segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Mensagem a Luaty Beirão...

Mensagem ao Luaty  Beirão:

  
Caro Compatriota, também eu sou Português de Angola, ou Angolano de Portugal, conforme o ponto de vista e as conveniências de quem ousou em tempos decidir da minha vida sem me consultar. Também eu fui vítima da prepotência de Governos e Governantes que decidiram que, afinal, não sendo negro não podia ser angolano e, não tendo nascido em solo europeu, não poderia ser português de pleno direito. Como o compreendo e como me identifico com o meu caro Amigo quando lamenta a cegueira gananciosa de governantes que, vivendo no medo de perder a supremacia sobre aqueles que desgovernam, instigam o medo nos governados. Apesar da diferença de idades, pois conto já com quase nove décadas de caminho sobre esta Terra, parece que, em todo este tempo, os erros e as injustiças permanecem e, frequentemente, agudizam-se. Obrigado, por via de uma independência mal resolvida a abandonar, à pressa, a terra que me viu nascer, deixando para trás toda uma vida, também eu sofri na pele as consequências das guerras entre os políticos, a quem interessa mais os bolsos cheios do que as vidas daqueles que, na verdade, são a razão da sua existência. Li o seu livro com todo o interesse e não posso deixar de lhe endereçar os meus votos de parabéns pelo trabalho que tão bem transmite, com a crueza própria do relato de quem esteve preso por motivos políticos, os sentimentos de tristeza por um País tão rico e extraordinário resultar em tamanha pobreza e numa vida vivida no medo. Por fim, deixo a nota de que tomei a liberdade de fazer referência ao seu diário vertido em livro no blog que mantenho, o Velho Luandense, http://velho-luandense.blogspot.pt/2016/12/porque-sou-livre.html. Caté !...

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