segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O muro das lamentações...

A doce Mulher da minha vida...

O tempo está a mudar.  Ainda é verão mas já se nota alteração na disposição do São Pedro. Vento,  por vezes violento,  prenuncia mudança  e aproximação do outono. Decerto,  tudo isto tem influência no estado de espírito das pessoas,  situação à qual não estou imune.  Confesso,  ando irritado e  irritadiço. A razão para tal,  por muito que a procure,  não consigo encontrar. Enfim,  deve ser do tempo...

Por vezes sou apelidado de "chato" e  "rezingão",  sempre  a reclamar por tudo e por nada,  sempre a choramingar. São estes alguns dos comentários  que vou recebendo relativamente às publicações aqui feitas. No entanto,  não deixa de ser engraçado o facto, que hoje apercebi,  de as minhas escritas sem jeito terem resultado em mais de setenta e uma mil visualizações.  Não percebo muito disto,  já para não dizer nada mesmo, mas atrevo-me a pensar que a alguém este palavreado  serve. Para quê,  não sei,  até porque números são apenas números e eu nem sou político para me pôr  aqui a brincar com esses números.

Confesso  também,  mas isso já devem ter percebido,  que tudo o que tenha a ver com  Angola e com a descolonização,  dita "exemplar" por quem  dela beneficiou,  mexe com o meu espírito e também com o meu físico. É verdade,  fico fisicamente esgotado quando recordo as injustiças cometidas,  das quais também eu fui vítima (talvez não a maior das vítimas mas,  ainda assim,  uma vítima),  durante e após essa descolonização. Todos os dias vemos hoje notícias sobre os migrantes que fogem em massa e desespero dos seus países,  devastados pela guerra e pela fome. Mas todos parecem ter esquecido o gigantesco êxodo proveniente das ex-colónias portuguesas e que,  envolvendo uma operação de dimensão quase inacreditável para de lá retirar à força quem não tinha a cor de pele ou a cor política certas,  gerou milhares e  milhares de refugiados. Desses,  parece agora não haver memória...

As quase nove décadas de  existência que o meu corpo transporta,  misturam com frequência a memória de acontecimentos passados. Vívidas recordações acabam,  com alguma tristeza,  por revelar-se apenas uma colagem irreal de memórias. No entanto,  o grande cenário,  a ideia geral,  essas  não desaparecem. Sei bem o que aconteceu,  o que perdi,  o que não pude ganhar, o que tive de deixar. Mas enfim,  é isto a vida,  altos e baixos que não podemos evitar. O passado foi lá atrás e resta-me o consolo de tudo o que fiz e disse foi dentro de uma postura de honestidade e integridade que sempre orientaram a minha vida. Isso ninguém me pode tirar e é algo que muitos não podem dizer. A honra não se compra. Por isso,  à noite durmo descansado,  ainda que possa estar triste,  com a minha consciência tranquila. E pronto, por hoje não chateio mais...

Tá?!...

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