terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O caso do Domingos...


Ainda me recordo de, nos meus anos de estudante, em Luanda, de ter lido um documento oficial, suponho que ainda do tempo de Salazar, no qual, oficialmente, se extinguia a qualificação de cidadãos de primeira e de segunda, cuja desigualdade era aplicada, naquela época na então colónia de Angola…

O Domingos era um contínuo, de raça negra, muito estimado por toda a gente, trabalhador desde a fundação da empresa Sorel, em Luanda, já de cabelos brancos, mas muito dedicado ao trabalho.
Certo dia foi acometido por doença repentina e houve que conduzi-lo a Casa de Saúde, para consulta e tratamento adequado. 
Calhou, ser a Minha Mulher, Alvarina Teresa, secretária da Administração na altura, ter sido encarregada, pela Gerência, de cuidar e administrar no que fosse necessário, para que ao doente nada faltasse.
E assim procedeu, mas… surgiu um impedimento! Não havia vagas para recolher o doente, pois as existentes eram destinadas somente a baixas com direito a instalações de PRIMEIRA CLASSE.
Sem a menor hesitação, e a despeito da comunicação da Empresa relativa a tal facto, Minha Mulher, de imediato, tomou a decisão de instalar o doente na Primeira Classe, da Casa de Saúde.
Esta atitude, verdadeiramente humana assumida por Ela, valeu-lhe certas críticas desfavoráveis, assentes na cor da pele do doente, ao que Ela respondia ”Sou humana e gosto de fazer bem a quem quer que seja…”

(Esta Grande Senhora, Descansa agora em Paz, no Cemitério Municipal de Olhão)


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