quarta-feira, 21 de maio de 2014

Senhores do Destino...

Durante a nossa existência deparamo-nos com situações limite,  perante as quais impomos o nosso livre arbítrio,  ou seja,  é-nos permitido escolher como reagir,  o que fazer ou simplesmente ignorar. Há quem  passe pela vida vivendo-a,  outros há que preferem deixar a vida passar, escolhendo ignorar os problemas,  principalmente se esses problemas forem problemas dos outros.

Vem esta prosa a propósito do ocorrido num espaço de restauração onde me dirijo com alguma frequência. Estava eu,  no meu canto a degustar a minha refeição de meio-dia quando assoma à porta do estabelecimento um homem de ar andrajoso,  que alguns classificariam como um sem abrigo,  um pária da sociedade. Enquanto a maioria preferiu ignorar,  houve alguém que,  acto continuo,  se levantou e,  dirigindo-se ao balcão,  trocou algumas palavras com as funcionárias. Momentos depois foi-lhe entregue um saco,  presumivelmente com comida,  que  transmitiu ao homem que ainda se encontrava à porta. Este,  surpreendido,  aceitou a oferta e partiu. Algum tempo depois regressou com o mesmo saco, agora vazio,  mostrando agradecimento e tentando provar que toda a comida tinha tido o melhor aproveitamento. Triste foi ver o ar de complacência repugnante da maior parte das pessoas e a atitude da proprietária que  expulsou o indigente daquele espaço.

Tal atitude demonstrada pela Jovem ( minha familiar -néta) muito me emocionou pois recordou-me a saudosa Esposa,  também Ela  capaz de actos de altruismo e humanismo semelhantes. Tal como a Jovem em apreço,  também a minha Esposa era incapaz de ficar indiferente à dor alheia. Em contraste com o cinzentismo da atitude da maioria dos presentes,  aquele acto de partilha,  de querer para os outros o que se deseja para si e materializar esse querer numa acção visivel e com consequências  no mundo real e impacto na vida de alguém,  foi como um raio de sol no meio de uma tempestade de indiferença e pessimismo.

Uma palavra para a proprietária do espaço: compreendo a atitude,  de preservar o bem estar dos seus clientes e, consequentemente,  garantir o seu ganha pão. No entanto,  é triste ver que chegámos a um ponto em que parece quase aceitável "enxotar" outros seres humanos cujo único pecado, até ver, é uma triste história de vida que os colocou numa situação a qual, seguramente,  seriam eles os primeiros a evitar, se pudessem...

Podermos escolher é um privilégio. Aproveitemo-lo. Podemos escolher olhar e ignorar ou olhar e actuar. A minha escolha sei qual seria. E a vossa ?

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