terça-feira, 23 de junho de 2015

Um por todos e todos por um...

Nestes livros que aqui se encontram fotografados, de entre os muitos que se conservam guardados nas prateleiras, na  pequena saleta onde passo a maior parte da minha vida, porque a minha saudosa Companheira Nupcial, ao cabo de sessenta anos de feliz convivência,  motivada por doença incurável, quebrou o "juramento" que fizéramos no Altar de Nossa Senhora do Carmo, em Luanda, de vivermos com amor, até que a morte nos separasse... e, em Olhão, em casa, a morte  separou-nos mesmo, na manhã de 12 de Novembro de 2010... Como ia afirmando, abordam cenas e factos da nossa vivência conjunta, de que se compõe esta  singela "autobiografia", que me leva a recordar os bons, momentos que existiram no nosso  seio familiar.



A minha querida, inesquecível, adorada e doce Mãe, a 12 de Abril de 1928, trouxe-me ao Mundo (o Armando - Mandinho) numa manhã, em Luanda, Angola, quando morávamos na Zona chamada Penedo, junto ao mar, nesta casa, que na data, era propriedade da Marconi, e dos CTT-Angola.

Após dois anos do meu nascimento, veio ao Mundo o meu saudoso irmão José Duarte (o Zé Bate), já falecido, há pouco tempo, em Luanda.

    



Pai (Domingos José); Mãe (Maria Helena - falecida 5 anos após o meu nascimento); Avó (Helena); Tias (Dulce-Chinha) ; (Gabriela-Belela) e  Tio (José Pedroso Botas), foram os que me criaram e educaram, ao longo dos meus estudos, até à passagem da minha promoção à vida Militar, por imposição  legal.

O nosso casamento - Luanda.
Mais tarde,  casei-me com a saudosa, Santa, Alvarina Teresa, que me "ofereceu" a rica Filha (Ana Paula) e depois o digno Filho (Álvaro Manuel), que hoje já são Papás... das minhas quatro queridas nétinhas (Ana Cláudia, Ana Teresa, Ana Carolina e Mariana )....

Saudosa Alvarina Teresa.


A minha querida e saudosa Alvarina Teresa.-Em Luanda.
O autor - Armando... em Cabinda (Angola)

O Mandinho (Armando)



Armando e o irmão José Duarte

Armando.

Historiando..
O autor - Armando - Luanda. (era um pimpão, enquanto solteirinho !)

Como prova o recibo fotocopiado, abaixo, durante muitos anos, com Mulher e Filhos, tive a minha residência oficial, num prédio alugado, no Largo João Fernandes Vieira, Luanda, onde recebia Amigos, e na garagem traseira, guardava o meu barco, com motor, e o automóvel  que nos conduzia pelas estradas e caminhos de Angola, em viagens de recreio e, atrelado ao automóvel. Aos fins de semana, íamos para a pesca na Barra do Rio Cuanza, onde certa vez íamos morrendo, devido a uma falha no motor, em que a corrente do rio nos atirava para a  gigantesca e temível  foz do rio que desaguava no oceano Atlântico.

Para comprovar, ainda, que mantínhamos uma larga  esperança de  que "ANGOLA ERA NOSSA", eternamente, e que estivéssemos descansados, pois ainda acreditávamos nos bons costumes dos nossos governantes, metropolitanos, no tempo Salazarista, na minha residência, dado o clima quente  africano, instalei nos quartos de dormir, o sistema de ar condicionado, para que dormíssemos em Paz e Sossego. V. a factura e recibo seguinte:

Recibo da importância paga pela instalação.
Início da inesperada fuga aos actos de indisciplina e criminosos dos partidos MPLA e UNITA.

Eram oito horas da manhã, estando a Família a tomar o mata-bicho, descansadamente à mesa,  quando, repentinamente, sentimos um estilhaçar dos vidros da janela, que dava para a rua, acompanhado por um tiroteio, perto da nossa porta, no qual estavam envolvidos partidários da MPLA e da UNITA. A tendência deles era virem atacar-nos e, provavelmente, matarem-nos, com as suas metralhadoras, pelo que, perante esta  explosiva e repentina  situação, agarrei na Família e, com o que pudemos salvar, dirigimo-nos de seguida a caminho do aeroporto e, ali, na TAP, adquiri dois bilhetes de passagem para que Esposa e um Filho menor, se metessem num avião com destino a Lisboa, para aí, pelo menos não serem metralhados. E fiquei, depois, a viver, sozinho, na  minha habitual residência, em Luanda, até que....

Os bilhetes de ida e volta, na TAP (já caducados, naturalmente...).

...Voltando um pouco atrás na cronologia, ainda antes de recambiar a família para a "Metrópole" em busca de segurança, houve uma vez, em que eu exercia o cargo de chefia no Banco Totta-Standard de Angola, e, a certa altura, a Gerência do mesmo, facilitou-me uma ida à África do Sul, a fim de ser aí tratado clinicamente, por Organismos adequados, a uma doença que me afectara, para a qual em Luanda, eram inexistentes os meios para salvamento. É de destacar todo o apoio expresso pelo Banco e concretizado na carta de recomendação abaixo fotocopiada. Recordo, ainda, nesta ocasião ter-me sido facultada a possibilidade de usufruir da quantia, em Rands da África do Sul, de que necessitasse para cobrir despesas. Lembro-me que não gastei um único Rand. E fui muito bem tratado, tendo-me sentido sempre como se estivesse em casa.


Nós tínhamos, em Angola, um certo alívio financeiro, que nos permitia salvaguardar algum dinheirinho, efectuado aquisição de títulos no Banco. Depois... foi tudo por água abaixo....

Uma aposta num futuro que se esfumou de um dia para o outro...


Já perto da data de independência de Angola, já depois de ter eclodido a Revolução de 25 de Abril de 1974, em Portugal, estando ainda em exercício e na actividade laboral bancária, fui de novo afectado por uma doença que só em Lisboa tinha possibilidade de tratamento. Por tal razão, dei conta por escrito, à Direcção do Banco, da necessidade de me deslocar, com urgência a um hospital em Lisboa, pelo que fui autorizado, mas por minha conta e risco, sem ajuda financeira por parte da entidade bancária, onde estava executando trabalhos relacionados com a nova dinâmica independentista. A autorização foi-me concedida pelo meu próprio "contínuo" que passara a ser o Chefão, a sobrepor-se  hierarquicamente aos antigos funcionários bancários.A cor da  sua pele pode ter estado na base para tão rápida promoção aos novos cargos no desempenho de chefia, sobrepondo-se aos que  exerciam tais funções e cargos antes da "exemplar descolonização"... Digamos que foi uma discriminação "colorida", sem ter em conta, na maior parte das vezes, méritos e qualificações.


Paguei do meu bolso o bilhete de ida e volta, de avião, na TAP.

Como tive que me manter em tratamento em Lisboa, e coincidindo com a chegada da data da independência de Angola, não me foi possível regressar a minha terra Natal, a fim de poder assistir  às solenidades que definiram a independência de Angola, em relação à antiga Pátria da Bandeira Portuguesa.

Por razões não apuradas, relativamente a todo o recheio habitacional que tinha em Luanda, após a passagem à independência, fui informado que todos os meus bens e recheio deixados em Angola, tinham sido  recentemente totalmente destruídos e que deixava de ter direitos na terra que me vira nascer.

Recebi, posteriormente, uma carta emitida pela Embaixada de Angola, em Lisboa, conforme  o teor  que de seguida reproduzo:


Surpreendeu-me semelhante resposta à carta que enderecei, a semelhante Entidade, na medida em que me dispunha a prestar a minha colaboração técnica aos Serviços que se ligassem a nova e recente administração no pelouro contabilístico. Tenho a tranquila consciência de ter sempre cumprido com dignidade, honradez e lealdade, trabalhos que me eram confiados, em Angola, antes da descolonização, sempre com êxito, de que possuo documentação comprovativa.

Alvarina Teresa.
Contrastando com o que depreendi, quanto ao teor da carta  acima referenciada, ocorre-me uma situação reveladora de que a questão racial não constituía problema no meu  meio familiar, pois, recordo-me, que certa vez, a minha saudosa Esposa, que  exercia o cargo de Assistente Administrativa, numa importante empresa, sediada em Luanda, certo dia foi-lhe confiada a missão de prestar assistência a um antigo e velho continuo, de cor, que adoecera repentinamente. Ao  ser atendida pela gerência do Hospital, fora informada que não havia vagas para tal doente, e que o Hospital só dispunha no momento, de instalações de luxo, de primeira classe, e que o seu doente não tinha a categoria adequada para  ser instalado em semelhantes abrigos para velhos idosos, ainda por cima, de cor negra. Perante esta  imposição, por parte do Estabelecimento hospitalar, a minha saudosa Esposa,  assumiu o compromisso, imediato, de se responsabilizar pelo elevado preço que era exigido (porque afinal também estaria em causa o "dinheirinho" !) e foi assim, que o velho Domingos (assim se chamava o doente), se salvou de uma morte certa, ultrapassando as fúteis exigências que era comum serem aplicadas aos desafortunados, apenas por serem de raça negra. A minha Mulher sempre foi uma Santa, para toda a  Gente...

Vejamos que numa competição em corridas pedestres, logo ao apito de sinal  da partida, começa-se a destacar, decorridos mais ou menos os cem metros, os que vão aguentar até a meta final e os que vão desistindo ao longo  do percurso das longas marchas. Assim é a vida...

Quando nascemos,  até Deus dizia..."Venham a mim as criancinhas...". Depois, crescemos, crescemos,e vamo-nos desenvolvendo, consoante a Natureza vai "alinhavando" os nosso destinos, até que um dia, viremos a ser ceifados por uma foice que nos atirará para um eterno Adeus.

No meu caso pessoal, ainda dou Graças a Deus, lá por ter perto de noventa anos, ainda sou  beneficiado e amparado, embora em estado de viuvez, pelo carinho que me é dispensado pelos Filhos e Netinhas, que, atentas aos meus sofrimentos, impostos pela própria Natureza, não me deixam morrer à fome... mas... nada se compara com a saudade que prevalece, decorrente da ausência de quem mais amei, na vida - a  dedicada Esposa e Amiga, Alvarina Teresa, que Deus tenha..

Armando-Condecorado !
Fui atirado para  a  classe dos Seniores, sobrevivendo de uma pensão de reforma bancária, após tantos anos do exercício de chefia contabilística, tanto em Angola como em Portugal, sempre com êxito comprovado, mas que, por despachos ministeriais, durante o período em que se vivia consoante o relato  produzidos nos livros que acima se apontam (exemplar descolonização), do nível superior em que me encontrava enquanto no activo, por razões  sindicalizadas em acordos, após a passagem à situação de Reformado, passei a ter direito a uma mensalidade igual à remuneração do nível de admissão na Banca, ou seja, a de aprendiz na Banca.

Apreciem agora, as injustiças que se  operaram em relação a um Bancário, já idoso, que, na sua terra Natal, Angola, durante longos anos, na sua actividade laboral, até chegou a ser incluído num grupo de Técnicos que fundou e assumiu a chefia directiva/contabilística de um valioso Banco (ex-Banco Totta-Stamdard de Angola) e que agora sobrevive com uma pensão de reforma, a mínima no sector  bancário...

(Publicado no jornal Correio da Manhã de terça-feira, 23/06/2015)


Jornal "Correio da Manhã"  23/06/2015... E esta, hein ?...

Sou um afortunado... ainda conto com amizades que não dispensam o carinho que lhes dedico, e que me fazem companhia, que afugenta a atroz solidão e isolamento doméstico
Armando - já velhote...

O Pelinha...
Dr. Marinho e Pinto e eu...
















Estamos em vias de eleições e, por esse motivo, alinhei no âmbito da  defesa dos mais desprotegidos e carenciados de uma justa Justiça, defendido pelo ilustre Dr. Marinho e Pinto, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, iniciador do PDR - PARTIDO DEMOCRÁTICO REPUBLICANO e, provavelmente futuro vencedor de uma batalha que se vem travando neste cantinho à beira mar plantado - Portugal. Como sempre fui contra as corrupções e  injustiças, vou alinhar, tal como o fiz numa altura em que, no passado, me candidatei a deputado à Assembleia da República, filiado no ex-PSN - Partido da Solidariedade Nacional, já extinto.

                                
Eu também sou  "perigoso" e por isso, feroz combatente contra os traidores APÁTRIDAS.  e CORRUPTOS, QUE SE  DEIXAM  EMBRIAGAR PELA VISÃO  DO  PODER - miseráveis superiores .....

(Jornal "Correio da Manhã" de Terça-Feira 23/06/2015):

Amor e fé nas obras se vê....

VIVA  PORTUGAL !!!!!

Tá?!...

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