sexta-feira, 24 de abril de 2015

Um lapso de tempo...

Parece que foi ontem, mas já passaram mais de três anos desde que o texto abaixo  foi publicado sob o título "Movimentos históricos". As circunstâncias nas quais elaborei o texto não recordo exactamente mas a história está bem clara na minha mente,  como se fosse hoje. É curioso como posso não me lembrar do que foi o mata-bicho  matinal,  mas as memórias de há cinquenta ou sessenta anos permanecem intactas. Os neurónios,  já cansados,  não dão para tudo e parecem,  por iniciativa própria seleccionar a informação que mais me toca.  Não é que o presente não tenha importância,  mas,  a bem dizer,  os melhores anos já estão um pouco longe. 

Na história que recordo hoje,  a fazer lembrar  um filme de espiões,  sem saber muito bem como,  vi-me envolvido numa "caça ao  homem",  em que o "caçado",  afinal,  era eu. Assim,  sem me aperceber,  dada a minha ingenuidade,  livrei-me de boa,  numa época em que as perseguições irracionais ocorriam  todos os dias.

Aqui fica então a recordação de um momento pessoal mas,  por retratar  uma  época,  é também um momento histórico...


 
Um apontamento com características  curiosas...

Num período debilitado pela insegurança e de ausência de  meios  hospitalares suficientes para tratamentos  especializados, o corpo Directivo, à data (Agosto de 75), do Banco onde exercia  profissionalmente o cargo de Chefia da Contabilidade - Banco Totta-Standard de Angola - concedeu-me, a meu pedido,  autorização para me deslocar a Lisboa, por tempo determinado, para   me submeter a tratamentos especializados. A condição  imposta pelo Banco era que seriam  de minha conta, todos os custos inerentes  a essa deslocação, inclusive até que o bilhete de passagem aérea, Luanda/Lisboa/Luanda seria  na totalidade suportado por mim , sem direito a qualquer comparticipação por parte do Banco.

Foi, portanto, dentro destas imposições, que fui ao balcão da TAP, comprar, do meu bolso, o bilhete de Ida e Volta,  Luanda/Lisboa/Luanda  que  ainda o retenho.

No dia do embarque, dadas as minhas condições  físicas de deslocação, e, por ter no meu meio familiar um gestor das instalações do aeroporto, foi-me facilitada a entrada no avião, isentado-me das complicadas operações nos "check-in".

Levantado voo, sem problemas, sobrevoámos a cidade. de Luanda, com destino a Lisboa, onde desembarcámos sem termos sido sujeitos a quaisquer formalidades adicionais.

Foi,  ao longo do percurso que, de automóvel,  nos conduzia a casa, que tomei conhecimento do seguinte acontecimento, que um familiar ligado aos meios de navegação aérea, me segredou;.

"Chefe, quer saber o que o piloto do avião que o transportou me contou?  Vínhamos já com a costa algarvia à vista quando recebemos ordem  vinda de Luanda, para regressarmos ao aeroporto de Luanda, antes da aterragem em Lisboa, ao que o comandante respondera não satisfazer tal ordem, porque além dos 500 passageiros que vinham a bordo do avião, não havia combustível  suficiente que desse para o retorno.


E acrescentou : "Pelas características e dados recolhidos , deduzimos que o passageiro que eles queriam  apanhar, era Você, Armando...". Vá-se lá saber porquê...

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