sexta-feira, 21 de agosto de 2015

A ponte para lado nenhum...

Hoje, dia 21 de Agosto de 2015, apoiado na minha muleta, pois com perto de 90 anos, já ultrapassei a dinâmica física que tinha antes, de poder a andar quase a cem à hora, a pé (ahahahah), fiz o percurso de ir ao centro da cidade de Olhão, palmilhando cercada de 4 quilómetros, de ida, e outros tantos de volta, a fim de ir pagar, à Companhia de Seguros, o Seguro do meu velho carro, parado há dezenas de dias, pois aquece demasiado nesta época quente de verão, e, após ter subido uma escadaria de uns 20 degraus, chego à porta da Seguradora e o que vejo afixado no vidro:
"Estamos de férias ... encerrado".

Claro que retrocedi a casa, com muito custo, pois palmilhando, mesmo com a muleta, dizem os Entendidos em Medicina, que só me faz bem andar... andar... mas devagarinho!..

Entretanto, no meio disto tudo, há um grave e sério  problema, que passo a contar...

Tinha duas alternativas para chegar ao meu destino, a tempo e horas: ou utilizava o túnel com grandes escarpas, à entrada e à saída, para passarmos de um lado para o outro, com elevações acentuadas nos passeios, bastante cansativos, ou, na alternativa, utilizava umas passadeiras, em madeira, semi-apodrecida, que se cruzam com os carris do caminho de ferro, onde assentam os rodados das locomotivas, colocados nas linhas de caminho de ferro, embora apenas como alternativa temporária, até que se iniciem os trabalhos acordados com a empresa ferroviária. Tal, porém, já  está demasiado tardio relativamente ao que fora combinado, para que na cidade  não se implemente o que fora   antes... um "Muro de Berlim"...

Vem este blog a propósito de um Problema, bastante sério, agora colocado à mesa das respectivas Administrações Políticas, abrangendo condutas de legalidades directamente relacionadas com  o  apoio  às pessoas cuja capacidade para se movimentarem é limitada,  entre as quais se encontram os Idosos,  fruto das limitações impostas pela idade.

Há cerca de dois anos,  mais coisa menos coisa,  a passagem pedonal sobre a via férrea,  próxima da estação de Olhão e por isso situada em plena avenida da República, foi encerrada pela REFER alegando falta de segurança. Isto aconteceu apesar de não haver  memória de acidentes nessa passagem,  a qual divide a cidade em dois. Os protestos foram muitos e entre protestos e repressão policial que  chegou a montar guarda ao local, esta passagem foi abrindo e fechando.

Como não me deslocava a este ponto da cidade há algum tempo,  fiquei surpreendido ao ver que a referida passagem sobre  linha do comboio estava  novamente em uso. Mais surpreendido fiquei quando verifiquei as condições precárias e perigosas em que as pessoas a utilizavam. Não resisti a fotografar. Duas travessas de madeira grossas servem de ponte para ultrapassar uma vala com alguma profundidade,  caminhando depois sobre a gravilha instável entretanto colocada pela  REFER  junto à via. Sujeitos a tombarem para dentro da vala,  escorregarem e caírem sobre a gravilha que rolava sob os seus pés,  crianças, adultos e Idosos ultrapassavam com muita dificuldade estes obstáculos,  com o intuito de evitarem o percurso pela passagem inferior (túnel) com um elevado declíve e inclinação.

Suponho que esta "obra" não  é da responsabilidade da Câmara ou dos Caminhos de Ferro. Será, seguramente,  o resultado da intervenção do Povo Olhanense,  contra a obrigatoriedade em usar o já referido túnel. Têm sido prometidas  obras. Uma nova passagem  pedonal,  devidamente sinalizada,  ou uma estrutura que diminua a inclinação da passagem inferior. Mas enquanto isso não acontece,  lá vemos as pessoas a passar sobre a linha,  tal como fizeram durante dezenas de anos. E se alguém cair e se aleijar com gravidade ? E se alguém escorregar na gravilha,  cair sobre a linha, e for atropelado por um comboio ? Quem é o Responsável ?

No meu caso, e de muitos outros idosos a quem as pernas pesam demasiado, a tentação de utilizar esta "passagem pirata" é demasiado grande, como alternativa a subir o inclinado túnel inferior. Mas a verdade  é  que a responsabilidade é de cada um que arrisca estes  malabarismos. O acelerar das obras seria uma medida de protecção da incauta população e dos menos  móveis em particular,  nomeadamente os mais Velhotes,  já suficientemente causticados pela idade e tantas vezes desconsiderados.

Enfim,  fica este alerta, este pedido de ajuda,  para que não se venham a lamentar mais tarde.  Que não façam como o outro,  que depois da casa assaltada é que pôs as trancas  na porta.

Finalmente, aqui  deixo  algumas imagens que comprovam o que descrevi,  para que não digam que ando para aqui  a inventar coisa...

Tá?!...



 




 

 
 

 

 
 
 
 

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