segunda-feira, 11 de março de 2013

Os dias da cassete pirata.

Noutros tempos existiu um artigo a que chamávamos "Cassete". A palavra,  de origem francesa,  designa, neste caso, uma pequena caixa contendo um par de bobines onde enrola e desenrola uma fita magnética.  Pela sua dimensão,  peso e estrutura compacta,  a cassete foi uma autêntica revolução pois permitiu aos amantes da música e aos fanáticos da gravação áudio fazer os seus próprios registos e transportá-los para todo o lado,  no bolso do casaco ou no rádio leitor do carro. Foi uma inovação com um impacto comparável ao actual formato digital mp3.

Criada pela empresa Philips em 1963 foi rapidamente adotada em todo o Mundo graças a uma qualidade de gravação aceitável a um baixo custo.  Foram inventados leitores e gravadores portáteis e na década de setenta a Sony inventou o aparelho de uso individual a que chamou walkman. Foi um sucesso imediato e criou uma nova dimensão  da individualidade. Cada um era livre para se fechar no seu mundo sonoro, bastando para isso  fixar o walkman à cintura,  colocar os altifalantes de uso individual nos ouvidos e ligar o seu aparelho. O próprio presidente da Sony tinha um destes  dispositivos.



A pirataria, ou seja, a cópia ilegal de obras musicais passou a ser corrente.  Mas, a verdade, é que as próprias marcas de aparelhagens de som produziam dispositivos com gira discos e cassete integrados, que permitiam a cópia fácil.

Eu próprio fiz algumas cassetes piratas,  principalmente de música infantil,  para acalmar as netinhas que tanto me  pediam. Noutras tenho  guardados pedaços de história. A partir de Luanda gravava as emissões rádio, procurando manter-me informado com notícias da Metrópole e,  ao mesmo tempo,  guardar naquela caixinha mágica um momento da história,  um lapso de tempo. Guardo, com apreço,  sons do discurso de renúncia do General Spínola,  relatos das Cimeiras que permitiram acordar quanto à independência das então Colónias portuguesas em África ou, mais simplesmente, sons da felicidade em família.

Bendito o inventor desta pequena maravilha. A tecnologia, tendo coisas menos boas, é, ainda assim, fonte de belos momentos. Obrigado!


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