sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Volta, Salazar ! Estás perdoado !...

O título desta publicação não é do agrado de muita gente. Muitos chamar-me-ão "reaccionário", seguramente. Sê-lo-ei ?

António de Oliveira Salazar
O regime Salazarento tinha, indubitavelmente, tal como qualquer outro regime  totalitarista, enormes limitações no que à liberdade individual, e colectiva, diz respeito. Do ponto de vista do ditador e do regime que este encabeça esta é uma atitude lógica,  pois visa proteger esse mesmo regime do assalto ao poder  por parte de terceiros. O regime em si terá, no entanto,  a virtude de concentrar num só individuo toda a responsabilidade  da gestão de um país e a tomada de decisões que norteiam a orientação política,interna e externa,  dessa nação.O perigo dessa concentração de poderes reside no potencial abuso decorrente desse controlo absoluto, o que,  convenhamos, é uma enorme tentação... No entanto, um governante inflexível  no rumo a dar ao seu  "barco" pode permitir os  habituais   lobbies e grupos de interesse que orbitam em torno das equipas governativas, a prazo, características de um regime democrático.

No que se refere aos regimes ditos democráticos, em que o cidadão vive na alegre ilusão do poder de escolha de quem o governa  e na ainda maior ilusão de liberdade (já lá vamos...), os sucessivos governantes e governos, eleitos em alternância mais ou menos programada e previsível, vivem as suas legislaturas com a espada de Dâmocles permanentemente suspensa sobre as suas iluminadas (assim o dizem...) cabeças. Este facto torna-os mais permeáveis a pressões dos grandes grupos económicos que controlam o mundo financeiro e,  por arrasto, o mundo da política. Estes governantes veem-se frequentemente obrigados a ceder a esses interesses pois  sentem-se "obrigados" a aproveitar o melhor que podem o poleiro que ocupam por tempo mais ou menos indeterminado...

A liberdade:será que temos ? Hoje, ao contrário do que sucedia no tempo de Salazar podemos escrever e dizer quase tudo. Este "blogue" é disso prova. Noutros tempos já teria, há muito, a famosa PIDE à porta. Mas não será esta liberdade uma "cenoura" com que acenam ao Zé Povinho, como que dizendo "...deixem-nos para lá dizer umas parvoíces, publicar uns textos no  Circo da Internet,  fazer umas manifestaçõezitasenquanto nós controlamos tudo daqui e continuamos a encher os nossos bolsos e os dos nossos amigos,  bolsos esses sem fundo...". Geração após geração, os políticos que nos governam, e não só em Portugal, provêem dos mesmos núcleos de interesse, eventualmente até das mesmas famílias. Não será isto uma ditadura encapotada ?

A ilusão da liberdade de escolha....
A ilusão da escolha: hoje vamos ao supermercado e imaginamos que podemos escolher aquilo que  queremos comprar. A verdade é que as várias marcas,  que julgamos independentes, são na verdade propriedade de dois ou três grandes grupos que controlando o mercado, controlam a economia e, consequentemente, os governos e, em última análise, o cidadão comum.

A evolução da dívida pública portuguesa nos últimos 160 anos
Salazar é frequentemente acusado de ter deixado que Portugal entrasse numa espiral de subdesenvolvimento, fruto de uma política económica demasiado receosa no que ao investimento público diz  respeito. Uma politíca bafienta, diziam...Talvez assim seja. Mas as contas estavam equilibradas. Será o esbanjamento e o gastar o que não existe uma alternativa viável e até admissível ? Do início da década de trinta até 1974 o défice público manteve-se estável. A partir de 1974, disparou descontroladamente. Coincidência ?

NOTA: Ver artigo no"Jornal de Negócios",  sobre  100 anos de finanças públicas em Portugal.

P.S. - Esta publicação contou com a estimada e valorosa colaboração de um amigo, o Sr. Luís Ribeiro, com o qual tenho privado desde há um ano e qualquer coisa, e que é, definitivamente, o responsável por este "benéfico" envenenamento bloguista que me atingiu.

3 comentários:

  1. O que posso dizer? Bem, talvez um pouco mais de sensatez, muito menos ganância e uma justiça bem mais justa poderia resolver a situação. Enquanto isso, continuamos a penar com os BPN's, as PPP's e similares. E a caravana passa e os cães ladram...

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  2. há quem diga que havia analfabetismo e atraso em Portugal. hoje há telemóveis, MEO's e mais telefones que habitantes. Não havia estradas, hoje há scuts vazias. Havia escolas e hoje há outras escolas recuperadas de escolas que foram quase pré fabricadas na década de oitenta e nessas escolas alunos que sabem as letras mas não sabem ler e muito menos escrever. há muita coisa hoje e ainda bem... falta é bom senso. se isso aparecer então aí sim, será perfeito

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  3. "visa proteger esse mesmo regime do assalto ao poder por parte de terceiros" , e proteger muito mais o País do assalto ao poder por desqualificados como esses que logo trataram de chegar ao poder , como sabe na constituição do estado novo o presidente podia demitir o presidente do conselho .
    "O perigo dessa concentração de poderes reside no potencial abuso decorrente desse controlo absoluto, o que, convenhamos, é uma enorme tentação." é comparar o potencial abuso com o abuso efectivo de hoje e escolher .
    "A liberdade:será que temos ? " , julgo que a que temos em casa com trancas fechadas não conta , por isso não sei onde mora mas é só andar em certas linhas de comboio e vai ver que talvez não tenha assim tanta liberdade , sem segurança não existe liberdade nos tempos que correm .
    "ao contrário do que sucedia no tempo de Salazar podemos escrever e dizer quase tudo. Este "blogue" é disso prova", só dei uma vista de olhos e não me parece que tivesse problemas depois não se esqueça que já está em 2013 , repare o estado novo é igual entre o começo e o fim ? depois pense nisto , nunca ouviu dizer ah esta musica era uma critica ao estado novo , aquele livro idem , o tal poema idem , etc . afinal em que ficamos ?não é verdade que a vermelhagem e afins também se safou ? e estão eles ou não estão bem ? e nós estamos ou estamos melhor ? por vezes há assuntos que devem levar uma censura positiva , pense nisto, um inventa uma maneira de meter gás num multibanco e ficar assim com umas massas , o que fazem os telejornais ? não dizem logo como foi e como havemos de fazer ? por vezes cheios de pormenores , quantos não foi assim que souberam ? porque não dizer apenas do roubo sem pormenores ?
    "A ilusão da escolha: hoje vamos ao supermercado e imaginamos que podemos escolher aquilo que queremos comprar" , o certo é que tinhamos frota pesqueira e agricultura e ainda uma industria nacional e hoje ? ah não se esqueça que tudo o compra é mais 23% ( é ou não é democratico ?) o que não faria Salazar com este dinheiro (muito dinheiro) ?
    "Salazar é frequentemente acusado de ter deixado que Portugal entrasse numa espiral de subdesenvolvimento" como assim ? não foi no estado novo que se fez essas empresas que agora a democracia vende a particulares ?
    "as contas estavam equilibradas." não só equilibradas como Portugal apenas cresceu neste tempo , procure na net que vai achar um gráfico , chegamos a crescer 8% só por exemplo a china cresce nestes valores e agora ? 0,01 ?0,02/3? não mais que isto !
    Já agora o anónimo aqui de cima diz algo como "não havia estradas " será que queria escrever não havia estradas com portagens ? caso contrario as edicções avante não é o melhor para ler !depois diz hoje há telemóveis , será possivel que julgue que temos coisas assim por vivermos em democracia ? muito gosto , cordiais cumprimentos .


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