Tudo começou com uma zanga de família. O jovem Afonso, desejoso de ter a sua própria casa, com jardim e quintal com vista para o Oceano Atlântico, entrou em conflito com a sua Mãe, Dona Teresa, vindo a conseguir a independência do então Condado Portucalense.
Mais ou menos 250 anos depois, entre 1383 e 1385 estalou a guerra civil no Reino de Portugal. Com a morte do Rei D. Fernando, sem deixar herdeiro masculino, instalou-se o caos, com o Rei D. João I de Castela a tentar anexar este nosso rectângulo à beira mar plantado. Tudo acabou com a retumbante vitória na batalha de
Aljubarrota, onde D. Nuno Álvares Pereira comandou, ao serviço de D. João I mas de Portugal, um exército em menor número do que o Castelhano mas em que a famosa táctica do quadrado deu os seus frutos. Depois disto, D. João I achou Portugal demasiado pequeno e deu início, em grande escala, à expansão de território para África e para o Mundo.
A morte de D. Sebastião, à porrada com os árabes em Alcácer Quibir, em 1578, abriu caminho à dinastia Filipina e à integração no Reino de Espanha. Tal durou até 1640, ano da
Restauração da Independência.
Em 1910 acabou a monarquia, instaurou-se a República. Em 1926 começa uma ditadura, que teve a partir de 1933 Salazar como figura principal. Este regime prolongou-se até 25 de Abril de 1974.
Hoje, vivemos em democracia, pelo menos assim nos querem fazer crer. Hoje, tal como como há 50 anos muitos passam fome. Escolas fecham. O acesso à saúde parece cada vez mais difícil. Instituições seculares desaparecem. As pessoas, tristemente, fazem fila no
Centro de Desemprego. Parecemos estar a regredir, a despeito dos telemóveis que cada português parece ter, dos Ronaldos pagos com salários imorais e da abundância que a publicidade televisiva pretende transmitir.
Ó D. Afonso Henriques, volta e faz lá as pazes com a Mãe. Tenho aqui um ramo de flores que posso dar-te e de que a Mamã vais gostar. É que, se calhar, a zanga familiar não valeu a pena...
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