quarta-feira, 11 de junho de 2014

Uma terra de contrastes...

Todos os dias sou confrontado com as caracteristicas muito peculiares dos  olhanenses,  naturais de uma terra onde  "caí" sem saber muito bem como após um processo de exílio forçado pela independência de Angola,  de onde sou natural e onde trabalhei a maior parte da minha vida, sempre fazendo da seriedade e da honestidade as minhas bandeiras. Devo dizer que este amontoado de palavras que,  espero,  formam frases não pretende constituir qualquer tipo de insulto aos olhanenses,  sendo apenas uma verificação da realidade e constatação de factos.

O Olhanense é por natureza uma pessoa rude,  distante, de certa forma conflituoso e pouco dado a gestos de simpatia ou mesmo simples educação. É vulgar verificar a surpresa com que as pessoas nesta cidade encaram os gestos de boa vontade e mera simpatia educada, expressos na simples cedência do lugar na fila de uma caixa de supermercado,  a alguém com mobilidade reduzida ou com crianças. É também normal  constatar que as pessoas capazes de tais actos  beneméritos são estrangeiros ou  portugueses naturais de outras cidades. É público o estatuto negativo do olhanense face a cidades vizinhas. É normal ouvir,  quando revelamos que somos habitantes de Olhão,  o comentário malicioso " ah,  és de Olhão...".

Dizem que Olhão, fruto de políticas autárquicas  difíceis de compreender,  recebeu ao longo de muitos anos os "indesejados" provenientes de outras regiões e cidades algarvias. Famílias inteiras,  cujos membros,  na sua maioria,  não  fazem parte da população activa,  pelo menos  oficialmente,  deslocaram e fixaram-se  em Olhão, apoiadas pela autarquia. Estabeleceram-se em bairros sociais e acampamentos sem as minimas condições. Tal é assumido pela actual equipa camarária quando o actual Presidente afirma em entrevista ao jornal " O Olhanense" o seguinte:

"Quanto aos tendeiros, pretendo alterar a situação porque, de facto, reconheço que não é uma realidade agradável à vista. O difícil é conjugar esta situação com um hábito de mais de 20 anos"

Podiamos  estar aqui mais tempo a "bater no ceguinho" mas não  vale  a pena. Não se pretende ofender ninguém e se alguém se sentir ofendido é porque a carapuça lhe serve. Para além disso o verdadeiro olhanense tem também  pontos a seu favor: Amigo do seu  Amigo, a quem defende contra tudo e contra todos, fruto de uma teimosia que pode ser heróica,  capaz de tudo para atingir o objectivo a que se propõe e perseverante  no cumprir de missões que  outros julgariam impossíveis. Recorde-se os episódios do "Natália Rosa" e do Caíque "Bom Sucesso", entre outros,  reveladores da coragem  louca que o verdadeiro olhanense é capaz de revelar.

Afinal,  não há ninguém perfeito...

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