sábado, 3 de fevereiro de 2018

Mais uma historieta que não saiu da memória de um Velho...

De entre as duas dezenas de fotos que inclui  no meu blog que ontem emiti, acerca dos movimentos  laborais que fui exercendo ao longo da minha vida, tanto em Angola, como em Portugal Continental,  não inclui estas duas transcrições fotográficas, o que vou fazer, para contar mais uma  história,  que me parece vir a merecer o interesse e  curiosidade por parte de alguns dos meus saudáveis Leitores, que neste momento  a Net anuncia que já  ultrapassa uma centena....
Eis as fotos novas:


Quando vim de Angola, por ter sido  forçado a submeter-me  a um "exílio",  a  Família residente em Lisboa, albergou-me, tal como à  minha saudosa  Esposa (Alvarina Teresa), já falecida, e,  no decorrer de certas  situações  emergentes da procura  de   uma  nova vida perspectivada, para sobrevivência, encaminharam-se-me oportunidades de emprego, por parte de empresas sediadas em Lisboa, e arredores,  que fui aceitando,  até que me fora  surgida  uma  admissão na Banca, por despacho ministerial,  tendo mais tarde sido Reformado, com direito a uma mísera pensão no sector Bancário.

Uma das empresas para a qual fui convidado a  vir a ser Chefão Contabilista, foi a Nacional Rádio, na Cruz Quebrada, negociante dos produtos da General Electric, e outro material de constrição civil, que, na altura fora confiada ao Sector Bancário.

Historiando, agora,  o que se passou, conforme   a leitura dos textos das fotocópias reproduzidas,  acabei por ser convidado a prestar trabalho profissional, na actividade financeira,  na dita Nacional Rádio, e.... logo ao primeiro dia  no inicio do exercício profissional para que fora convidado,  ao  entrar na sala que me fora confiada, para começar a trabalhar, exigi que retirassem todos os luxuosos apetrechos que enfeitavam o gabinete que  me fora confiado,  porque todo o luxo que rodeava o salão fora por ordem do Chefe que eu iria substituir, a partir daquele momento.  A explicação que me fora dada era a de que o Chefe demitido, e que eu  vim a substituir, era muito vaidoso,  muito pouco honesto e que fora preso por falsificações que cometera,  de elevados valores.

Claro que tudo isso, a partir daquele momento, fora passado a simplicidade. Diziam-me até que para se chegar ate ele, mesmo em matéria serviço, era necessária prévia autorização, algo que comigo `»a frente das tropas ficara facilitado...

Organizei e administrei métodos de trabalho adequados,  fui bem recebido pelo Pessoal, e pela a Administração da Banca, que me confiara o exercício administrativo ,  de harmonia   com todos os efeitos legais.

Calculem só, que cheguei a registar, contabilista e financeiramente, chegada de camionistas dos camióes que tinham saído carregados com material para venda, e que, no regresso alguns deles até tinham vendido material até ao montante de  cinco mil contos, cada um(ainda o Escudo).

Mas... (há sempre um "mas"...)

Tempos depois, isto é,  cerca de  poucos anos se passaram, certo dia, recebo a seguinte comunicação:

Senhor Armando Baptista, tem que  regressar ao seu antigo posto de trabalho, na filial do Banco, de onde partira, no seu antigo posto, onde  exerceu uma actividade bancária, porque..


UM TAL IMPORTANTE DIRECTOR QUE ESTAVA EXERCENDO FUNÇÕES NO MESMO BANCO  ONDE  EU ESTIVE,  ALEGOU QUE ERA ELE QUE TINHA O DIREITO DE VIR A OCUPAR O  MESMO LUGAR QUE ME FORA CONFIADO.

PORQUE EU TINHA VINDO DE ÁFRICA... E QUE ELE NUNCA TINHA  SAÍDO  DE PORTUGAL.... 

E PRONTO... FUI DE NOVO EMPURRADO, NAQUELA ALTURA, PARA A AGÊNCIA DE MOSCAVIDE, TENDO A COMISSÃO DE TRABALHADORES ACCIONADO UM PROTESTO, QUE RESULTOU EM... NADA !....


(Mais uma acontecida a este  Angolano de Portugal) ...

Igualmente quanto  ao que vem relatado  nos  documentos que se seguem,  há um pormenor  que, se fosse hoje, teria tido uma diferença de decisões, por parte da Entidade Bancária  onde acabei por ser admitido, em Lisboa,  na altura, e em  que as decisões justiceiras foram  quase posta de parte...

O Atestado Médico, subscrito pelo Dr.  Psiquiatra, José António Alves Carneiro  dos Santos,  licenciado em  Medicina pela Faculdade no Porto,  especialista em Psiquiatria Pela pela Ordem dos Médicos, prestando serviço de assistencial Médico-Social do Sindicato dos Bancários do Norte, tinha declarado, sob palavra de honra que, "...tem vindo a observar regularmente o Sr. Armando José Carmo Ferreira Baptista (que sou eu), apresentando um quadro depressivo ansioso de evolução arrastada e que a referida patologia tem causas reactivas ligadas ao local de trabalho e o impede de normal exercício das suas funções, sob pena de agravamento da sua saúde, e que está sujeito a uma morte instantânea, pelo que uma Reforma imediata seria  o aconselhável...". Pela resposta que a Direcção  prestara, ao aconselhamento muito grave, do médico... como a pouca importância que  foi dada ao  meu estado de saúde, agravado,  derivado e devido  aos  maus tratos, e insultos,  comprovados,  a que estive sujeito, naquela filial do Banco Pinto & Sotto Mayor, em Moscavide, só porque era um Português nascido em Angola..

Resultado...

Hoje estou Reformado, na actividade bancária, com direito a uma misera e simples pensão de reforma....  aos 90 anos de idade... !...





C'est la vie.... de um honrado passado, que já não volta mais...

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