quarta-feira, 12 de junho de 2013

Professores contra alunos ?...

O ano lectivo nas escolas portuguesas está a queimar os últimos cartuchos.  Para a maioria dos alunos esta é última semana de aulas. Depois,  até ao final do mês,  se tudo correr normalmente,  será tempo de exames a nível nacional. Há no entanto,  ao que parece,  fortes possibilidades de que as coisas não corram de forma tão normal. Os professores ameaçam fazer greve em dia de exames. Ao que  ouvi dizer, parece que já estão em greve às reuniões de avaliação dos alunos,  as quais,  em muitos casos não se têm realizado.

É fácil dizer  que os Professores são uns malvados.  Esses desgraçados têm um ano inteiro para fazer greve e vão fazê-la precisamente quando os coitados dos alunos,  que não têm culpa nenhuma,  têm os  seus exames decisivos.  É  isto que o Governo,  na pessoa do Ministro da Educação,  tem vindo a fazer.

Mas nem sempre o que é fácil é correcto. Ao que sei os Professores,  a despeito de avaliação a que são periodicamente sujeitos,  têm a sua progressão na  carreira congelada e,  por via disso,  não são aumentados há pelo menos meia dúzia de anos, para além de toda a injustiça que a situação acarreta.

Entretanto o numero de alunos por turma aumentou substancialmente e agora o Governo pretende impor um horário de quarenta horas. Este horário ainda não se percebeu  se é lectivo. Se assim for é ridículo. Hoje os Professores entre aulas, correcção de testes,  fichas  e trabalhos, ocupam,  na sua maioria,  bem mais de quarenta horas...

A defesa dos Professores é a defesa da educação e,  consequentemente, dos alunos. Gastaram-se milhões e milhões em obras tão necessárias em escolas quanto  megalómanas.  Desde mármores, passando por candeeiros desenhados por arquitectos de renome,  até sistemas de climatização que nunca são ligados,  tal o consumo energético que implicam,  tudo foi à grande. Esqueceram-se  foi das pessoas que devem utilizar  essas instalações...

Notícia de Última Hora
O Colégio Arbitral que decide as questões relacionadas com greves decidiu que não há lugar a serviços mínimos. O Ministro Crato diz que as datas dos exames são para manter. Vamos ver no que isto vai dar...

Entretanto meditemos sobre o desabafo, lúcido, de uma Mãe cuja descendência vai realizar exames...

A Greve dos Professores: Desabafo…


A minha Teresa está no 12º ano e como milhares de alunos no país terá exames nacionais, cujos resultados terão reflexo no prosseguimento de estudos. Ontem, em família discutíamos as consequências da greve dos docentes e as conversas tidas na escola por parte dos colegas e professores. Que confusão de ideias, que demagogia, que ausência de pensamento crítico! A greve dos professores é mais do que justa e quer os pais quer os alunos deveriam estar unidos nesta luta. A greve dos professores não prejudicará os alunos... os alunos é que estão a ser prejudicados pela incompetência dos nossos governantes. Claro que o efeito da greve será sentido e terá consequências. Será que os pais dos alunos não sabem que os professores também são pais? Que pais gostarão de prejudicar os filhos? A greve é usada como último recurso: quem se dá ao luxo nos tempos que correm de perder um ou mais dias de salário...
Estou indignada com as afirmações do Presidente da República e com a falta de determinação do ministro da Educação que só tem uma saída: ou enfrenta o Gaspar ou demite-se! Os nossos governantes são tão incompetentes e demagogos que não são capazes de enfrentar os bois pelos…. Isto é, nem assumem a sua intransigência e apresentam uma proposta de como irão resolver a situação dos alunos que não realizarem o exame, preferindo chantagear os professores colocando os pais e a opinião pública contra os docentes. Mas nada disso é por acaso: trata-se da implementação de concepções ideológicas que não defendem a igualdade de oportunidades para todos, que cria uma sociedade menos justa e não promove a educação e o sucesso escolar.
Estas medidas como a mobilidade vão destruir famílias. As 40 horas são uma falácia. Como em todas as profissões há bons e maus profissionais. Mas qualquer bom (não disse muito bom) professor já o faz fora do tempo lectivo: em casa, à noite ao fim de semana e ainda por cima com os seus próprios recursos materiais.
Mas voltando ao princípio: Depois de conversarmos (pai, mãe e filha), ficámos tranquilos: se a nossa filha não fizer exame no dia marcado ou se a reunião de avaliação não se realizar no dia previsto, e for "prejudicada", a culpa não será dos professores. Com eles estamos solidários.
A greve dos professores é mais do que justa e quer os pais quer os alunos deveriam estar unidos nesta batalha que caso seja ganha, não só os professores sairão vitoriosos mas também o sistema educativo e o futuro do nosso país.
Convido o Sr. Ministro da Educação e a população em geral a visitar Constância no próximo sábado, domingo e segunda (feriado), durante as Pomonas Camonianas e a observar o trabalho dos professores e da comunidade educativa. Poderão in loco verificar que afinal os professores gostam dos alunos e… até trabalham sem auferirem horas extraordinárias...

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Post Scriptum - Este texto foi escrito com a ajuda preciosa  de Alguém que, com a sua elevada competência,  me tem acompanhado nestas aventuras bloguistas. A Ele agradeço, pois dificilmente conseguiria organizar e apresentar as informações que  aqui fui dispondo.

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