segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Solidariedade programada... por vezes até amargurada !

Todos os dias,  invariavelmente, nos últimos doze meses, temos assistido a uma avalanche de notícias sobre refugiados sírios, afegãos,  iraquianos, iranianos, curdos e sabe-se lá quem mais, fugitivos de guerras e misérias que não são de hoje e que persistem há dezenas de anos, isto para não dizer centenas ou mesmo  milhares, uma vez que são conflitos históricos, omnipresentes em toda a história da humanidade.

Uma horda de homens, mulheres e crianças, invadem diariamente a Europa  vindas do Norte de África,  do Médio Oriente,  da Ásia,  dos Balcãs, em busca de Paz,  uma vida calma e próspera. No meio de todo este caos muitos perdem a vida, incluindo muitas crianças inocentes, as quais são resgatadas, mortas, em  praias na Grécia e Turquia.

Alguns países europeus, mais directamente afectados, constroem barreiras, erguem muros, tentando proteger-se de uma invasão que não conseguem controlar. Outros apelam à solidariedade para com estes fugitivos da guerra e da miséria. O nosso conhecido Guterres, Comissário das Nações Unidas para estas coisas dos refugiados, aparece de vez em quando nas televisões apelando ao apoio aos  refugiados,  tentando assim mostrar serviço que justifique o salário milionário com que é brindado todos os meses.

António Guterres defende o reforço das capacidades de acolhimento

Tudo isto, como não podia deixar de ser, recorda-me os tempos em que também eu e a minha Família éramos refugiados no nosso próprio País,  quando, após o 25 de Abril e a Independência de Angola,  fomos obrigados a regressar à Metrópole, onde fomos tratados como estranhos e frequentemente hostilizados devido à nossa condição de "Retornados". Não me recordo de, na altura, ter ouvido o discurso de qualquer político, milionário ou não, a defender a nossa frágil condição e a apelar à solidariedade dos Portugueses para com outros Portugueses.

Há dias encontrei uma Senhora idosa, como eu, que fazia compras. Reparei que olhava para todos os preços com muito cuidado. Reparei também, concluindo com tristeza, que levava para o seu almoço uma carcaça de pão e uma lata de conserva das mais baratas. Queixava-se à moça da caixa de pagamento que gostaria de levar uma fruta mas como só tinha 1 euro não o poderia fazer. Ouvindo a conversa, não pude resistir e fui buscar um saco de maçãs que paguei e entreguei amavelmente à triste Senhora, que me agradeceu quase envergonhada.

Vamos ser solidários com quem conhecemos. Vamos ajudar quem precisa de ajuda. Quando resolvermos todos os nossos problemas vamos então resolver os dos outros.

Tá?!...

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