Apegado às memórias, dei hoje de caras com imagens impressionantes, as quais não espero ver repetidas, publicadas no sétimo volume da colecção do "Correio da Manhã" dedicada à descolonização. Fotos de milhares de escorraçados, homens, mulheres e crianças, obrigadas a abandonar toda uma vida, carregando os pertences que conseguiram deitar a mão, deitados no chão, como fugitivos de uma injustiça implacável, vítimas de uma "exemplar descolonização" que apenas serviu os interesses de muito poucos que ganharam demasiado à custa da vida de quem se viu escorraçado sem perceber como nem porquê.
É demasiada coisa para digerir de uma só vez. Fico cansado e com forças apenas para desejar que gerações futuras possam jamais passar por semelhante provação...
Tá?!...
PS-
Sétimo volume da colecção do "Correio da Manhã" dedicado à descolonização, hoje posto à venda. |
Nestas fotos, como se disse, estão fotografadas crianças, que na altura, tinham pouca idade, e que, hoje, decorridos mais de quarenta anos, algumas das quais até já sejam Papás, ou mesmo Avozinhos,com cabelos brancos..
Muitas delas, nem sequer tinham idade para se aperceberam da "catástrofe" e da realidade de que estavam sendo vítimas, mas que hoje, provavelmente, possam ter algumas lembranças e horrores porque passaram ,na sua adolescência infantil, naquele conturbado período..
As pessoas, actualmente, vão tendo a possibilidade de apreciarem estas "imagens recordativas,, mas para isso terão que estar munidas ou de computadores ou adquirirem Livros ou Revistas onde tenham sendo publicadas. Não sendo por esta via, dificilmente virão a ter a possibilidade de as verem, e analisarem, em consciência. o que o tempo vai silenciando quanto aos dramas a que estiveram submetidos.
Temos , actualmente, Televisões que nos "encharcam", agora, com programas de uma constante infantilidade, por vezes incompreensíveis, devido a qualidade "fantoche" de certas entrevistas,por vezes, imperceptíveis.
Diz-se que a dor só dói a quem a sente... Portanto, dentro desta perspectiva, nada mais consentâneo do que ouvir da boca dos próprios que compartilharam nestas tragédias, pois só elas é que terão a capacidade de relatar, com toda a verdade. os acontecimentos sucedidos há mais de meio século.
Um alvitre, apenas ! Obrigado.
ADEUS...
Adeus Angola... |
Tá?!...Tá?!...
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