quarta-feira, 11 de novembro de 2015
Surpresas surpreendentes...
Esta manhã fui surpreendido por uma mensagem de correio electrónico cujo conteúdo consistia numa oferta de emprego para Angola. Fiquei atordoado sem perceber muito bem o que era aquilo, sem entender sequer como é que haviam chegado até mim, uma vez que não tinha concorrido a qualquer oferta de emprego em território angolano.
Recordei imediatamente a minha oferta pessoal à nação angolana, como angolano que sou, dos meus préstimos como profissional qualificado e com experiência documentalmente comprovada na área financeira e da banca. Na altura, em 1975, pareceu-me o mais lógico: ajudar o meu país a desenvolver-se, agora na qualidade de nação independente.
Como é patente no documento fotocopiado inserido acima nesta publicação, a minha oferta foi liminarmente recusada. Achei injusto e sem sentido, recusarem a oferta de colaboração laboral de alguém com as minhas qualificações e experiência, tudo confirmado por documentos que ainda hoje conservo. Confesso que foi difícil aceitar tal recusa, a qual na altura me deixou bastante triste. Ainda hoje imagino como poderia ter sido a minha vida se tivessem aceite a minha proposta.
Não consigo imaginar a razão para tal recusa. Face aos dados de que hoje disponho e ao que entretanto fui vislumbrando, acredito plenamente que o motivo da recusa se prendeu única e exclusivamente com o facto de não ter, eu, a cor certa. Quando digo "cor" refiro-me à cor da pele, demasiado clara, e à cor política, uma vez que nunca fui pessoa de "lamber botas" à espera de algum favor quando a inevitável independência acontecesse.
E aqui estou eu, aos oitenta e sete anos, ponderando aceitar ou não a oferta que agora me enviam. A crise angolana, tão falada nas televisões, está certamente a mexer com aquela gente, ao ponto de, desesperados, andarem a enviar ofertas de emprego a "Velhos do Restelo Grisalhos" com quase cem anos...
Tá?!...
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