quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Contornos da vida....suplícios abrangentes...

Mais uma vez, impulsionado, e inspirado na  leitura que vou fazendo ao livro que me veio parar às mãos, por via "milagrosa", "Holocausto em Angola", da autoria de Américo Cardoso Botelho (já falecido), despertou-me certa emoção, o texto inserido na página 90, e que de seguida aqui reproduzo, com o devido respeito:


Reproduzindo, parte do texto:

"[...]Renegando a tradição penal portuguesa que, havia séculos, tinha abolido a pena de morte, o MPLA institucionalizou-a com a lei  1/78. No preâmbulo fala-se da necessidade e das vantagens dessa medida [...]".

Isto faz-me lembrar e vir à minha cansada memória, uma situação a que estive submetido, precisamente  na altura em que se movimentavam transacções implícitas com o Movimento de Transição, relativamente ao futuro do poder económico, que estava sendo perspectivado para  Angola, em que inicialmente eu fora protagonizado para intervenção de medidas técnico/contabilísticas mais aconselháveis para futura normalização de sistemas conotados com a Banca, dada a minha experiente actividade laboral, exercida no meio Bancário, em Angola.

Tudo isto se passava numa conturbada época, relacionada com a "exemplar descolonização"!

Porém, por uma questão de segurança pessoal, mercê da convulsão a que vínhamos assistindo, e  perante um reflexo de uma luta bélica, com tiros de metralhadora, que, logo pela manhã, pessoal armado se conflituou bem perto da porta da minha residência, em Luanda, de imediato peguei nos braços da  minha saudosa Mulher, Alvarina Teresa, e transportei-a, de seguida para o aeroporto de Luanda, onde adquiri bilhete de viagem , na TAP, que a transportou com destino a Lisboa, para junto da Família que a acolheu. Assim, fiquei a viver sozinho em Luanda, a aguardar melhores dias.

Começamos a trocar correspondência, durante certo tempo, e numa  das cartas que lhe dirigi, dei-lhe a noticia que, em Angola, acabava de ser legalizada a Lei que instituiria a Pena de Morte...

Assustadoramente, minha saudosa e querida Esposa, mandou-me de seguida o seguinte recado:

..."Que estás a fazer na terra  onde nasceste e que agora, um dia, podem até fazerem-te mal...    VEM-TE EMBORA, E JÁ...."

Quis o destino que, semanas depois, tive mesmo que apanhar um avião que me transportou com destino a Lisboa, a fim de ser hospitalizado num Hospital que acabou por salvar-me de um final de vida... bem horroroso...

Vim a ter conhecimento, mais tarde, de que fora abolida a nova lei que estabelecia a pena de Morte, em Angola...

Cést la vie....

Tá?!...

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