sábado, 14 de novembro de 2015

Memórias da Revolução.. causticantes...

Há certos momentos que nos empurram, repentina e   inesperadamente, para reflexões, que  o tempo  se encarregou de ceifar,  e  que basta ouvir  um ligeiro  " RUÍDO ",  para que a mioleira seja remexida  e   exaltar o que de há muito  tem estado silenciado, e quase que já  há perto de um século, retidos nos escombros do  esquecimento. Esta prosa, vem a propósito de um programa que acaba de ser emitido pela RTP1,   sob o titulo  "Sexta às 9 " ,  seguido de um excerto, diariamente  transmitido denominado "Memórias da Revolução".

O conteúdo dos programas que acima são reportados,  baseia-se, quase sempre,  em situações inerentes a casos de injustiças praticados  ao longos dos anos, aos quais a televisão  pretende dar certo destaque, e  comenta-los, de seguida.

Há historias, e historietas, de episódios que  advém de situações que emergiram da tão falada "exemplar descolonização",  na qual fui um protagonista,  de certo  modo ignorado, que quase daria para um  filme.  São das tais "memórias da revolução", de que,  vou  procurar aqui  relatar,  com um fim de entretenimento..

Como inicio do "programa",  dou conta  que   nasci em Luanda ( Angola), a 12 de Abril de 1928, onde perpetuam os ossos da minha saudosa Mãe, (Maria Helena),  meu querido Irmão  (José Duarte) e meu respeitável  Avô (Joaquim do Carmo Ferreira),  sepultado em Nova Lisboa, a coberto  da  honrosa bandeira de Portugal.  Exerci, depois de concluídos os meu  estudos estudantis,   funções laborais, em Empresas nacionais, estrangeiras e Bancárias., com êxito e dignidade,  conforme provam  fotocopias de algumas cartas, que ainda tenha guardadas, das quais reproduzo cópia de alguns  originais.

Quis o destino, que nas vésperas da independência  de Angola, fui acometido por grave doença, que, para a sua cura, não tive outro remédio senão o de apanhar um avião da TAP e rumar , com urgência, para uma clínica sediada em Lisboa.  Por tal motivo, não me foi possível assistir ao hastear da nova bandeira angolana,  pelo que,  tempos depois, não sei porque rezão, destruíram-me todo o recheio que tinha deixado na minha residência, em Luanda.  Para encurtar factos, acabei por vir cair de "para-quedas" nesta  acolhedora cidade de Olhão, onde, depois de sessenta anos de casado,  minha saudosa e querida Esposa acabou por partir para a Eternidade, Junto de Deus, onde descansa em Paz.

Com o direito a uma pensão ( a mínima no sector bancário) cá vou vivendo, e, para me ir entretendo para afugentar a solidão, cá vão mais uns relatos do que tem sido a vida de um " Velho do Restelo Grisalho"...








 
São cartas abonatórias de Empresas   onde prestei serviço e executei funções de Chefia Contabilística.

Aconteceu, certo dia,  um certo "acidente", quando transitei de uma Filial Bancária, de  Moscavide, para Matosinhos(no Porto), que  provocou, em certa medida, a minha inesperada  "catadupla" para a situação de Reformado Bancário,  que  passo a explicar..  Logo à minha apresentação à gerência da Filial bancária , para onde  recentemente  fora transferido, a pedido pessoal,  notei logo  a existência de  uma grande divergência de animosidade entre o gerente e  a  Séde  Central  do Banco, porque havia ali qualquer coisa que não corria lá muito bem. Isso porque, talvez por uma questão de invejas, o gerente fora acusado de "beneficiar",  inicita e monetariamente,  a sua Esposa,  negociante e proprietária de uma Camisaria, naquele mercado.  Não correspondia à verdade, pois o gerente, pessoa honesta,  cumpria rigorosamente  as normas e regras impostas no exercício da sua  actividade, como se provou mais tarde  Certa tarde, um grupo  policial, mandatado pelo sector jurídico para vir buscar o tal Gerente,  ao  sair  do  Banco, foi interrompido por um estampido de uma pasta atirada estrondosamente para o chão, em sinal de protesto, cujo autor é o mesmo  que está´neste preciso momento  alinhavando esta "novela", e que me lembre, gritei " este nosso Colega,( Raul Peixoto) que  esta sendo levado pela Policia, como "gatuno", esta sendo injustamente conduzido pelos policias, pois entendo que, enquanto não for provada a sua inocência,  considero um castigo   o que injustamente  lhe está sendo aplicado,  e, quanto a mim  esta sendo vitima , neste momento de uma atroz vergonha.".

Provou-se, de seguida, que eu estava dentro da razão.

Para o substituir, no dia seguinte apresentou-se ao serviço, um  novo trabalhador bancário, para assumir a gerência, em substituição, e, com grande desplante,  e vaidade, apregoava  que fora Director de uma Agência Bancária, em Angola.  Mas, como diz o Povo" a verdade vem sempre à tona da água", eu, que efectivamente exercera funções de chefia num outro Banco concorrente,,  recebia, confidencialmente, papelada sobre  os nomes dos responsáveis das  suas agências espalhadas  pelo  país, e desmenti a arrogância do novo gerente, dizendo.. "O Senhor  vem  para aqui anunciar que era Director, mas eu   tenho comigo a prova que o Senhor era   "Caixa Móvel" e nunca foi director, como anuncia   aqui arrogantemente"..

Claro que isto motivou grande "borborinho", e,  aqui está a prova documental do que tenho vindo a relatar..

LISTA NOMINAL DOS GESTORES DE AGÊNCIAS NO PAIS

                                     Sempre fui contra todo o tipo de injustiças  praticada contra Colegas....



Fui vitima da vingança do meu novo gerente... que escreveu o seguinte e recebeu  esta resposta:

"Mais informamos que  hoje faltou ao serviço o n/colega  Snr. ARMANDO BATISTA por motivo de doença...
..."... PS - ... Entendemos por bem manifestar a n/ preocupação relativamente ao estado de saúde ou ao estado psíquico deste  funcionário, que, felizmente fora das horas de expediente de ontem e com o n/ Gerente em serviço exterior, teve um manifesto de desequilibro que provocou, naturalmente preocupação e tensão neste local de trabalho, tendo sido levado ao hospital."

E acrescenta mais o seguinte:

..."pois, uma Agencia ou qualquer Balcão, não pode estar exposta a imprevistos resultantes do estado de saude ou psiquicos de qualquer dos seus elementos, conquanto eventualmente, poderão até sentir-se mal colocados em qualquer desses casos..."

A resposta que veio de seguida da Direcção e Sede  do Banco, foi esta:-:

..." O sucedido com este empregado poderá acontecer a qualquer outro que  não se encontre em condições físicas ou psíquicas normais  Como tal deverá ser submetido a tratamento médico adequado e só retomar o serviço depois de considerado apto pelos serviços clínicos que o têm vindo a acompanhar..."




Final da história.... Hoje sobrevivo com uma pensão de reforma, equivalente ao  mínimo salário contratual  na actividade bancária  igual à de APRENDIZ DA BANCA... depois de ter sido Chefe e Componente de uma equipe que Fundou  um dos  maiores bancos  que existia em Angola - BANCO TOTTA-STANDARD  DE ANGOLA.


Tá?!...

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