sábado, 15 de fevereiro de 2014

Os prós e os contras...

O Alentejo é conhecido pelas suas vastas planícies,  outrora plenas de enormes cearas,  hoje terra de regadio graças ao milagre da barragem do Alqueva. É terra também de um povo que parece fechado sobre si próprio mas que,  com o hábito, se abre ao visitante,  mostrando uma enorme generosidade e uma hospitalidade única. Uma terra pobre cheia de "rica" gente.

A  pobreza material poderá vir a ser coisa do passado. Desde 2013 que uma empresa canadiana de exploração de minério de ouro promete construir um complexo para extracção do metal precioso. Tal iniciativa pode constituir uma agulha no enorme palheiro do desemprego que afecta a região.  Inúmeros postos de trabalho podem vir a ser criados e, com estes,  criada também riqueza. Claro que o ouro, esse, deve ir todo lá para  fora,  mas,  numa região tão
carenciada no que ao emprego diz respeito,  esta pode ser uma oportunidade para pôr os alentejanos, com fama de preguiçosos,  a trabalhar. Sem querer ofender,  e para quebrar o gelo,  que lá fora está frio,  recordaria aqui uma famosa anedota de alentejanos:

Sabem o que o alentejano faz ao fim de um dia de trabalho ? Tira as mãos dos bolsos ...

Brincadeiras à parte,  até porque tal anedotário é de todo injusto para com o povo do  Alentejo,  seria meritória iniciativa a criação de postos de trabalho que uma mina de ouro e sua exploração podiam proporcionar.

É este o futuro do Alentejo ?..Merece muito mais melhorias....
Claro que nem tudo são rosas. A exploração do ouro é uma das indústrias  mais poluentes devido à utilização maciça de metais pesados,  como o mercúrio,  para extracção e processamento do precioso metal. Tais poluentes representam séria ameaça ao solo e subsolo,  com contaminação mais que provável de reservas e cursos de água,  assim como culturas agrícolas,  fauna e,  eventualmente,  até o próprio ser humano. Tais complicações, diz quem sabe, poderiam prolongar-se por dezenas de anos,  mesmo após terminada a extracção. Reservas de água e conteúdo do solo teriam que ser permanentemente vigiados.  O programa  Biosfera,  emitido pela RTP,  apresentou há tempos uma excelente reportagem sobre o assunto. Esta pode ser visualizada AQUI.

Será que a riqueza  temporária  compensa os problemas ambientais e de saúde pública que se podem prolongar por muito e muito tempo ? Será que não deveríamos consultar a população da região afectada,  expondo previamente os prós e os contras ? Poderá ser encontrada  uma,  ou várias, soluções alternativas,  com recurso a outras riquezas,  como o turismo ainda sub-explorado na região alentejana,  nomeadamente tirando maior partido do enorme espelho de água da lagoa do Alqueva ? Teremos legitimidade para hipotecar o futuro dos nosso descendentes,  em prol de um lucro que pode bem nem ficar por terras portuguesas ?

Num mundo perfeito,  o ouro brilha. No mundo real,  esse brilho pode ser momentâneo e longínquo. A decisão não é fácil,  por isso, pede-se a quem de direito que tenha o bom senso de tomar a decisão adequada,  tendo em conta algo mais do que apenas o óbvio, o material,  ou seja,  o dourado €uro...

Tá?!...

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