sem
direito a qualquer comparticipação por parte do Banco.
Foi,
portanto, dentro destas imposições, que fui ao balcão da TAP, comprar,
do meu bolso, o bilhete de Ida e Volta, Luanda/Lisboa/Luanda que
ainda o retenho.
No dia do
embarque, dadas as minhas condições físicas de deslocação, e,
por ter no meu meio familiar um gestor das instalações do aeroporto,
foi-me facilitada a entrada no avião, isentado-me das complicadas
operações nos "check-in".
Levantado
voo, sem problemas, sobrevoámos a cidade. de Luanda, com destino a
Lisboa, onde desembarcámos sem termos sido sujeitos
a quaisquer formalidades adicionais.
Foi,
ao longo do percurso que, de automóvel, nos conduzia a casa, que
tomei conhecimento do seguinte acontecimento, que um familiar ligado aos
meios de navegação aérea, me segredou;.
"Chefe, quer saber
o que o piloto do avião que o transportou me contou? Vínhamos já com a
costa algarvia à vista quando recebemos ordem vinda de Luanda, para
regressarmos ao aeroporto de Luanda, antes da aterragem em Lisboa, ao
que o comandante respondera não satisfazer tal ordem, porque além dos
500 passageiros que vinham a bordo do avião, não havia combustível
suficiente que desse para o retorno.
E acrescentou : "Pelas características e dados recolhidos , deduzimos que o passageiro que eles queriam apanhar, era Você, Armando...". Vá-se lá saber porquê...
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