As noticias que rodeiam, presentemente, a hipótese de desintegração deste inolvidável Estabelecimento Militar, provocaram-me uma certa sensibilidade, e êxtase, porque, exaltaram-me acontecimentos ocorridos na minha infância, na altura em que se procedia a admissão de Jovens, na idade escolar, nos quadros daquela Instituição Militar.
No meio familiar, havia a presunção de eu poder vir a ser enquadrado,no Colégio, como aluno, no inicio do ensino lectivo, mas, tal não foi possível, porque não tinha nenhuma descendência , directa, de Pais Oficiais do Exército, o que era fundamental para a admissão de novatos. Coube esta feliz particularidade, ao meu Primo Zéca (José Fernando Pinto Lampreia), de ter sido admitido logo ao principio do curso, dado ser filho de um Oficial do Exército, que coordenava e comandava postos de administração militar, em Lisboa..
Não houve, por isso, problema grave nenhum, até porque, posteriormente, após alguns anos, por vicissitudes ligadas a uma situação surgida no meio familiar, acabei por ter de embarcar com destino a Luanda, terra da minha naturalidade.
No entanto, no período em que vivíamos sob o mesmo tecto, eu e o meu primo Zéca, chefiávamos a "Pandilha" que era constituída pelos restantes membros da família, da nossa idade. Sobretudo nos períodos de férias e feriados. Por isso, enraizou-se entre todos Nós, uma franca amizade, em que considerávamos sermos todos irmãos uns dos outros.
A disciplina e respeito que era incutido aos Novos Alunos Militares, espraiava-se até, cá fora, no âmbito das nossas brincadeira juvenis. Até existia uma espécie de "prisão celular" no próprio Colégio, para os menos bem comportados.
Os anos foram passando, e, por duas vezes, de visita à Capital, Lisboa, tivemos oportunidade de nos abraçarmos, até que, estando em Luanda, a certa altura, recebo a noticia do falecimento deste meu primo, que eu considerava como um patriótico irmão.
Digo "patriotico" porque num dos últimos e curtos encontros, o Zéca deu-me a entender que continuava a ser o mesmo apreciador de sempre... as viagens e aventuras pelos mares distantes, dos nosso grandes Navegadores, Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama... etc.etc.. Sempre foi um "fanático" pelas proezas dos nossos mareantes.
Alguém, do nosso meio familiar, mais tarde, deu-me a funesta noticia do seu falecimento, e que o seu ultimo desejo, em vida, não foi possível satisfazê-lo, que era o de que as suas cinzas fossem atiradas, a milhas, no Oceano Atlântico.
Faço notar, que foi assim que me contaram ter sucedido, o que, não tenho bases para realmente confirmar a verdade de todo o sucedido, porque já não tenho presente nem o, ou a. transmissor(a) da noticia, veiculada há já longos anos, ainda residindo em Angola.
É com um grande fervor de amizade e grande senso patriótico, que alinhavei estas palavras homenageando um Grande e Verdadeiro Amigo - o primo Zéca.
... e que foi um brilhante aluno do COLÉGIO MILITAR
Alunos do 6º ano - 1936/37
Tá?!
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