terça-feira, 29 de setembro de 2015

Um exemplo Universal...


                               
                                         Citações célebres de António de Oliveira Salazar...

Tinha eu ainda uns ingénuos anitos de idade, quando frequentei as aulas de "português", "história". "aritmética", "moral e educação física", na Escola Primária Oficial nº 45, em Carnide (Lisboa) e, por ter sido bom aluno, fui premiado por um trabalho que fizera, na Semana das Colónias, focando a minha Terra de Nascimento, Angola (Luanda), conforme diploma fotocopiado, anexo, o qual chegou a ser apreciado, à data, por Sua Excelência o Senhor Doutor António de Oliveira Salazar.



Como estamos em época de  Eleições Legislativas (no próximo dia 4 de Outubro), faz-me lembrar os tempos em que, envergando  a "fardeta" da Mocidade Portuguesa, em que  a fivela do cinto que segurava as calças, era o "S", alusivo à letra inicial do nome do governante, Salazar, agigantado. Aos sábados era obrigatório fazermos exercícios de índole  militar, estendendo dedo e os braços, tínhamos que pronunciar em voz alta o seguinte:

"Quem manda ??...", ao que tínhamos  que  responder... "SALAZAR, SALAZAR !."..

                               "Quem vive...?" .... ... "PORTUGAL... PORTUGAL !..."

Os tempos foram dando voltas e reviravoltas,  até que, devido a uma queda acidental de uma cadeira, Salazar veio a falecer, ocorrência deveras conhecida mas que é descrita com algum detalhe neste artigo que o Diário de Notícias publicou há tempos, mais exactamente em 2008 por ocasião dos quarenta anos passados sobre o acontecimento e que transcrevo com o devido respeito:

O DIA EM QUE SALAZAR CAIU DA CADEIRA


3 de Agosto de 1968. Há exactamente 40 anos, o todo poderoso Presidente do Conselho gozava um período de férias, no forte de Santo António do Estoril, quando o improvável aconteceu. Não se saberá nunca se foi por descuido, desiquilíbrio - ou por mera debilidade da cadeira de lona. O que é certo é que bateu violentamente com a cabeça no chão de pedra. Nunca mais recuperou. Morreu dois anos depois. O regime ainda lhe sobreviveu mais quatro anos
Até à morte, a 27 de Julho de 1970, o ditador julgou que ainda governava Portugal
Uma pessoa daquelas não podia simplesmente ser vítima de um acidente tão banal, ainda por cima por mero desequilíbrio ou fraqueza de uma cadeira de praia e durante a frivolidade dos dias de férias. Faz hoje 40 anos, num dia de sol esplendoroso, o ditador de Portugal, António Oliveira Salazar, terá sido um pouco mais descuidado a sentar-se do que era seu hábito.
Salazar lançou-se sobre a cadeira de lona (tinha 79 anos, idade excessiva para descuidos) caiu e bateu violentamente com a cabeça no chão de pedra. O choque provocou-lhe um hematoma cerebral, o suficiente para limitar a sua capacidade de raciocínio, mas que passou despercebido. O próprio Salazar recusou que se chamasse um médico.
Para a História, fica a ideia de que estava distraído, a ler o Diário de Notícias, inclinando-se de forma apressada. A versão de Franco Nogueira é de que se preparava para tratar dos calos e a queda foi testemunhada pelo calista Augusto Hilário e pela governanta, Maria de Jesus. Mas há outras versões, uma das quais nem sequer tem cadeira. Em outro caso, foi a perna da cadeira que não aguentou o peso do corpo.
Mas ninguém contesta que o motivo da distracção tenha sido um interessante artigo do DN, talvez o noticiário sobre a crise da Checoslováquia, na primeira página da edição desse fatídico 3 de Agosto de 1968.
Na altura, ninguém percebeu que o fim do regime começava naquela queda tão comum e, afinal, tão devastadora. A imprensa não soube do estado de saúde do chefe de governo e as autoridades mantiveram segredo sobre este facto de rara importância política. Muitos dirigentes nem terão notado que se passara algo de anormal.
O País soube pela Emissora Nacional, mas apenas a 7 de Setembro, que Salazar fora operado a um hematoma intracraniano. A causa tinha sido uma queda da cadeira, na sua residência de Verão, no forte de Santo António de Estoril. A data do tombo não foi divulgada.
Dizia-se que na altura da queda a vítima não sofrera mais do que forte dor causada pelo choque, embora nos dias seguintes, segundo precisavam as notícias, o chefe do governo começasse a sentir problemas de visão e de movimentos. Nessa fase, a imprensa era tranquilizadora, mencionando o pós-operatório sem alarmes.
Nove dias depois da operação, às 13 e 45, um acidente vascular no hemisfério cerebral direito de António Salazar interrompeu com brutalidade todo o processo da recuperação.
Não havia alternativa senão substituir o líder. A 26 de Setembro de 1968, o Presidente Américo Tomás nomeou Marcelo Caetano primeiro-ministro (na altura, chamava-se Presidente do Conselho). O contexto da transição era difícil e foi decidido manter, para o doente no hospital da Cruz Vermelha todas as honras inerentes ao cargo de chefe do governo.
Este é um dos elementos talvez mais simbólicos do apodrecimento do regime autoritário. Salazar estava mentalmente muito limitado, mas os ministros fingiam realizar Conselhos de ministros na sua presença. O ditador julgava que ainda decidia. À queda da cadeira seguia-se o declínio de uma mente que se esvaziava, em farsa e simulacro.
Em Julho de 1970, terminou a lenta agonia. O antigo chefe de Governo, que os jornais insistiam em chamar "Presidente Salazar", como se ainda governasse, sofreu um súbito agravamento do estado de saúde, por infecção. Pneumonia ou infecção renal, insuficiências cardiovasculares profundas, a situação agravou-se de dia para dia, até ao colapso definitivo, no dia 27 de Julho de 1970, de manhã, quase dois anos depois da mítica queda da cadeira. O regime não iria sobreviver muito tempo a Salazar. Caiu a 25 de Abril de 1974 e o estrondo ouviu-se em todo o País. 


Foi depois sepultado numa simples "cova", que me dizem ser a que está nas fotos seguintes:





Sem pretender subestimar os valores organizativos em  que hoje se concentra o poder governativo do nosso País, não deixo de prestar o meu reconhecimento pela elevada conduta de honestidade, daquele que foi Presidente do Conselho, nos tempos em que eu ainda usava calções, e em que o nosso poder administrativo e governativo ia desde o Minho até Timor, e que pela sua lealdade e isento de corrupções, exemplarmente, acabou  por morrer pobre !... Paz à sua Alma....

Tá?!...

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