quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Mais uma deserção compulsiva...

 No Facebook encontrei publicada uma interessante carta, dirigida ao nosso Excelentíssimo Senhor Presidente da República, o Professor Aníbal Cavacop Silva, a qual reproduzo, na íntegra, abaixo:
CARTA ABERTA DE MAIS UMA QUE PARTE

Exmo. Sr. Presidente da República,

Começo hoje o meu caminho de saída. Saio do meu país levando comigo os meus trinta anos, os meus sonhos, a minha força e vontade de trabalhar. Saio do meu país escorraçada por uma economia podre e corrupta; por políticas sujas e elitistas; por políticos que há mais de trinta anos governam as suas vidas ao invés de governar o país. Onde o senhor se inclui, Sr. Presidente da República.

Começo hoje o meu caminho de saída. E deixo para trás um país que premeia o trabalho com pedidos de sacrifícios, o esforço de uns com a opulência descarada da vida de outros, os sonhos com frustração e desespero. Deixo um país a lutar pelo futuro e levo comigo a mágoa de não ficar para a luta. Mas a minha vida já esperou de mais; o meu filho de dois anos já esperou demais, já deve demais. Viver neste país tem sido uma teimosia que, para mim, termina agora.

Não sei se volto. Farei parte da grandiosa diáspora que V/ Ex.ª se farta de elogiar e louvar em folclóricos eventos, de gente que foi escorraçada do seu país? Serei um dos brilhantes cérebros em que os país investiu e que, estupidamente, mandou embora? Serei um dos repetidos exemplos daqueles que só depois de deixar o país alcançam o respeito do mesmo país que os ignorou enquanto lutavam por ele? Serei uma pessoa, mais uma, uma cabeça e um corpo a lutar num país que não é o seu? Isso, de certeza.

Deixo o meu país e sei que vou encontrar oportunidades novas e novos desafios. Mas não vo-lo agradeço. E dispenso os discursos paternalistas de que "há males que vêm por bem", de que devo receber com entusiasmo as dificuldades da minha vida porque elas escondem oportunidades imperdíveis. Dispenso esse discurso porque o meu país me retirou a possibilidade de escolha. Dispenso o seu paternalismo. A sua pena. O seu desprezo pela classe a que pertenço. Dispenso os seus discursos, os seus silêncios, as suas palavras, as suas reservas em contribuir para a governação de um país onde é Presidente da República. Dispenso-o.

Ainda assim, dirijo-me a si, porque, contra a minha concordância e o meu voto, é o Presidente da República do meu país. E tem responsabilidades, E devia pagar pela culpa que tem no estado a que as coisas chegaram. E como não paga, tem, ao menos, de me ouvir.

Começo hoje o meu caminho de saída. De si, Sr. Presidente da República que se dispensa de o ser, dispenso tudo. De si e de todos aqueles que, neste momento, encaminham o meu país para o abismo.

Ana Isabel Oliveira
 A carta, acima, escrita em bom português, permite, por esse facto, perceber a amargura que vai na alma de quem a escreveu. A tristeza por ter que abandonar o País que ama e que é o seu está bem espelhada nas palavras que escreveu, as quais dirigiu ao nosso querido Presidente da República, num  procedimento que ameaça virar moda. Se cada português que se vir obrigado a abandonar Portugal, por força das circunstâncias criadas pela actual conjuntura, decidir enviar uma carta ao Presidente, os CTT não terão mãos a medir. Provavelmente terão até que contratar mais pessoal para o efeito... enfim,  sempre pode ajudar a criar alguns empregos...
Fora de brincadeiras, é um enorme desperdício de dinheiro e recursos públicos estar a formar técnicos altamente especializados que depois irão colocar as suas capacidades e a sua inteligência ao serviço de terceiros, os quais não gastaram um cêntimo na sua formação. Isto é ainda mais escandaloso quando pensamos  nos milhares de milhões de euros que desaparecem em buracos sem  fundo e que poderiam e deveriam ser utilizados para criar riqueza, emprego e evitar a interferência de Troikas na nossa soberania. Por este andar,  qualquer dia só cá ficam os políticos e reformados, os quais só não fogem porque as suas miseráveis pensões não lhes permite. E aí ficariam só os políticos a governarem-se a si mesmos,  coisa  que de resto já fazem...

Nesta publicação são feitos vários comentários. Alguns despertaram a minha atenção e passo a citá-los:


 Pois é, será que depois de um processo de descolonização desastroso iremos ter uma vaga de emigração, igualmente desastrosa ? A dor de abandonar a terra Natal, essa é a mesma...

As pessoas,  talvez derivado da actual situação de crise parecem andar de cabeça perdida e dizem coisas cujo sentido é nulo. O que é isso de ser Retornado ? Um Retornado é tão português como qualquer outro cidadão que nunca tenha saído de Portugal, Continental e Ilhas. A diferença é que o Retornado foi obrigado a abandonar a sua terra, que também ela era Portugal, deixando para trás bens materiais  e imateriais, como sejam as amizades, os amores e o apego a uma terra onde sempre viveram. Agora são tão portugueses de Portugal como qualquer outro. Porque raio iriam ter interesse numa qualquer vingança contra Portugal ? A vingança seria apenas contra si próprios... Quem faz um comentário como o acima reproduzido deve andar a ver demasiados filmes e imagina na sua cabeça alguma teoria  da conspiração sem sentido. Tenham juízo e preocupem-se com o que é realmente importante para que Portugal saia,  graças ao esforço de Todos, da situação entristecedora em que se encontra...

Tá?!...

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