Sentado na esplanada do café perto da urbanização onde resido, o vai-e-vem de clientes, uns mais jovens, outros mais maduros, sucedem-se em meu redor. Conversam animadamente, em sintonia com o dia alegre pelo sol risonho que não nos abandona, cumprimentando quem chega e quem
passa. Sossegado no meu cantinho, acompanhado pelo fiel amigo, senhor Pelinha, amigo de quatro patas, toda aquela animação parece fazer-me ainda mais confusão, destacando o meu isolamento, ainda que cercado de pessoas por todos os lados. Parece irónico mas é, ainda assim, verdadeiro.
Sinto falta de uma boa conversa, mil ideias passam a grande velocidade pela minha cabeça. E se anunciasse a minha solidão ao Mundo ? Será que alguém iria reparar ou seria, mais uma vez, ignorado ? Ou ainda pior, julgariam as pessoas ao meu redor que tinha perdido, definitivamente, o juízo ? Chamei a simpática funcionária e pedi que me trouxesse um papel e uma caneta para que pudesse escrever. Rapidamente regressou com um pequeno papel, retirado da caixa registadora, e uma esferográfica. O espaço para escrever não era muito, mas decidi arriscar. A tinta azul rabisquei algumas palavras:
Solitário !
Necessito conversar com alguém ...
Apesar do número de curiosos e trocistas ter aumentado o resultado final foi exactamente o mesmo, ou seja, nem uma alma caridosa se aproximou para mitigar a minha solidão apenas pelo facto de generosamente ceder um pouco do seu tempo para conversar.
É este o triste Mundo em que vivemos, passando de forma arrogante pela vida dos outros sem reagir. É neste Mundo em que um Idoso pode morrer mesmo ao nosso lado e poucos dariam por isso. É este o Mundo em que a ganância se sobrepõe diariamente à bondade e solidariedade, ainda que estas duas últimas sejam gratuitas... É pena.
Tá?!...
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