segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Espírito de um Natal futuro...

O frio causticante não me deixa pensar. Se há algo que me deixa paralisado é o frio.  Pouco habituado,  por via do nascimento em terras  tropicais,  na muito saudosa Angola,  o Inverno é uma época que custa ultrapassar. É apenas graças a muitas camisolas,  casacos,  luvas,  gorros,  mantas e cobertores, xailes,  meias grossas e calças de flanelas,  tudo isto completado com  um aquecedor em funcionamento quase permanente,  que vou conseguindo aguentar as temperaturas gélidas que se   fazem sentir no nosso rico, mas frio,  Portugal. Dizem que Natal sem frio não é Natal, mas para mim,  para ser sincero, dispensava bem esta geada toda.

O Pai Natal na baía de Luanda.
Noutros tempos,  em Angola, o Natal,  por ser no hemisfério sul celebrava-se em pleno verão e, garanto-vos,  nunca senti falta de frio e as celebrações natalícias decorriam,  tal como aqui, em clima de festa familiar,  com o velho bacalhau à mesa e as tão desejadas prendas.  O calor era convidativo a uma ida à praia,  onde o Pai Natal fazia também a sua aparição para ir, também Ele,  pôr as longas barbas brancas de molho,  se bem que nesse tempo se falasse mais do Menino Jesus do que do Velhote de Barbas Brancas e  roupa à Benfica, pois  é o nascimento de Jesus,  afinal,  a verdadeira razão  da celebração natalícia.

Hoje as luzes  enchem  as ruas, ouvem-se músicas de Natal por todo o lado,  as lojas enchem-se de clientes a gastarem o que têm e o que não têm. O consumismo exagerado e até absurdo toma conta da realidade. Já não há paciência para as publicidades natalícias,  dos  brinquedos cheios de luzes para os mais novos e dos telemóveis  de marcas caras para os mais velhos. Parece que até já os jantares de Natal com toda a Família reunida são coisas do passado. Hoje é cada um para o seu lado, preferindo uma jantarada no  Restaurante da moda,  seguido de uma ida à discoteca, a uma reunião  com  familiares que durante o ano,  por motivos diversos,  são difíceis de juntar  à mesa. Isto não é Natal...

Acredito que,  num  futuro  não muito distante isto irá mudar. Fartas de tantas hipocrisias,  as gentes voltarão a sentir o apelo da Família porque é a Família o verdadeiro núcleo da vida em sociedade.

Escrevam o que vos digo, pois é esta a profecia natalícia do "Velho do Restelo Grisalho"...

Tá?!...

1 comentário: