quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Penosas abrangências ...

Por hábito, pessoa Amiga, pela manhã, costuma colocar o jornal diário "Correio da Manhã", debaixo da minha porta de entrada, pois está ao corrente das minhas dificuldades de deslocação, por motivos de saúde. Assim, logo ao despertar, lanço mão, avidamente, à leitura do referido jornal.

Desta vez, despertou-me especial atenção, o artigo que a foto exprime, "Corte nos salários".

..."Os sindicatos dos bancários estão dispostos a aceitar  temporariamente reduções salariais no BCP, caso a administração do banco se comprometa a devolver a partir de 2018 as verbas em causa, e a não avançar com despedimentos colectivos...
E adianta..
..."Segundo revelou ontem ao CM o presidente da Federação do Sector Financeiro (Febase), Mário Mourão, a proposta, inédita no sector bancário, foi aprovada anteontem durante uma reunião da Febase e entregue ontem à administração do BCP. Mário Mourão espera que na próxima semana se iniciem as negociações  formais. Segundo o sindicalista, as verbas retidas pelo "ajustamento salarial temporário deverão ser devolvidas a partir de 2018 ou assim que o banco tiver resultados positivos".

Com tanto sindicato, cheio de muito sindicalista, zeloso no que concerne à defesa dos seus, repito, SEUS, direitos, e dos Euros que entram na sua conta sem terem que se incomodar muito, para além de umas quantas frases feitas quando as câmaras de televisão estão para eles apontadas, é triste verificar que, em momentos como estes pouco apareçam e nada façam de realmente frutuoso. Para além disso, deixo no ar a pergunta: Será que os administradores das várias instituições bancárias da nossa praça estarão também eles dispostos a aceitar uma redução dos seus salários, como principais responsáveis pelos maus resultados? Eles, que acumulam, cada um, no final do mês tanto como 30 ou 40, ou até mais, simples funcionários de agência? Eles, que, quando as coisas correm bem, leia-se, quando há lucro, são principescamente bonificados com prémios e elogios de desempenho, não deverão ser também os primeiros a assumir responsabilidades, quando as coisas correm menos bem ou até mesmo muito mal?



Pois bem, Pois mal, digo eu... que sou um insignificante velhote, reformado da Banca, assustado com  semelhante texto, na medida em que me sinto com a força moral para temer o que possa daí advir, Repito, com a "força moral" pois, toda  a documentação que fotocopiei acerca do meu curriculum laboral, confirma, em toda a sua extensão, o que passo extrair da redacção, como exemplo, sobre o que a totalidade da documentação atesta, a meu favor.

Carta do Bnco Pinto &  Sotto Mayor:
"Lisboa, 20 deJulho de1982.
Vimos pela presente comunicar-lhe que, face ao seu pedido, a que os nossos Serviços Clínicos deram o acordo, foi decidido colocá-lo na situação prevista no nº 1 da cláusula 138a. do CCTVSB, com efeitos de 01.08.82".

Consequentemente deixei de receber subsídios que eram creditados mensalmente, e fui reformado com a pensão mínima, no sector, equivalente à de aprendiz na Banca.

Transcrevo, parcialmente, uma parte de uma declaração, entregue a quem de direito, na qual se pode ler:

"Atestado. José António Alves Carneiro dos Santos, licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, especialista em Psiquiatria pela Ordem dos Médicos, psiquiatra dos Serviços de Assistência Medico-Social do Sindicato dos Bancários do Norte, declara sob palavra de honra que tem vindo a observar regularmente desde 25/7/78,  no âmbito da sua especialidade, o Sr. Armando José Carmo Ferreira Baptista, portador do BI (.......) emitido em  Lisboa. Mais declara que o mesmo apresenta um quadro depressivo ansioso de evolução arrastada. Que a referida patologia tem causas reactivas ligadas ao local de trabalho actual e o impede do normal exercício das suas funções sob pena de agravamento.

(Documento assinado o original  e reconhecida assinatura no 6º Cartório Notarial do Porto)

Bem... aqui havia um historial muito desagradável para contar (que ultrapasso), porque se passava em época muito agitada, consequente de uma "exemplar descolonização" e de revolução ainda fresca, em que acabei por ser "insultado" e ver ofendidas a minha dignidade e honra, por parte de quem deveria ter tido um comportamento digno como Gerente/Responsável de uma importante Delegação Bancária.



Entretanto, decorrendo uma época em que milhares de cidadãos estavam sendo expulsos do território angolano, recorrendo à Metropole para se protegerem de "selvajarias" que estavam sendo acometidas, contra os chamados "Retornados", fiz parte da lista de Candidatos a Deputados à Assembleia da República Portuguesa, em época eleitoral - lista do PSN - com a finalidade de assumir uma protecção legal e defesa daqueles que estavam sendo vitimas da tormentosa evasão forçada de quem trabalhara, anos a fio, e nascera em solo angolano.

Não pretendo querer elevar-me a qualidade de um "Super" em matéria  administrativa e condutora de aptidões técnicas bancárias, em que cheguei a ter graus e funções directivas, bem como responsável, contabilista, em diversas outras empresas onde trabalhei, sempre a contento e laureado por altos louvores, que podem ser lidos e confirmados através da extensa documentação, que mantenho arquivada.

Ainda, em defesa de uma classe, que em todo o mundo é muito respeitada, a de ser BANCÁRIO, fui eleito, na cidade do Porto, anos atrás, para assumir (o que fiz com honra e dignidade) funções na equipa Directiva, no Conselho Fiscalizador de Contas, do Sindicato dos Bancários do Norte.

Os meus receios, talvez causados pela incerteza  do cansativo desgaste de tantas conversações, que no meio de tudo isto, não venha a ser um dos que, para reaver o dinheirinho a que vier a ter eventualmente direito, pois prevê-se que só lá para 2018 tais reduções salariais venham a ser anuladas. Se assim for... (desculpem a  ironia), os Eurositos só me encontrarão... já no caixão !...


O Autor (suportando o peso da idade)

Até mais tarde...



 Tá?!...

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