Muitos anos antes de ter sido chamado para a tropa, a vida juvenil, era tão desigual à que se observa actualmente, pois nessa altura não havia nem telemóveis, coca-colas, sapatos abrilhantados, garrafas de -nosrefrigerantes, etc. etc., mas, mesmo assim, aventurávamo-nos a percorrer, por caminhos inóspitos, quilómetros e quilómetros, pela selva dentro, para defrontarmos peças selvagens, como leões, pacaças, hienas, elefantes, jacarés, não para caçarmos mas... para obtermos cenários, afim de serem fotografados e, mais tarde, com o aparecimento de instrumentos apropriados, serem filmados.
É dessa época que ainda preservo algumas lembranças, pelo que farei os possíveis para que o tempo não as vá ceifando.
Ainda jovem, o culto religioso sempre me acompanhou, mesmo nos momentos trágicos, como o que a seguir tento relatar (de forma dialogante):-
Eu:
- ..." Zé (ocultando os nomes próprios), já encheste o depósito de gasolina na carrinha, e não te esqueças de trazer os bidons para o que der e vier ?...
-"Sim, pá, e podemos arrancar já, com a malta que nos acompanha", (eram dois amigos que nos faziam companhia, sempre, em todas as viagens).
Arranquei, ao volante, ainda a débil vela da madrugada estava colocada no parapeito do horizonte selvagem, quando, mais à frente, com muitos quilómetros já percorridos, devido talvez aos saltos e caminhos barrentos que nos faziam pular dos nossos assentos, o motor foi-se abaixo e o carro parou em cima de um terreno muito barrento, dificultando a sua deslocação, mesmo empurrada à custa dos nossos braços.
Os nosso esforços para pôr o veiculo novamente em circulação foram em vão, pois as rodas estavam extremamente atulhadas, intensamente, na lama barrenta, provocada pelas chuvas..
Que fazer numa situação destas em que não havia socorros ? E a tarde, já se aproximava, com indicios de que haveria, em breve, forte trovoada !
Empurrar a viatura, não era possível, atendendo as condições em que se encontrava paralisada e atulhada.
E a tempestade lá se vinha aproximando, e o nosso medo, de ali pernoitarmos, sem sermos socorridos, era aterrador. Até que, tive uma ideia, que um Amigo veterano em viagens deste tipo, me ensinara em tempos passados:
-Assentar uma das rodas numa superfície plana, usando capim ou uma tábua e assentando um elevador - "macaco"- nessa base plana, elevar ou fazer subir a roda de maneira que fosse possível faze-la rodar, e, foi assim, que com um empurrão na roda, circulando-a, à força, que se conseguiu que o motor pegasse e
... ufa, lá nos safámos e, já noite, viemos a pernoitar numa cubata, na qual fomos bem recebidos pelos seus habitantes, de quem nos tornámos Bons Amigos !
África antiga, era assim...
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