segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Em busca dos valores perdidos...

As televisões  têm hoje um papel que vai muito para além  do reportar a realidade. Na verdade,  não contentes com o papel passivo,  é frequente vermos as televisões, e não só,  exagerar nos seus apontamentos mais ou menos noticiosos,  acabando elas próprias por criar uma nova realidade.

Vem isto a propósito de algumas notícias que indicam  haver situações nos hospitais que levam  os utentes a esperarem várias horas para serem atendidos. Vários hospitais  têm  vindo a justificar tal situação com o afluxo normal mas intenso de doentes com a gripe própria da época. Penso que,  realmente, tal deve ser  normal,  devido precisamente ao maior número de gripes e constipações que afectam as pessoas por altura do inverno. Mas quem vê e ouve as notícias fica alarmado,  receoso  com o que pode suceder se tiver o azar de sucumbir a alguma maleita.

Outro exemplo é o destaque mórbido e exagerado dado por alguns programas matinais difundidos nos vários canais. É o neto que matou a avó porque ela não lhe deu vinte euros, é o marido  que matou a mulher porque ela olhou para o lado ou ainda a criança desaparecida há vários anos mas que,  sem novas pistas,  lá se lembram de a trazer de novo à baila.

Será que somos um   país de doentes condenados a espera eterna,  assassinos e psicopatas ? Não será esta uma realidade criada artificialmente apenas por sensacionalismo ?

A ideia  generalizada é de que os valores e a moral são elementos em extinção. A comprovar tal facto parece estar o sucesso de programas televisivos em que é feito uma espécie de elogio à estupidez,  quando se promove junto da juventude a imagem de outros jovens cujo único discurso se centra no número de alvos do sexo oposto ( ou então não..) com quem foram para a cama,  ou ainda a criação de falsas expectativas,  alimentadas pela ganância e concretizadas em sorteios telefónicos de valor acrescentado,  nos quais reformados ou desempregados ou ainda simplesmente desesperados gastam fortunas que não têm,  na ilusão de um prémio que nunca chega. Já repararam na quantidade de sorteios, concursos,  votações e quejandos que os vários canais difundem,  baseados nos números começados por 760 ? Imagino a mina de ouro que estará por trás  de tais iniciativas.

Chamem-me saudosista,  apelidem-me de reaccionário,   mas,  noutros tempos,  que estavam,  por várias razões,  longe de ser perfeitos,  havia uma preocupação legítima,  por vezes até exagerada,  na promoção dos valores. Camaradagem,  civilidade,  saber estar e saber ser,  tudo aspectos que hoje aparecem algo distorcidos.

Sem querer voltar ao passado,  apenas gostaria de ajudar a que possamos reflectir sobre o futuro que  queremos,  sem constrangimentos e sem limitações impostas por preconceitos moldados por um presente que frequentemente esquece o passado apenas porque sim...

Tá?!...

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