quinta-feira, 28 de abril de 2016

Devagar se vai ao longe...

Passam-se os dias,  sempre iguais,  nunca diferentes.  Imagino o dia seguinte,  pensando no que foi o dia anterior,  dificilmente vivendo o presente que parece jamais existir.  Tentei encontrar palavras para este sentimento no dicionário mas,  também  o  enciclopédico livro encontra dificuldades em definir o indefinível,  ou seja,  o aqui e agora. O melhor que encontrei foi a palavra " consciência". Numa pesquisa mais alargada,  em língua inglesa,  encontrei o termo " mindfullness",  que significa estar consciente de si próprio e do que o rodeia num dado instante do tempo.

Acho que todos nós temos dificuldades em concentrarmo-nos  no presente,  derivando constantemente para o passado ou para o futuro. Recordamos sempre o que fizemos naquele dia e que,  se fosse hoje,  faríamos de outra forma. Nada mais errado ! Fizemos o que fizemos porque foi o que considerámos naquele instante,  com o que sabíamos,  ser o mais correcto. Falar depois do facto  consumado é fácil,  o difícil é decidir naquele instante qual a melhor opção. Passamos o tempo a projectar o dia de amanhã sem que,  na verdade,  tenhamos verdadeiro controle no que vai suceder. Assim,  esquecemo-nos todos os dias de viver o presente.

Para onde vamos,  de onde vimos ?
Sentado no sofá,  ao ver  um carro passar,  recordo o Morris 1300 que tive em tempos. Em sequência relembro a viagem a Inglaterra onde fui buscar o dito,  o despacho num barco em  direcção a  Angola e,  finalmente,  o contrabando,  em tempos de "exemplar descolonização" do estimado carrinho, empacotado entre cachos de bananas, num avião Jumbo,  de regresso ao continente Europeu.

O olhar vazio perde-se no infinito  do tempo.  Por um instante percebo onde estou e quando estou,  para logo a seguir me perder em nova divagação,  desta vez em direcção ao futuro. O que vou comer ao almoço  ainda distante,  o que me aguarda no jantar ainda mais longínquo ?

E assim passam os dias. Até quando ?

Tá?!...

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