Nos "tempos da Outra Senhora", tempos ditos de repressão e censura, clamava-se por liberdade. Liberdade de expressão, de reunião, de opinião. O lápis azul da censura ditava aquilo que era aceitável ser publicado de acordo com critérios essencialmente políticos e de defesa do regime, mas também do ponto de vista de uma moral e bons costumes que hoje serão vistos como castradores da tão ambicionada e amada liberdade.
Mas a Liberdade não é um conceito absoluto e ilimitado. A Liberdade deve ser, TEM QUE SER, relativizada e limitada em função de prejuízos que a expressão dessa mesma Liberdade possa causar a outras pessoas, também elas livres. Quero dizer, a minha Liberdade termina quando coloca em causa a Liberdade de outros ou atenta contra o que o senso comum considera aceitável.
Vem esta prosa a propósito de um programa televisivo atentatório da sanidade mental e moral dos portugueses em geral e da juventude em particular. Falo da "Casa dos Segredos", um exemplo máximo de lixo televisivo.
Num curioso paradoxo, com a opinião generalizada a considerar o programa um perigo para a saúde pública, é ao mesmo tempo um sucesso de audiência, pelo menos é o que nos querem fazer acreditar. Será certamente o resultado do espírito mórbido e voyeurista próprio do ser humano. Transmitido a qualquer hora do dia, tendo até um canal próprio a emitir 24 horas por dia, passa para a juventude a ideia de que se formos suficientemente imbecis e dispostos a fazer sexo em frente a uma câmara de televisão, isso é o suficiente para sermos ricos e famosos. E quanto mais idiotas, melhor...
É nestes momentos que sinto saudades do velho lápis azul da censura. Amante da Liberdade custa-me ver o abuso de que essa mesma Liberdade é alvo em momentos deploráveis e mais do que censuráveis como é esta Casa dos Degredos...
Não há ninguém responsável que possa pôr mão neste descontrole da Liberdade, que ousa transformar-se na mais ordinária libertinagem ?
Tá?!...
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