Até que enfim... oh gente destemida !...

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Num tempo em que tudo parece negro,  em  que o pessimismo é regra,  em que todos desconfiam de cada um e em que, frequentemente,  o egoísmo se sobrepõe à solidariedade,  por vezes surgem excepções a uma regra implicitamente assumida: a do "cada um por  si".

Numa sociedade em que o individualismo prevalece,  a inveja empobrece,  o ódio destrói, há acontecimentos que surpreendem e que são notícia de canto de página,  mas que infelizmente não ofuscam a desgraça diária.

Estamos em crise, dizem. Atravessamos uma época muito complicada, em que todos parecem querer deitar as culpas para cima do vizinho, sem querer assumir a sua quota parte de responsabilidade. O Governo queixa-se do desgoverno  de anteriores governantes, os patrões queixam-se que o Governo não os ajuda e que por isso custa-lhes pagar impostos,  o Povo lamenta-se da sua triste sina e do abuso de poder de quem os governa. Diz-se, em casa sem pão, todos ralham e ninguém tem razão. O Governo está desorientado, os patrões fogem com as suas fortunas para os tais paraísos fiscais e o Povo lamenta-se,  chora mas não actua. É mais fácil estar a receber o subsidiozinho e a fumar o cigarrinho na esplanada do café,  enquanto desanca nos ministros, do que levantar o rabo da cadeira e tentar,  ao menos tentar,  fazer, de facto, alguma coisa.

Nesta era de individualismo e muita ignorância,  certas atitudes e gestos de alguns trazem luz aos dias habitualmente negros. Gestos de solidariedade  são como uma fonte de água no meio de um deserto de tristeza.

Por vezes ainda somos surpreendidos. Desta vez,  um grupo de Super-Heróis,  qual super-homem ou homem aranha,  decidiu acorrer em auxílio de uma donzela em desespero, a qual, sob a ameaça cobarde da lâmina de uma faca,  viu ser-lhe retirada,  por vergonhosos malfeitores,  a sua carteira com dinheiro e pertences. Apercebendo-se da situação,  e a despeito do risco para a própria vida, estes Super-Heróis cercaram os cobardes vilões,  retendo-os até à chegada da polícia.

É de louvar publicamente esta atitude. Julgo mesmo merecedora de condecoração adequada por parte das Autoridades competentes.  Premeia-se tanta hipocrisia,  louva-se tanta estupidez,  que seria bem a propósito um elogio público a esta Gente destemida que mostrou que coisas boas podem ainda acontecer. O meu  elogio aqui fica !

Tá?!...