Entre outros factores elogiosos que a distinguiram, pus em destaque, o facto de, apesar de viver em território angolano, nunca teve problemas relacionados com o racismo, tratando todos por igual. E, já agora, pedindo desculpa, por mais uma vez, vir repetir um caso que se passou, numa grande empresa, em Angola, em que a minha Mulher, era Secretária da Direcção, pelo que desafio qualquer português, que na época Salazarista, tenha exercido igual comportamento
Na dita Empresa (Sorel-Caterpillar), onde também trabalhei muitos anos, com exemplar comportamento (documentalmente comprovado), havia muitos empregados (Brancos, Pretos,e Mestiços) que eram dispersos por vários Departamentos, e distribuídos por zonas geográficas, por toda a Angola. Havia, entre todo o Pessoal, um colaborador, já de avançada idade, de cor negra, e que era muito estimado, e querido, que exercia a função de "contínuo".
Certo dia, esse estimado empregado, dentro das horas de serviço, sentiu-se mal, pelo que houve necessidade de o transportar, com urgência, para a Casa de Saúde, existente na data, como Hospital de Atendimento Publico.O Domingos (assim se chamava o empregado que adoeceu), foi atendido pelos Serviços de Urgência, e, após o atendimento, tinha sido decidido interna-lo imediatamente, mas surgiu um grave problema... não havia vaga para este doente, na enfermaria do hospital, pelo que não podia continuar ali, e por isso, regressar e sujeitar-se a consequências funestas. Só havia vagas em quartos de primeira, de luxo, com custos muito elevados, mas... só para" brancos endinheirados" !
Isto revoltou a mente e sentimentos da minha Mulher, e, como secretária administrativa da Firma onde o Domingos era empregado, telefonou para a Direcção da empresa, dando conta que, à sua responsabilidade, decidiu mandar internar o pobre Domingos, em Quarto de Primeira Classe, onde acabou por ser convenientemente tratado e... salvo da morte, que se estava avizinhando...
Claro que de imediato, surgiu muita censura discordante da atitude assumida pela minha Mulher !...
Mas Ela não se atemorizou.
Resultado histórico..: a partir de então, toda a criança que viesse ao mundo, de pais africanos, trabalhadores da então "Sorel-Caterpillar", tinha sempre uma Madrinha em perspectiva... A DONA ALVARINA TERESA... Todos a adoraram, sobretudo na classe menos endinheirada...
Por isso, quando veio de Angola, Esta Senhora " Madrinha Colectiva" tinha já na sua agenda, dezenas e dezenas de nomes de AFILHADOS, angolanos, que hoje já devem ser bem adultos ...
Coisas que marcaram bem o "passado"... e que ainda se reflectem no presente !..
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Tá?!...
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