sexta-feira, 21 de junho de 2013

Visões do futuro...

Vão quase 86 anos que este narrador veio a este Mundo,  lá por terras de África,  na cidade de Luanda, então a maior Metrópole da Colónia Portuguesa de Angola. Numa infância feliz,  imaginava um mundo em 2013. Via carros voadores,  comboios a jacto e passadeiras que se moviam para transportar as pessoas de um lado para outro, quase sem esforço. 
Imaginava um mundo sem guerras, crianças sem fome, escola para todos. Pensava que no, então, distante ano de 2013 os seres humanos tinham criado juízo e decidido acabar com a inveja, a soberba, a corrupção e mais uns quantos pecados mais ou menos mortais.
Na minha inocência  juvenil cria que o dinheiro em vez de  mover invejas movia o mundo, mas na direcção da Paz e da concórdia. Na altura, oitenta e poucos anos pareciam uma eternidade, tempo mais do que suficiente para que tudo o que imaginava se pudesse vir a concretizar.
O Autor...
Hoje o que vejo nada tem a ver com o meu sonho de menino. Quando ligo a televisão, o que acontece cada vez menos, o que me é dado  a ver não é animador. É a crise, é o dinheiro que devia existir mas que afinal desapareceu, roubando o presente e o futuro a novos e velhos, é a guerra que continua a matar inocentes (danos colaterais, dizem eles...), são as manifestações e protestos por um mundo melhor, mais justo e capaz de proporcionar uma vida digna a todos os que têm a (in)felicidade de por cá andar. A minha experiência diz-me que nem era muito difícil. Bastava fazer o que é correcto, ou seja, viver  com simplicidade mas de forma digna, amando os outros como nos deveríamos amar a nós próprios.
Na minha meninice não imaginava a solidão de ser velho, o desgosto de ver partir aqueles e aquelas que sempre estiveram a meu lado. A despeito da amizade de muitos, a velhice é um acto de solidão,  apenas atenuado por alguns momentos de alegria que, por vezes, me parecem mais e mais raros. E aí penso "... mas o que ando aqui ainda a fazer ?..."
As gerações mais novas, imersas nas tecnologias,  parecem querer esquecer o passado e os ensinamentos de quem cá está há já muito tempo. Temo por eles... Já Victor Hugo dizia:

"A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma rapariga, a miséria de um velho não interessa a ninguém."

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