Meu Avô, que Deus tenha, Joaquim do Carmo Ferreira, foi em Angola, um alto Dirigente na cena política e administrativa que caldeou todo o sistema de governação naquela antiga Colónia, tendo os seus dias finados em Nova Lisboa, onde foi sepultado com honras e reconhecimento popular, a coberto da bandeira que sempre serviu com dignidade e Justiça - a bandeira portuguesa.
Ao principio desta nubelenta tarde, apoiado na minha "muleta", puz-me a caminho de uma Livraria, inaugurada há já algum tempo, no Ria Shopping, afim de adquirir uma obra, posta à venda recentemente, de que omito o titulo, por uma questão de respeito para com as centenas de publicações expostas, de autoria de Escritores e Escritoras de elevada projecção de dignidade e indiscutivel competência literária.
E de entre as centenas de Livros que tive a oportunidade de obvservar, houve um titulo que me chamou logo a atenção por se relacionar com episódios ocorridos em Angola, terra onde nasci.
Verifiquei, depois, através do início da leitura do referido livro´, que numa passagem breve, havia um trecho em que se fazia uma ligeira referência à Esposa desse tal Senhor que foi Administrador de Concelho em Angola, que se chamava Dona Helena, que afinal era a minha querida e saudosa Avó, que nos educou, - a mim e ao meu irmão- em Lisboa (Largo da Luz - Carnide), depois do falecimento da nossa Mãe, ocorrido em Luanda.
A saudosa Avó Helena... |
E foi assim que o navio se afastou do cais, levando o meu irmão (mais novo) e eu próprio para a companhia do nosso Pai, que exercia o cargo de Director dos CTT, em Luanda. E... Adeus..Avozinha!
Daí em diante o contacto (Avó e Netos) passou a ser exclusivamente por via postal, e veja-se agora o numero de cartas que a Avozinha nos escrevia, e note-se, que estavamos no tempo da II guerra mundial, em que a nossa correspondencia postal, antes de ser entregue aos destinatários, tinha que passar pela Censura, na África do Sul, e por isso demoraria por vezes quase dois a tres meses.
Há cartas datadas de 17 de Junho de 1955, 8 de Dezembvro de 1954, 28 de Outubro de 1954, 15 de Fevererio de 1952, e mais de duas dezenas datadas do tempo da guerra e telegramas que eram emitidos sob prévia fiscalização.
Curiosamente, ainda se lê em alguma correspondencia o seguinte carimbo, a vermelho:
"PASSED BY CENSOR - DEUR DIE SENSOR CDEDKEUR"...
Veja-se agora porque passavamos nos tempos em que quase todo o mundo estava em guerra...
Correspondência guardado no baú de recordações... |
Tá?!..
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