terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Episódios em África (Angola antiga)...

Isto funciona (a memória) ainda, como os motores antigos da marca Ford, em que, para se pôr o veiculo em marcha, era necessário, antes, dar muitas voltas à manivela que se introduzia num encaixe abaixo do motor, e, só após grandes esforços é que ele pegava... quando pegava !


Muitos anos antes de ter sido chamado para a tropa, a vida juvenil, era tão desigual à que se observa actualmente, pois nessa altura não havia nem telemóveis, coca-colas, sapatos abrilhantados, garrafas de -nosrefrigerantes, etc. etc., mas, mesmo assim, aventurávamo-nos a percorrer, por caminhos inóspitos, quilómetros e quilómetros, pela selva dentro, para defrontarmos peças selvagens, como leões, pacaças, hienas, elefantes, jacarés, não para caçarmos mas... para  obtermos cenários, afim de serem  fotografados e, mais tarde, com o aparecimento de instrumentos apropriados, serem  filmados.

É dessa época que ainda preservo algumas lembranças, pelo que farei os possíveis para que o tempo não as vá ceifando.












Ainda jovem, o culto religioso sempre me acompanhou, mesmo nos momentos trágicos, como o que a seguir tento relatar (de forma dialogante):-

Eu:
- ..." Zé (ocultando os nomes próprios), já encheste o depósito de gasolina na carrinha, e não te esqueças de trazer os bidons para o que der e vier ?...
-"Sim, pá, e podemos arrancar já, com a malta que nos acompanha", (eram dois amigos que nos faziam companhia, sempre, em todas as viagens).

Arranquei, ao volante, ainda a débil vela da madrugada estava colocada no parapeito do horizonte selvagem, quando, mais à frente, com  muitos quilómetros já percorridos, devido talvez aos saltos e caminhos barrentos que nos faziam pular dos nossos assentos, o motor foi-se abaixo e o carro  parou em cima de um terreno muito barrento, dificultando a sua deslocação, mesmo empurrada à custa dos nossos braços.

Os nosso esforços para pôr o veiculo novamente em circulação foram  em vão, pois  as rodas estavam  extremamente atulhadas, intensamente, na lama barrenta, provocada pelas chuvas..

Que fazer numa situação destas em que não  havia  socorros ? E a tarde, já se aproximava, com indicios de que haveria, em breve, forte trovoada !

Empurrar a viatura, não era possível, atendendo as condições em que se encontrava paralisada e atulhada.

E a tempestade lá se vinha aproximando, e o nosso medo, de ali pernoitarmos, sem sermos socorridos, era aterrador. Até que, tive uma ideia, que um Amigo veterano em viagens deste tipo, me ensinara em tempos passados:

-Assentar uma das rodas numa superfície plana, usando capim ou uma tábua e assentando um elevador - "macaco"-  nessa base plana, elevar ou fazer subir a roda de maneira que fosse possível faze-la rodar, e, foi assim, que com  um empurrão na roda, circulando-a, à força, que  se conseguiu que o motor pegasse e



... ufa, lá nos safámos e, já noite, viemos a pernoitar numa cubata, na qual fomos bem recebidos pelos seus habitantes, de quem nos tornámos Bons Amigos !


                                                              

África antiga, era assim...

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